Capítulo 21

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 Talvez fosse mesmo uma má ideia reunir duas pessoas que se odeiam em uma mesma sala, os olhares que caiam um sobre o outro tinham um toque suave de cinismo e uma pequena dose de ameaças não veladas a voz alta, mas que o mais velho desejava que não chegassem a se cumprir algum dia, deveria ser mais fácil apenas falar o que precisava ser dito e irem embora porém estavam ali a um bom tempo em um impasse. Xichen suspirou alto tentando manter a calma, a mesma calma que Cheng tinha diante das palavras duras que Meng Yao lançava sobre si a cada pequena oportunidade, recebendo em troca apenas um breve olhar de desprezo.

— O motivo de estarmos aqui hoje, é porque quero decidir sobre os encontros de Jingyi com você — Xichen pronuncia sem olhá-lo nos olhos — Eu quero que isso funcione de uma forma justa.

— Eu ainda acho que isso esteja sendo um pouco de mais — Meng Yao interpôs — Ele não é um homem confiável para estar sozinho com Jingyi.

— Nesse caso, ele não estaria sobre o mesmo teto que você — Cheng o encara — Respirando o mesmo ar, tendo que lidar com a sua presença. Mas não quero prolongar essa discussão, o que Xichen decidir estarei de acordo, só quero estar perto do meu filho.

— Não quero levar isso à justiça, expor nosso filho a presença de um juiz e um advogado — seus olhos se encontram pela primeira vez desde que estavam ali — Então acho que como adultos podemos resolver isso.

— Como eu disse, não quero que isso vire uma discussão fútil — suspira — E entendo perfeitamente seu ponto, e o que decidir por nosso filho está de acordo para mim.

Meng Yao se sentiu deixado de lado, seus punhos apertados por baixo da mesa desejando acabar com Cheng naquele momento.

— Eu também faço parte dessa decisão, eu estava lá quando Xichen cuidou dele sozinho — cuspiu com raiva — E não concordo com essa decisão absurda.

— Meu Deus, apenas pare de ser tão mimado? — Cheng colocou a mão em suas têmporas.

— Xichen por favor, me escute — segura o braço do mais velho — Isso não está certo...

— Meng Yao chega! — seu tom de voz se altera — Estou cansado de toda essa implicância com Cheng, ele é pai de Jingyi tem todo o direito de vê-lo e de estar perto, não vou proibi-lo e muito menos negar um desejo de meu filho. Então pare de agir como uma criança birrenta e aceite a decisão que eu irei tomar, não quero ter que repetir isso novamente.

Xichen volta seu olhar para Cheng, o mais novo o encara as orbes violetas brilhando levemente em uma pequena felicidade.

— Jingyi passará uma semana de cada mês com você, preciso que venha buscá-lo domingo pela manhã e o deixe no próximo domingo à noite.

— Perfeito, quando poderei buscá-lo?

— Hoje mesmo, o mês está acabando e Jingyi não irá esperar até a próxima semana — sorriu — Ele está arrumando uma bolsa com tudo que precisa, Wangji está o ajudando. Vamos, ele já deve estar esperando.

Os três saem do escritório, Meng Yao em silêncio a todo momento se retirando assim que chegam à sala de estar, Xichen dá um olhar cansado em direção ao mais novo que some no final da escada, depois conversaria com ele.

— Ele não está feliz com sua decisão — Cheng diz — E ainda não entendo como você não percebe tudo que esse homem faz.

— A implicância de vocês passou dos limites — Xichen o olha — Eu realmente gostaria de entender quando você lança essas palavras ao vento.

— Vou lhe dar uma dica — se aproxima e sussurra para que apenas Xichen possa ouvir — Na noite em que eu morri antes de você chegar ao hospital, horas antes de eu morrer já se perguntou onde ele estava? O que estava fazendo nesse tempo? Você não chegou com ele lá, Meng Yao chegou depois e ainda assim ele já sabia que eu estava morto mesmo antes do médico dizer a você, nunca se perguntou como ele sabia disso?

Não há tempo para uma resposta, Jingyi desce as escadas e se joga nos braços de Cheng que o recebe calorosamente, Wangji o cumprimenta com um aceno e lhe entrega a bolsa que havia preparado junto ao pequeno.

— Diga a Wei que preciso vê-lo — diz a Cheng — Quando ele estiver livre.

— Eu direi, espero que esteja fazendo a escolha certa — encara a íris dourada antes de se virar para Xichen — Pense no que te falei, já estou indo.

Jingyi se despede de Xichen que sorri docemente para o filho, seus pensamentos se misturam assim que Cheng desaparece de seu campo de visão.

— Irmão está bem? — Wangji troca seu ombro.

— Wangji, você se lembra quando Cheng morreu? — pergunta.

— Sim, eu não estava lá, pois estava fora do país, mas você me ligou no mesmo dia — pondera alguns instantes se lembrando de algo — Você até me falou sobre uma enfermeira que recebeu Cheng no dia, o nome dela era Mian Mian.

O mais velho apenas assente. No quarto Meng Yao se contorce de ódio as palavras de Xichen voltando até si, o brilho no olhar de Cheng, ele quase pode sentir sua falta de controle enquanto deseja que o outro queime no inferno novamente, o ódio fala mais alto e sua mente apenas quer se vingar da forma mais rápida possível e então ele se lembra do pequeno Nie, um sorriso subindo aos seus lábios enquanto liga para um de seus homens.

— Senhor, deseja algo? — o homem pergunta do outro lado da linha.

— Sim, quero que monte um portfólio de Nie Huaisang e envie para o velho Yao, marque um encontro com ele — sorri ainda mais — Tenho uma proposta irrecusável para ele.

Ele não podia ferir Cheng, então machucaria quem estava ao seu redor não contando com o azar apenas com uma sorte imensurável, se esquecendo de todos aqueles que rodeavam o mais velho eram como esquecidos sem nada a perder, sem medo da morte. Meng Yao não contava com a existência de Mo, nem de tudo que ele era capaz de fazer e muito menos com a carnificina que havia começado, ele definitivamente tinha se esquecido do que Jiang Cheng era capaz.

Você Vai Se Arrepender De Ter Me Conhecido - Xicheng. (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora