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Maria Luiza

Fui pro shopping como prometido ao Caio, e com toda certeza a melhor parte era poder comprar tudo que ele queria, essa com toda certeza era uma das minhas maiores felicidades.

Eu também estava pensativa, com o dinheiro eu tinha conseguido pagar um curso pra mim também, havia entregado vários currículos em salões e estava esperançosa, acho que não era grande coisa, mas era um início.

Não estava disposta a viver a vida toda vendendo o corpo, dava um dinheiro muito bom, depende do cara. Mas a humilhação e toda dor, era muito mais caro do que tudo, a possibilidade de meu filho ter vergonha de mim, de ter ódio da minha cara ou algo assim, me deixava assustada e horrorizada.

Caio: Mãe, eu bem que poderia dormir lá no Luiz hoje, vai ter vários doces pós festa.- Encarei ele, estávamos voltando do uber.

Malu: Ô, Caio... Não acho que sua amizade com ele seja tão boa assim, eu gosto muito dele, mas a mãe dele não gosta de mim.- Caio me encarou, eu olhei pra ele e ele me lançou um questionamento.

Caio: E o que eu tenho a ver com isso? - Falou realmente muito interessado, o motorista do uber soltou uma risada leve e eu prendi o riso.

Malu: Cara, você tá muito chatinho.- Falei rindo e bati na cabeça dele.- Filho, melhor evitar.

Caio: Mas eu nem falo com ela, ela é uma chata mesmo.- Deu os ombros.

Soltei uma risada fraca mas repreendi ele por falar assim, abracei a cabeça dele lhe entregando um beijo na cabeça e fiz carinho, sua cabeça deitou no meu colo e como o caminho não era perto, quando chegamos no morro ele já estava dormindo.

Paguei o moço e coloquei meu homem de dez anos no colo, choraminguei descendo do carro com todo peso e reclamei comigo mesma, mas ele dormia bem tranquilo e não se importava com isso.

Guto: Quer ajuda, Maria? - Escutei a voz dele e olhei pra trás, ele tava no canto da parede fumando com os meninos e eu neguei.

Malu: Moleza, valeu! - Brinquei piscando e os meninos soltaram uma risadinha, mas com toda certeza se eu não estivesse com o Caio no colo, eles estariam me oferecendo dinheiro pra transar comigo aqui mesmo.

Fui andando devagarinho o morro, passei pela pracinha e apenas observei, pelo visto a festa estava no final. Continuei subindo o morro quando escutei alguém gritar pro mim, virei pra trás e vi o Luiz correndo rápido na minha direção.

Luiz: Tia Maria, eu guardei várias comidas pra vocês! - Falou animado, parando do meu lado.

Malu: Tá bom meu amor, eu agradeço. Caio queria muito ficar mais tivemos que ir, depois eu peço pra ele pegar com você! - Falei quase morrendo e o pai do Luiz parou do nosso lado.

Trovão: Me dá aí o moleque.- Falou estendendo os braços e tirando o Caio do meu colo com cuidado, meus braços ficaram mais leves e por outro lado, eu quis recuar.

Luiz: A gente te deixa em casa em segurança, tia.- Falou me abraçando de lado e eu sorri fraco.

Malu: Não quero confusão.- Falei negando pro Trovão.

Trovão: Tem alguém arrumando confusão contigo? - Falou sério e eu respirei fundo.

Me neguei a falar qualquer coisa na frente do Luiz e ele apenas começou a andar na nossa frente. Enquanto o Luiz me contava inúmeras coisas que havia acontecido na festa dele, eu respondia alegremente cada coisa, super interessada nos assuntos dele. Quando passamos pelos meninos da rua, eles falaram com o Trovão e o Luiz passou reto de cabeça baixa, observei aquilo curiosa e parei no portão da minha casa, girando a chave e abrindo.

Malu: Agradeço muito! - Olhei pro Trovão pela primeira vez.

Seus olhos escuros me chamaram atenção, sua tatuagem no rosto e sua cara fechada me fizeram ter vontade de encarar ele por longos minutos, mas ele colocou o Caio no meus braços e virou as costas, começando a andar. O Luiz olhou pra ele, depois pra mim e me abraçou. 

Luiz: Amanhã deixo seu bolo, tia.- Falou me entregando um sorriso janelinha.

Malu: Obrigada, amanhã prometo que te dou um presente de dez ano.- Pisquei vendo ele correr na direção do pai.

Eles foram caminhando pra fora da minha rua e eu recebi olhares dos moleques da rua, ignorei tudo aquilo entrando em casa e correndo pra deixar o Caio na sua casa.Troquei a roupinha dele e deixei ele ajeitado na cama, enquanto isso fui me arrumar, pretendendo ter o último da que iria pisar naquela casa de show, ou melhor, naquele puteiro.

Esperei chegar às horas certas e sai, deixei o Caio trancado, ajeitando tudo da melhor maneira e sai de casa em silêncio. Sempre tinha algum menino rodando por aqui fazendo ronda, e quando ele me viu me encarou dos pés a cabeça com surpresa, pois pelo que ele já estava acostumado, esse horário me veria saindo super vulgar, mas hoje eu estava de calça e blusa longa, confiante que hoje iria ser uma boa despedida.

Primeira dama Onde histórias criam vida. Descubra agora