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Maria Luiza.

Trovão saiu de dentro de mim enquanto ainda me beijava, ele deitou do meu lado sem tirar sua boca da minha e eu fiz todo o esforço pra não deixar elas se afastarem. Ele passou a mão por todo meu corpo e parou no meu rosto, segurou minha bochecha e infelizmente soltou minha boca, deslizando por um beijo na minha bochecha, no meu pescoço e se afastou, beijando minha testa por último.

Me deitei na cama respirando fundo e ele tirou a camisinha do pau, se levantando. Suas costas estavam toda marcada, o seu pescoço um pouco arranhado e até um pouco do seu rosto, soltei uma risada fraca olhando ele ir no banheiro e coloquei minha blusa, me levantando.

Troquei os lençóis e escutei os passos do trovão, que tinha tomado banho e saiu só de bermuda, eu me sentei na cama coçando a cabeça e ele me encarou.

Trovão: Acho que vou meter o pé pra casa.- Falou se sentando do meu lado.

Malu: Sério? - Falei em tom de chateação, Trovão deitou a cabeça nas minhas pernas e me olhou.

Trovão: Esses dias eu mal parei em casa pô, tem que dá uma equilibrada. Luiz tá enchendo minha mente, tá até dando umas vaciladas, quero ficar de olho nele.- Passei a mão pelo rosto dele.

Malu: Por mais que ele goste de estar com o Caio, acho que ainda é chato pra ele me ver com você.- Falei fazendo carinho no rosto do Trovão.

Trovão: Pô, acho que nem é isso tanto. Ele não liga mais pra esse bagulho, só que ele quer que eu dê uma atenção maneira ao irmão dele, e ele tá certo porque eu nunca tô por perto mermo.- Fiquei calada por alguns segundos e ele ficou apenas me olhando.

Malu: Se a gravidez dela é de risco, a atenção sobre ela deve ser redobrada.- Minha voz saiu um pouco falha.

Trovão: Eu vou fazer o que posso, namoral. Mas ainda é foda pra mim pô, tô feliz com outro filho e tal, mas quando eu paro pra bater cabeça, eu me lembro que é um vacilo que eu não queria, tá ligado? - Falou negando com a cabeça.- Alicia não tinha esse direito, Maria. No papo dez mesmo, por isso eu ainda tô distante desses bagulhos, não consigo aceitar fácil o que rolou.

Malu: Você não queria mais filhos além do Luiz? - Ele me olhou.

Trovão: Quero ainda uma menina, mas não bagulho forçado, tá ligado? Papo planejado, com uma pessoa que eu realmente me amarre cara.- Fiz careta e ele levantou do meu colo.- Tipo tu, cara.

Malu: Eu? - Falei nervosa, dando uma risada.

Trovão: Pô, no momento tô vendo ninguém melhor que você! - Falou contra minha boca e me beijou.

Eu soltei outra risada nervosa e ele me deitou na cama, subindo em cima de mim pra me beijar, abracei seu corpo sentindo o peso sobre mim e ele soltou minha boca. Trovão saiu de cima de mim me agarrando e eu fiquei olhando pro teto, engolindo bem as palavras que ele soltou.

Malu: Trovão, posso te fazer uma pergunta? - Olhei pra ele.- Sem briga, se você não achar de boa responder, tá suave.

Trovão: Qual foi?! Já tô sentindo maior briga.- Falou em tom de brincadeira.

Malu: Você falou que a Alicia pediu pra abortar, e que ela tá passando muito mau e tomando vários remédios...- Falei calmamente, pra não dar ruim.- Você não pensa na possibilidade dela estar tomando remédios inapropriados, pra passar mal e ter sua atenção?

Trovão: Pô, não acho...- Negou.- A gravidez do Luiz foi desse jeito nos último mês, ela nem conseguia andar direito de tanta dor, vivia no hospital...- Falou passando a mão pelo meu cabelo.- E pô, eu só ajudei ela uma vez, as outras eu nem tava por perto, ela já teria visto que não tá funcionando o corre.

Malu: Entendi...- Confirmei.-  Tomara que dê tudo certo então, que essas complicações sejam só no início da gravidez.- Ele me encarou.- Uma mãe sabe a dor da outra, querendo ou não.

Trovão deu um beijo demorado na minha testa, enquanto me abraçava e eu senti que aquele toque foi em agradecimento. Quando o trovão estava me contando tudo que havia acontecido, eu senti a preocupação e até certo medo em seu tom de voz, toda vez que ele falava do filho ele parecia ter medo do que estava por vim.

E eu tinha que confiar nele, por mais que eu não achava legal ou fácil, eu não estava na vida do Trovão pra disputar lugar com a Alicia, essa nunca foi a minha opção. Eu entendia meu pai, ele só queria me proteger.

Eu também entendia a mãe do trovão, até porque ele me contou tudo que ela falou, ela só queria o apoio paterno pro neto dela. E talvez, eu mais do que eles, entendia o quão importante era a presença de um pai numa gravidez, de como era tranquilizante.

Eu nunca, jamais tiraria essa opção da vida do Trovão, e eu na verdade não era ninguém pra ter esse poder. Mas eu lhe daria toda liberdade do mundo, deixaria todas as boas e más escolhas em suas mãos, e cabia totalmente a ele honrar as palavras que foram ditas para mim. E pra mim era até fácil de acreditar, na verdade.

Quando eu sentia o seu abraço apertado, o seu toque de proteção, e até o seu beijo na cabeça demorado, era uma forma de me dizer que ele estava comigo em ações, e mesmo assim, ele insistia em dizer com palavras. E na real, o melhor de tudo isso, é que eu conseguia sentir apenas pelo seu olhar, e isso era o suficiente.

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