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Maria Luiza

Eu estava sentada de braços cruzados, na minha casa com um homem que falava que era meu pai. Eu não sabia ao certo como agir, o que fazer? Devo acreditar na história dele, ou só querer ele longe, porque depois de tudo eu não preciso dele agora.

Malu: O que você quer fazer sobre isso? - Falei baixo, sem olhar pra ele.

Perigo: Quero saber o que aconteceu nesses anos pô, como tu entrou nesse bagulho sujo de prostituição, porque tu tá se envolvendo com moleque casado...- Eu olhei pra ele que me encarava sério.

Malu: Que moleque casado?

Perigo: Que eu saiba, Trovão tem uma mulher e um filho! - Fiz careta.

Malu: Quando eu fiquei com ele, ele estava separado.- Falei baixo.

Perigo: Aquele ali é maior cara de pau, não confia nele não pô! Os moleques me falaram o histórico dele, é um vai e vem do caralho com aquela mulher dele.- Revirei os olhos.

Malu: É passado.- Dei os ombros.

Perigo: Mente pra caralho, só faltou um entrar no cu do outro quando se viram.- Eu soltei uma risada.- Tu só escolhe homem ruim né? Papo reto filhona, encontra no lixo os cara.

Malu: Se manca, eu ein.- Falei dando uma risada fraca.- Você pretende ficar?

Perigo: Aqui? Nem fudendo. Tenho minha responsa na Rocinha, sou de lá.- Eu neguei com a cabeça, olhando pra ele.

Malu: Tô falando na minha vida, na vida do Caio. O meu filho iria gostar de ter uma presença masculina na vida dele, ele sente muita falta do pai. Mas não quero que ele se sinta abandonado quando você decidir sumir de novo.

Perigo: Eu não vou poder tá sempre aqui, nem sempre dando notícia. Eu vou sumir e não não posso tá dando a moral de ninguém saber aonde eu tô, sei não...- Eu fiz uma careta.

Malu: Cê que sabe.- Ele continuava me encarando, não tirou os olhos de mim um segundo se quer.

Perigo: Vocês podem morar comigo lá, pode ser maneiro pra ele. Eu tenho outra filha, ela já tem filha, tem altos bagulhos ainda pra tu saber.

Malu: Na vida dela, você foi presente? - Deixei a minha maior dúvida sair na boca e ele negou.

Perigo: Ela só veio descobrir que eu existia um ano depois que eu peguei cadeia, desde aí ela foi morar comigo.- De certa forma, me senti melhor.- Papo reto Maria Luiza, não acha que eu te deixei porque eu quis, esse bagulho sempre me acompanhava da pior forma.

Confirmei com a cabeça sem saber o que falar e me levantei, falei que iria chamar o Caio e fui até a porta, chamei por ele que tava brincando de bolo na rua com os traficantes que estavam com meu pai e ele veio correndo, todo suado. Entrei em casa com ele e o Perigo tava no mesmo lugar, caio olhou pra ele e enxugou o suor com a camisa.

Malu: Por que você trouxe tantos traficantes pra minha casa?

Perigo: Tu não prestou atenção em nenhum bagulho mermo né? - Eu soltei uma risada.- É tudo segurança.

Caio: E quem é você pra ter segurança? - Meu filho falou curioso e eu prendi o riso.

Perigo: Sou dono do rio de janeiro, doidão.- Caio gargalhou e eu revirei os olhos.- E teu avó também, então tu é quase o dono também.

Caio: Meu avô? - Falou em um tom engraçado e me olhou, confirmei com a cabeça e ele abriu maior olhão.- Avô mesmo?

Perigo coçou a cabeça e eu soltei uma risada vendo o Caio sorrindo animado, ele se sentou do lado do Perigo e começou a fazer mil perguntas. "Que dia você nasceu?; Você vai me buscar na escola?; Como você descobriu que era meu avó?; Eu tenho uma avó?"

Depois da segunda pergunta, o Perigo já me olhou sem paciência e eu dei os ombros. Fui até a cozinha pegando uma água e me sentei, vendo o Caio enchendo ele de mais perguntas.

Primeira dama Onde histórias criam vida. Descubra agora