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Maria Luiza

Passei pelo segurança que me olhou dos pés a cabeça mas mesmo assim eu entrei, de cara vi o cotidiano. Meninas dançando no palco, homens escolhendo quais queriam, outras sentadas em colos, bebendo na mesma mesa, coisas comuns por aqui, até mesmo uma mulher sendo chupada em cima da mesa na frente de todos.

Segui direto subindo as escadas que eram onde ficavam os quartos, e o escritório. Segui direto até o final do corredor e quando eu fui bater na porta, ela abriu. Tomei um susto de leve e olhei pro Trovão saindo daquela sala, poucas vezes eu o via aqui dentro e era até uma surpresa, mas não tanta assim.

Ele me olhou com desdém de cima a baixo e passou direto, revirei os olhos e dei duas batidas na porta, coloquei a cabeça pra dentro e vi a Eduarda levantando a alça da blusa, seu cabelo estava bagunçado e ela suada, mesmo com o ar condicionado rodando.

Eduarda: Você chegou cedo.- Falou me olhando e eu entrei, fechando a porta atrás de mim.

Malu: É, mas queria conversar com você.- Eu me sentei na cadeira na frente dela.- Na verdade, eu quero dizer que não vou mais trabalhar aqui.

Eduarda: Tá muito cedo pra piada, não acha? - Riu fraco.

Malu: Não é piada, Eduarda.- Falei séria.- Estou falando muito sério.

Eduarda: Vou ter que te mandar falar com o chefe então! - Falou perdendo o ar de graça.- Você tem contas pra pagar, cada coisa que você comeu, roupas que você usou daqui, as horas que você passou aqui dentro, é tudo uma dívida.

Malu: Uma dívida que já foi muito bem subtraída com todo dinheiro que você ficava, 70% de tudo que eu lucrava era seu, como isso não foi quitado? - Soltei uma risada sem graça.

Eduarda; Esse é basicamente o aluguel dos quartos, flor.- Falou levantando o espelho e passando batom.- Agora vá se vestir e trabalhar. Amanhã de tarde resolvemos isso com o chefe.

Malu: Sinceramente, Eduarda? Vai você e o chefe tomar no cu.- Falei me levantando e ela me encarou.

Respirei fundo saindo batendo a porta e desci as escadas, fui seguido direção a saída mas quando eu fui passar, os meninos que faziam a segurança da entrada, pararam na minha frente.

— Ao trabalho, Malu.- Falou balançando o rádio em mãos, insinuando que a Eduarda já tinha falado com ele.

Fechei meu olhos respirando fundo e passei a mão na nuca, dei meia volta e fui caminhando lentamente pro quarto dos fundos, troquei de roupa e me olhou no espelho chorando, me sentei no chão chorando e porta abriu, tentei me levantar e limpar meu rosto rapidamente, mas a Viviane já tinha visto.

Vivi: Oi, o que aconteceu? - Encarei ela.

Ela era a mais novinha de todas, não fazia nem um mês que ela havia feito quinze anos. E me partia o coração ver ela aqui, por que ou era aqui, ou era morrendo de fome.

Malu: Tô cansada dessa vida! - Ela me abraçou.

Vivi: Eu também, Malu.- Falou com o rosto no meu pescoço, ela era bem pequena.- Acabei de transar com um cara que passou o sexo todo cuspindo em mim, me sinto suja.

Malu: Quando a gente vai tocar fogo aqui? - Falei me desvencilhando dela e ela soltou uma risada fraca.- Vai se limpar.

Ela concordou indo pro banheiro e eu abri a porta saindo do quarto, caminhei em passos curtos até o palco e me sentei no batente, passei meus olhos por onde dava e vi o Trovão, junto do seu primo e irmão, todos sentados afastados de todo mundo e apenas bebendo e conversando.

Coloquei as duas mais apoiada no queixo e fiquei observando eles por um curto tempo, até o Robson, o irmão do trovão perceber. Ele me olhou, virou o rosto e comentou algo, os dois me olharam novamente e o trovão foi o único que comentou algo negando com a cabeça, sem em olhar.

Mas a longa troca de olhares foi quebrada quando um homem apareceu na minha frente, ele fedia a perfume. E quando eu falo fedia, era aqueles tipos de homens que não tomavam banho, então jogavam perfume barato por todo corpo e o perfume se misturava com suor, deixando aquele cheiro horrível.

Primeira dama Onde histórias criam vida. Descubra agora