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Maria Luiza.

Me sentei na cama dele e fiquei olhando pro nada, sentia o trovão em pé tirando os cordões, anéis e relógios mas nem se quer eu havia olhado pra ele. Fiquei com a unha na boca mordendo e encarando o nada, vendo os segundos passando.

Trovão: Qual foi do papo que ele te deu? - Chamou minha atenção, se deitando do meu lado. Permaneci sem olhar pra ele, mas respondi.

Malu: Eu já tinha feito programa com ele.- Falei baixo.

Trovão passou a mão no rosto respirando fundo e eu olhei pra ele, que encarou o teto, fiquei pensando por alguns segundos e eu que soltei ar.

Malu: Toda vez que a gente sai junto sempre tem alguém olhando torto, alguém que sabe o que eu fiz, alguém que vá fazer uma piada.- Ele me olhou.- Desculpa.

Trovão: Desculpa o que garota? Se liga ou. Ninguém tem nada a ver com esses bagulhos não, que se foda.- Negou.

Malu: Você ter matado ele, não vai dar alguma complicação pra você?

Trovão: Sei nem quem era, devia ser só um filha da puta pau mandado dali.- Desviou o olhar.

Malu: Ver aquelas meninas daquela maneira foi sufocante pra mim. Sinceramente não acho que festas como aquelas sejam lugar pra pessoas que namoram.- Falei me deitando na cama.

Trovão: Mas o papo é de confiança né pô? - Olhei pra ele.- Se tu quer que eu confie em tu, tu vai ter que confiar em mim, papo é esse.

Malu: Você quer comparar eu sentada numa praça, conversando com uma pessoa, á um lugar cheio de mulher semi nua, com tudo sendo teor sexual? - Respondi, olhando indignada pra ele.

Trovão: Confia em mim.- Respondeu debochando e piscou o olho pra mim. 

Malu: Para de agir assim, Thiago. Que droga cara, o que custa conversar? - Me sentei novamente na cama e ele continuou deitado.

Trovão: Ué cara, tu quer que eu faça o que? - Soltou uma risada falsa.- Vou te privar de nada pô, tu tá aí livre pra fazer o que quiser. Só tô te falando, confia em mim da merma forma que tu quer que eu confie em você, independente de onde eu esteja!

Malu: Você pode me deixar em casa? - Ele levantou na mesma hora.

Amarrei meu cabelo abrindo a porta do quarto e desci tentando não fazer barulho nenhum. Quando eu cheguei na sala, escutei a porta do quarto batendo e o Thiago desceu passando igual furacão, fiquei calada seguindo ele, subi na moto e ele foi me deixar em casa.

Desci da moto entrando em casa e ele saiu da mesma forma que veio, praticamente voando com a moto. Entrei em casa vendo tudo no silêncio e fui no quarto dos meninos, eles dormiam tranquilos e eu voltei pro meu quarto, tomando banho e indo dormir...

Quando acordei estava cedo, ajeitei as coisas e fui preparando logo o almoço, fiquei em dúvida se o Perigo ainda estava em casa, mas não tive nem sinal, e também não iria subir pra bater na porta dele. Quando deu a hora, acordei as crianças e preparei elas pra escola, o menino foi deixar e eu tava arrumando a cozinha quando o Perigo entrou com a carinha de sempre, que queria matar todo mundo.

Perigo: Já acordo escutando papo do teu feio, caralho ein.- Reclamou.- Ele matou o ratinho que me dava informação da polícia, se liga!

Malu: Falaram por que ele matou? - Sorri debochada.

Perigo: Falaram que o cara queria fazer algum bagulho errado contigo. Tu acha que eu não fui dar coça do Trovão por quê? Porque foi pra te proteger pô, deixo passar.- Eu revirei os olhos rindo.

Malu: Já que você tocou nesse assunto, queria pedir um favor.- Ele me encarou, como quem negasse qualquer coisa do que eu fosse falar.- Você pode colocar outra pessoa no lugar do Menor pra ficar na minha cola?

Perigo: Ele fez algum bagulho? - Neguei.- Então tá aí tua resposta, filhona!

Malu: Trovão meio que tem ciúmes dele.- Perigo soltou uma risada.- Qual foi cara, ele fala que só eu não vejo maldade do Menor em mim.

Perigo: Tem confiança não pô? Tá mandada ein.- Apontou.

Malu: Se liga, Perigo.- Falei rindo.- Quando eu me senti incomodada com o lance da Alicia, ele saiu da própria casa só pra me agradar. Custa algum bagulho você mudar, irmão?!

Perigo: E eu falei que não ia mudar? - Encarei ele com ironia.- Trovão tá até menos feio comigo, Júlia tava me falando que ele dá maior moral a ela e pro Caio, vou deixar passar.

Malu: Valeu. Mas quem era a mulher que tava contigo mermo? - Coloquei as mãos na cintura.

Perigo: Lance das antigas.- Falou levantando e indo olhar as panelas.

Malu: Achei feia.- Dei os ombros, saindo da cozinha.

Perigo: Aí garota, nessa idade quer bancar ciúmes? Se liga, vai procurar algum bagulho pra fazer.

Malu: Ué, tá falando o que? Pior, tu fica aí xingando o Trovão atoa, puro ciúmes.- Perigo me olhou me xingando de filha da puta e eu gargalhei.

Subi pra tomar banho e depois fui almoçar, ele nem tava mais por ali e eu almocei sozinha. Fiquei vendo as horas passar e era muito chato não ter nada pra fazer, Perigo tava me proibindo firmemente de trabalhar, porque não queria eu dando bobeira por aí, só que eu tinha que fazer alguma coisa ne cara. Adorava ser bancada, mas era chato ficar sem fazer nada. Deu a hora das crianças voltarem da escola e eu fiquei esperando, quando eles entraram, Caio veio correndo na minha direção e jogou a bolsa no sofá, abrindo ela.

Malu: Que que foi? - Falei vendo a Júlia sentar do meu lado.

Caio: O Trovão foi lá na escola hoje.- Falou animado e eu arqueei a sobrancelha.- Ele pediu pra te entregar.

Encarei ele tirando uma caixa de dentro da bolsa e eu peguei desconfiada, quando abri, era um colar com um pingente de raio, eu soltei uma risada vendo que aquilo era ouro ouro, e brilhava até de longe. Tinha um bilhete e eu peguei com um sorriso no rosto, lendo o que estava escrito, "coloca essa porra e não tira por nada."

Eu revirei os olhos e peguei o colar colocando, peguei meu celular falando com o Trovão pela primeira vez no dia de hoje, e minha primeira pergunta foi se no colar tinha uma escuta, ou um rastreador pra ele me fazer esse pedido. Mas a resposta que eu tive foi... "Pra quando malandro olhar pra tu, de longe ver o teu pescoço e ver que tu tá comigo, pra quem adora ficar de gracinha pro teu lado se ligar."

Eu dei um sorriso revirando os olhos, sabendo de quem ele se tratava. Mandei uma foto pra ele com o colar e ele só mandou um "🤙🏼", de qualquer forma, sabia que ele ainda estava bolado, mas se quer, nem deveria mais ter motivos.

Primeira dama Onde histórias criam vida. Descubra agora