Oito anos depois, dias atuais.
Além do breve silêncio que era quebrado apenas pelo som das roupas que deslizavam pelo seu corpo podia se ouvir o som dos dedos de Wei Wuxian batendo impaciente sobre a mesa, ainda como se todo o tempo do mundo que nunca esteve ao seu favor agora estivesse, ajeitou sua gravata para depois passar as mãos sobre os fios curtos de seu cabelo, antes de finalmente se afastar em direção ao impaciente Wei Wuxian que agora se encontrava de pé.
Sem dizer uma palavra ambos caminharam para fora do quarto tendo acesso ao longo corredor do luxuoso hotel que estavam hospedados aquela noite, entraram em silêncio no elevador vazio permanecendo assim até chegar ao térreo e serem recebidos por sorrisos calorosos das recepcionistas que não se abalavam tão fácil pela expressão fria que recebiam em troca, já que Wei Wuxian parecia mais um sol radiante quando decidia sorrir, ele fazia bem a parte de bom anfitrião por ele.
O carro parou em frente a eles que adentraram deixando o hotel indo a caminho do grande baile que provavelmente estava prestes a alcançar seu auge, poderia dizer pelos minutos contados no ponteiro do relógio em seu pulso que talvez eles estivessem um pouco atrasados, questão de milésimos ou segundos.
— Isso é conveniente? — Wei Wuxian perguntou encarando as ruas iluminadas pelas luzes dos postes.
— Deveria ser? — Ele cruzou suas mãos sobre seu colo — Não é como se fosse uma festa de boas-vindas.
— Boas-vindas ao que? Em todo caso você morreu ou desapareceu — Encarou o mais velho.
— Morrer soa mais reconfortante — Olhou para seu relógio novamente — Se morre várias vezes ainda estando vivo e se vive várias vidas estando morto.
Não houve um tempo para resposta, o carro parou em frente a enorme mansão movimentada por veículos que entravam e saíam pelo portão principal e por pessoas que zanzavam pelos jardins, desceram do carro recebendo olhares curiosos, mas que foram ignorados por eles que caminhavam de maneira firme até a entrada da casa, havia realmente muitas pessoas, comida e bebidas, algumas risadas suaves eram dispersadas pelo salão por pequeno grupos de abutres que conversavam entre si, Wei Wuxian teve uma breve troca de olhares com o mais velho antes de adentrarem ainda mais pelo enorme salão indo em direção a mesa de bebidas.
— Devo pegar algo forte? — Wei Wuxian se perguntou — Preciso me embriagar para aguentar tudo isso.
— Se embebedar não diminui o fato de estarmos aqui — Rodou a taça de champanhe que havia pegado entre seus dedos — Apenas aproveite o ambiente e a festa.
— Seu champanhe parece batizado, não aceite nada de estranho mesmo que ele seja o garçom — Wei Wuxian sorriu ao ver o mais velho revirar os olhos. — Olhe só, ele veio pessoalmente, você realmente chamou a atenção.
Wei Wuxian ajeitou sua postura ao ver o patriarca da família Lan se aproximar para cumprimentá-los com um breve sorriso pretensioso nos lábios.
— Eu dou as boas-vindas a ambos — Lan Qiren disse fazendo uma breve reverência — Espero que estejam aproveitando a reunião.
— Está bem agradável e devo ressaltar o bom gosto em cada pequeno detalhe escolhido para esse evento — Wei Wuxian sorriu.
— Isso é ótimo, deixarei que aproveitem a noite — Disse antes de se afastar.
— Ele não mudou, ainda continua cheio de si — Wei Wuxian deixou o copo em sua mão sobre a mesa.— E vivo.
O mais velho também deixou a taça sobre a mesa antes de seguir com seu irmão em seu encalço para o meio do salão, conversaram entre si e com alguns convidados que os cumprimentaram em busca de possíveis negócios e até mesmo casos além de um acordo de trabalho. O baile finalmente havia alcançado seu ápice, os futuros donos do Império Lan desceram a escada principal para darem boas-vindas aos convidados e comemorar o próspero casamento do mais velho dos irmãos, Lan Xichen com Meng Yao, o filho mais novo dos Jin.
— Isso foi uma longa espera, mas aqui está querido irmão, a sua grande vingança — Wei Wuxian estendeu os braços em direção aos Lan que se encontravam ao pé da escada.
— Realmente querido irmão, um longo tempo — Jiang Cheng sorriu.
[....]
O doce e pequeno sorriso vitorioso não saia dos lábios de Meng Yao que ao descer as escadas de mãos dadas com Xichen se viu em um pequeno paraíso interno, todas aquelas pessoas que antes o tratavam com certo desprezo agora se jogavam aos seus pés para lhe bajular e mendigar um pouco de atenção e nada parecia tão satisfatório quanto aquilo para seu ego.
Foram longos quatros anos para conseguir um mísero de atenção de Xichen que ainda parecia desamparado com a morte infeliz de seu ex namorado que não passava de um ninguém, e depois de uma certa insistência e uma pequena ajuda de Lan Qiren, finalmente tinha o mais velho em suas mãos como sempre deveria ter sido.
Não havia um pingo de remorso em suas ações passadas que para ele não passavam de medidas necessárias para ter o que precisava e como alguém audacioso poderia até driblar o maldito Karma que de alguma forma seria algo para amaldiçoar os seus dias.
O que certamente aconteceria de alguma forma ou de outra, mas tão cedo era inevitável e ele sabia disso e era quase loucura acreditar que poderia trapacear sobre o karma, seria como tentar fugir da morte a enganando, e quando os passos confiantes seguiram em sua direção o presenteando com um sorriso caloroso um suave gosto amargo preencheu sua boca desmanchando o sorriso que estava sobre seus lábios, era quase como se tivesse mordido a língua e um leve corte deixasse escapar um pouco de sangue.
Era cruel e um pouco injusto, mas ele ainda podia sentir o amargor aumentando em sua boca lhe tirando levemente do eixo.
— É um prazer revê-los — A voz agora um pouco mais aveludada disse — Já se faz um bom tempo
—Desculpe — Xichen disse ao seu lado — mas não consigo reconhecê-lo.
— Não há problema, eu me apresento, Jiang Wanyin, mas costumavam me chamar de Jiang Cheng.
O leve sabor em sua boca realmente lhe lembrava sangue.
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Você Vai Se Arrepender De Ter Me Conhecido - Xicheng. (EM REVISÃO)
FanficDedicado(a) : @Blue_Sea91 Ódio não era algo que rondava sua mente não no início quando ainda acreditava que amar era suficiente, não acreditava que alguém poderia ser tão estúpido e cruel ao ponto de lhe arrancar tudo apenas por um desejo ambicioso...