Primeira dama

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Trovão.

O pai tava tranquilo e calmo com as escolhas, eu tava suave com esse bagulho porque quanto menos eu me esforçava pra fazer o que eu queria, menos dor de cabeça eu ia ter. Pô, dahora sair de casa e tal, mas não tô afim de ficar longe por muito tempo da minha própria casa. E aí o bagulho vai ficar foda, porque vai ser uma maluca de um lado, outra doida do outro e eu vou tá no meio, mas ai era foda.

Quando eu acordei a Maria tava com a cabeça no meu peito e agarrada em mim, eu me mexi e peguei meu celular que tava vibrando pra caralho, quando atendi era minha coroa.

"Lúcia: Alicia tá passando mal, a gente veio pro hospital.
Trovão: De novo, cara? O que ela tem? - Falei baixo, me soltando da Maria e me levantei.
Lúcia: A gravidez dela é de risco, Thiago. Qualquer mínima coisa vai afetar o bebê, ela tava vomitando e saiu um pouco de sangue no xixi também.
Trovão: Jae mãe, e o moleque, tá bem?
Lúcia: Tá, o médico só tá fazendo alguns exames pra poder liberar.
Trovão: Tá cara, quando chegar em casa avisa."

Desliguei olhando a hora, cinco e meia da manhã. Quando eu  olhei pra trás, a safada tava me olhando, coloquei o celular na bancada e fui andando pro banheiro.

Malu: O que aconteceu? - Falou com voz de sono.

Trovão: Alicia passou mal.- Falei entrando no banheiro, dei aquele mijão matinal e sai depois de lavar as mãos.

Malu: E quando não?! - Falou irônica e eu encarei ela.

Trovão: Ou, dá uma segurada aí! - Falei pegando minhas coisas.

Malu: Desculpa.- Falou revirando os olhos e levantou as mãos pra mim.

Peguei meus bagulhos e fui pra perto dela, beijei a cabeça dela e disse que ia pra casa resolver uns bagulhos. Saí dali pegando minha moto e fui pra minha casa, tomei um banho e quando tava preparando algum bagulho pra comer, minha coroa chegou com a Alicia e o Robson.

Trovão: E aí? - Falei olhando pra coroa.

Lúcia: Tem alguns remédios pra comprar, não achamos nenhuma farmácia aberta essa hora.- Eu confirmei com a cabeça.

A Alicia passou direto subindo as escadas e eu olhei pra ela de lado, o Robson se jogou no sofá e minha mãe se sentou na mesa.

Lúcia: Você poderia ficar mais em casa de madrugada. É o horário que ela mais passa mal, e você nunca tá.- Falou me olhando.- O Robson teve que sair lá de zona sul pra poder vim ajudar, Thiago.

Trovão: Foi mal, vacilei.- Cocei a cabeça.- E o Vg, tá aonde?

Lúcia: Levar a Alicia pro hospital não é obrigação do Vagner, muito menos do Robson. Você sabe bem disso.- Falou séria e se levantou.- Leva alguma coisa pra ela comer, pelo menos.

Dona Lúcia saiu da cozinha subindo as escadas e eu escutei a risada do Rb, continuei comendo e olhei pro sofá.

Trovão: Tava fazendo o que na sul?

Robson: Milícia tava batendo lá, fui dar o dinheiro.- Balancei a cabeça.

Terminei de comer fazendo pão com queijo pra outra e subi levando, entrei no meu quarto e ela tava lendo os papéis do médico, e me olhou de lado quando eu entrei.

Alicia: Não quero, obrigado.- Falou negando.

Trovão: Come logo, garota.- Coloquei o prato na cama e me sentei.- Que que deu aí?

Alicia: Lembra que quando o Luiz nasceu, o médico falou que por sorte, ele não teve tanta complicação assim? - Balancei a cabeça.- Talvez, esse bebê agora venha com todas as complicações que o Luiz se livrou.

Trovão: Ué cara, qual foi? E não tem nada pra melhorar isso aí? - Apontei.

Alicia: Os remédios, vitaminas podem ajudar. Mas por enquanto tá meio complicado porque eu tô vomitando tudo, então não faz efeito.- Falou pegando o pão.

Trovão: Pô Alicia, o que passou pela tua casa quando meteu essa ideia ein? Tá maluco pô, namoral mesmo.- Neguei.

Alicia: Me ajuda a tirar então, eu aborto.- Falou me encarando.- Só me dá o dinheiro que eu tiro o bebê.

Trovão: Tá maluca?! Agora depois do bagulho tudo tu vem com essa? Tu vai sustentar até o fim.- Apontei.- Se eu te escutar com esse papo de novo, tu vai tomar um se liga rapidinho.

Alicia: Eu fiz isso porque achei que você iria voltar pra mim, Thiago. Eu só tô cansada disso, eu não quero mais insistir em você, nem nesse bebê. Você pode ficar com o Luiz, eu sumo da sua vida e tudo se resolve.- Falou com voz de choro.

Trovão: Quantas vezes te disse que não ia ter volta no bagulho? Nem usando o Luiz tu conseguiu porra, onde tu achou que ia funcionar com outro?

Alicia: Eu só queria atenção.- Passou a mão no cabelo.

Trovão: E eu sempre te dei namoral, até tu começar a ficar maluca da cabeça pô.- Dei os ombros.

Alicia: Antes da Bruna morrer ela me falou que vocês já tinham ficado. Mesmo eu sendo sua namorada, mesmo ela sendo a namorada do seu primo.- Eu fiquei calado.- Você achou isso justo?

Trovão: Bagulho do passado fica lá, esquece pô.- Me levantei.

Alicia: É fácil falar isso depois de tudo né? - Abri a porta.

Trovão: Tu aha que isso justifica algum bagulho que tu fez? - Ela negou.

Alicia: Thiago, a gente pode só ficar em paz? - Falou com voz de cansada.

Trovão: Quer paz? Começa metendo o pé daqui que eu deixo tua vida uma maravilha pô.

Alicia: Me arruma uma casa e eu saio daqui hoje mesmo. Com o Luiz.- Neguei.

Trovão: O Luiz fica comigo pô, deixo ele ir te visitar! - Ela me encarou.

Alicia confirmou com a cabeça e eu encarei ela, balancei a cabeça fechando a porta e sai pegando o raidinho, desci as escadas chamando os moleques e mandei eles arrumarem uma casa o mais rápido possível.