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Maria Luiza

Eu passei o tempo todo rodando os olhos pelas pessoas, a tal da Lúcia já havia ido embora, segundo ela iria pra uma festa, até me chamou pra ir mas eu recusei. Então só estava com os dois irmãos, eu estava mexendo no meu celular fingindo que não queria estar em qualquer outro lugar longe dali.

Robson: É Maria Luiza, né? - Levantei o olhar, ele me encarava e o Trovão que estava mexendo no celular agora.

Malu: Prefiro Malu.- Falei olhando pra ele.

Trovão: Maior nome de cachorro.- Falou e eu olhei pra ele levantando a sobrancelha, mas ele continuou olhando pro celular.

Malu: O seu vulgo é trovão, você quer discutir qual o pior mesmo? - Robson soltou uma risada.

Robson: Sabe qual o bagulho desse vulgo? - Trovão finalmente levantou a cabeça, encarando o Robson como se mandasse ele calar a boca.

Trovão: Tá de marola comigo? Se manca filho da puta, arruma o que fazer.

Robson: Deixa eu falar pra garota, qual foi? Tem nada não.- Falou rindo.

Malu: Fiquei muito curiosa agora.- Falei sorrindo e o Trovão me encarou.

Trovão: Vai continuar assim, fofoqueira.- Balançou a cabeça.

Malu; Depois você me conta, por favor! - Brinquei juntando as mãos.

Trovão me encarou com cara feia e eu sorri de lado, ele passeou os olhos por mim e desviou. Eu olhei pro outro lado ficando quieta, mas uma menina encostou na mesa, falou com os dois e eu achei que ela iria sentar, mas o Robson saiu sendo puxado por ela. Me ajeitei na cadeira cruzando as pernas e o olhar do trovão me seguiu, cruzei os braços e fingi que nem vi.

Trovão: Tá ligada qual o bagulho do Vg contigo? - Eu olhei pra ele.

Malu: Na real mesmo? Nunca nem olhei na cara dele direito pra ele tá falando sobre mim daquele jeito.- Neguei com a cabeça.

Trovão: Quando tu chegou aqui, ele queria ficar contigo. Mas tu não deu moral pra ninguém, maluco pegou raiva.- Eu gargalhei.

Malu: Homem tem ego frágil mesmo, né? - Falei negando com a cabeça.- Desde que eu cheguei aqui, tá reparando nos homens desse morro é a última coisa que eu faço.

Trovão: Só em mim né cara? Tu viaja pra caralho, só falta babar.- Me gastou e eu soltei uma risada.

Malu: Pra falar a verdade, fazem sete anos que eu tô nesse morro e você foi o único homem que eu realmente conversei.- Dei os ombros.

Trovão: E os cara da casa...- Falou me olhando e eu desviei o olhar, bebendo um pouco de água.

Malu: Acredite, você realmente foi o único.- Falei baixo.

Trovão: Deve ser foda né?! Bagulho é muita humilhação.- Falou e eu olhei pra ele, Trovão me encarava com atenção.

Malu: Eu passei tanto tempo fazendo isso que não sentia mais nada, sabe? - Falei sentindo o choro vindo com tudo.- E cada dia era sempre um tapa na cara, parecia que eu desde sempre tinha sido destinada a viver numa merda de vida.

Quando eu vi, eu já tava chorando ali na frente dele. Eu não tinha com quem conversar sobre isso, minha única amizade real era com o Caio, impossível falar sobre isso com meu filho. Tinha a Vivi ou a Laís, mas aquilo se tornava uma competição, então eu nunca era apenas escutada, como o Trovão fez agora.

Tentei limpar o rosto e eu senti uma mão passeando pelo meu ombro, Trovão negou com a cabeça e me puxou pra perto, me abraçando. Mordi meu lábio me obrigando a parar de chorar e deitei a cabeça em seu peito, sentido sua mão me apertar.

Trovão: Já vi minha mãe nesse mesmo bagulho, eu tô ligado como é. Tu é chatinha pra caralho, mas não merece essa vida.- Sua voz saiu baixa, e eu sorri fraco, mesmo sabendo que ele não poderia ver.

Alicia: Eu não tô acreditando que eu tô vendo isso.- Gritou atrás da gente, me desvencilhei dos braços do Trovão e olhei pra trás.- Que porra é essa?

Trovão: Tu vai mermo querer fazer show aqui, Alicia? - Falou sem paciência, e nem parecia o mesmo de um minuto atrás.

Alicia: Eu não acredito que você tá dando moral pra essa mulher, ela é uma vagabunda.- Gritou, todo mundo que estava perto olhou pra ela.

Fui me levantar, sentindo todo ódio explodindo dentro de mim e o Robson entrou na frente dele, me fazendo soltar o ar.

Robson: Festa das crianças nesse caralho, não tô afim de arrastar ninguém pelos cabelos.- Falou alto, pra mim e pra ela.- Mete o pé, Alicia.

Ela me xingou novamente, eu estava pronta pra ignorar o Robson quando senti uma mão na minha, e a mesma me puxou. Olhei pro Trovão que apenas negou com a cabeça e desviou o olhar, puxando minha mão pra trás. Encarei aquilo irritada e peguei minha bolsa, me soltando dele e indo atrás do Caio pra gente ir embora.

Primeira dama Onde histórias criam vida. Descubra agora