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Trovão

Eu tinha chegado do corre e vi os moleques dentro de casa brincando na piscina, reclamei por causa da hora e eles saíram reclamando, mas tranquilos. Eu tava conversando com o Robson quando ouvi o Caio falando que tava triste por causa da mãe, que não gostava de ver a mãe saindo de casa toda noite.

Luiz perguntou aonde ela trabalhava, Caio disse que ela falou que numa lanchonete a noite toda, disse que sempre via a mãe chorar escondido quando deitava com ele, que ela sempre tava cansada e que ele ficava triste por não ter o pai por perto.

Robson: Caralho...- Falou me olhando, encarei ele negando.- Vai lá mano, livra a garota dessa.

Trovão: Eu? Tá maluco, cara.- Neguei.- Não tô afim de me envolver nessa parada, namoral mesmo! Deixa ela resolver os bagulhos dela.

Robson: Tu acha mermo que ela tem como resolver? - Falou sério.

Trovão: Pensa, Rb! Tem gente de olho nele faz tempo, já te mandei o papo que a garota tem até segurança. Porque quem tá te olho não já livrou ela disso? Tu tá maluco cara, namoral. Eu até senti vontade de ajudar, escutei os bagulhos que ela falou, mas não tô afim de mexer com isso.

Robson: Tu vai mermo me fazer dar dinheiro pra tu, pra tu livrar ela? - Desviei o olhar.- Não é nem por ela, nem conheço direito. É por esse moleque, quanto tempo tu acha que tá faltando pra ele se revoltar e entrar no corre? Como a gente fez quando a mãe tava sem saída.

Trovão: Jae, Rb. Dois bagulhos, não vai sair daqui que eu que tirei a garota dessa, e se acontecer alguma coisa, a conta vai ser tua.- Falei pegando meu celular.

Mandei mensagem pra Eduarda mandando livrar a cara da garota e ela nem questionou, vivia dando pro Ratinho que era um dos meus manos conhecidos, ele entrou na minha mente e fez ela subir de cargo.

Eu tava pouco me fudendo, mas ganhava uma boa grana dando patrocínio pra essa casa, então eu tava tranquilão com a vida.

A hora passou e eu ainda sai pra resolver confusão na boca, quando voltei fui levar o moleque em casa e o Luiz quis ir junto, bagulho que não desgruda de mim nunca. Quando a gente tava esperando a garota, os moleques avisaram que polícia tava subindo, não demorou muito pro foguete ser lançado e eu bater neurose, mas a safada chegou bem na hora de colocar os moleques pra dentro.

Eu não ia descer pra invasão porque tava com a perna fudida, o moleque filho da safada me fez cair e eu tinha machucado, até tava doendo pra andar, mas nem falei nada, vi ela encarando e quando eu falei com ela, fez maior cara de deboche. É só um pescoção e ela fica ligada em dois segundos!

Ela tava animada, desde que eu bati com ela ela não parava de sorrir, tava fazendo bolo e os caralhos, parecia que era o melhor dia da vida dela. Soltei uma risada fraca percebendo isso e virei a cara, sentindo o olhar dela me seguir.

Malu: Toda vez que eu olho pra você sinto que você tá me xingando pra caramba na sua mente.- Falou e eu olhei pra ela.

Trovão: Da hora teu poder de adivinhar o que tá rolando na mente do outro.- Falei na postura e ela soltou uma risada.- Tu tá aí toda cheia de sorriso, maconha foi boa?

Malu: Nem foi maconha, tô feliz! Vou conseguir ser uma mãe melhor pro Caio, isso me deixa muito feliz.- Falou baixo.

Trovão: E tu é ruinzona com o moleque? - Falei encarando ela, que mal sustentava.

Malu: Não, longe disso.- Negou rápido.- Só acho que ele vai ter orgulho de mim, antes não tinha motivos pra ele ter orgulho. 

Trovão: Ele tá meio na neurose né? - Ela me olhou preocupada.- No dia que ele correu pro meio da rua, a cara dele não negou.

Malu: Saudades do pai, se questionando se ele não era bom o suficiente pra ter um pai.- Falou bolada.

Trovão: Tô ligado, esse bagulho é foda né!? As vezes o Luiz marola com isso também, a mãe dele é uma filha da puta. As vezes é melhor ela morta do que perto dela.- A safada me encarou pela primeira vez, sustentando o olhar.

Malu: Você parece ser um pai muito bom pra ele, o Luiz as vezes fala de você com muito amor.- Balancei a cabeça.- Mas eu já ouvi ele falando que sente falta da atenção da mãe.

Fiquei calado desviando o olhar e ela se levantou quando o alarme no celular tocou, acompanhei ela andando de costas e olhei dos pés a cabeça, parecia corpo de artista, no papo reto. Não sei se ela bateu olhar comigo e percebeu que eu olhei, mas só me levantei e fui trocar ideia com o Vagner, que tava na trocação.

Primeira dama Onde histórias criam vida. Descubra agora