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Maria Luiza.

Corri atrás do meu filho no canto mais obvio que era a nossa casa, apesar de algumas pequenas distrações, Caio não era nem de longe um menino rebelde, ele mal gritava, me respondia só quando eu lhe tirava algo que ele queria muito, e nunca se quer gritou comigo como hoje.

E eu sabia que isso resultado de algo, alguma coisa aconteceu na escola ao ponto de mexer com a cabeça dele, por isso eu estava preocupada. Quando entrei em casa escutei o barulho do chuveiro, respirei aliviada e lhe dei o seu tempo, não bati ou apressei, só deixei ele se acalmar.

Fui até o calendário e acabei entendendo o porquê do assunto vim a tona, estávamos na semana dos pais, e todo ano tinha alguma coisa na escola, isso mexia tanto com o Caio que puta que pariu. Uma ano, ele simplesmente começou a queimar em febre após chegar da escola um dia antes do maldito dia dos pais.

Fiz o café com leite dele e em uns dez minutos ele botou a cara, eu estava arrumando a janta e ele se sentou na mesa, encolhido e retraído.

Caio: Mãe, desculpa gritar, desculpa correr e desculpa falar sobre o pai.- Falou baixo.

Malu: Você se machucou? - Fiz apenas essa pergunta e ele negou rapidamente.

Caio: Só minha barriga tá doendo, mas é pouco.- Resmungou, bebendo o café.

Malu: Você derrubou o pai do Luiz, e agora a gente que tem que ir lá pedir desculpa.- Ele soltou uma risada fraca.- O que aconteceu hoje, filho?

Caio: Eu só tô cansado disso, a maioria dos meus amigos têm pai e eles vão lá, pegam eles, levam eles pra escola, até vão pras apresentações, mãe. E eles são bandidos, bandidos! - Falou indignado de uma forma muito engraçada, soltei uma risada fraca e me sentei do seu lado.

Malu: Queria te dizer que qualquer dia seu pai vai aparecer aqui e se tentar recuperar o tempo perdido, mas você já tá bem grande pra entender isso.- Ele confirmou com a cabeça.- Lamento muito por isso, filho. Mas somos só nós, sempre vai ser apenas nós dois.

Caio: E se o papai te deixou porque não me queria? - Eu neguei.

Malu: Seu pai é um babaca, e é impossível arrumar qualquer desculpa. Então filho, não há desculpas ou motivos pra ele te deixar, mas não precisamos dele, somos uma boa dupla, não somos?

Caio: Sim, mas é que podia ser tudo diferente, mãe.- Falou me olhando.

Senti o choro vindo a tona e soltei um sorriso forçado, porque não queria chorar em sua frente. Respirei fundo vendo ele desviar o olhar e tomar um pouco do seu café, me levantei indo até a pia e fiquei de costas pra ele, limpando as lágrimas teimosas pra caralho. E o Caio estava totalmente certo, tudo seria tão diferente..

Primeira dama Onde histórias criam vida. Descubra agora