🎭Capítulo•50🥀

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Eu morri.

De novo, eu morri.

E o meu assassino era o mesmo. Eu perdi tudo, perdi meu rumo, minha autonomia, meu chão. Eu me perdi de novo...

Sentia como se a culpa tivesse sido minha, eu concordei em estar com ele, eu insisti nisso, eu sorri para ele, eu fui gentil, eu abri espaço para isso.. A culpa é minha, eu fiz isso...

Eu fiz isso? Eu quis isso? Eu pedi isso?

A dor era agoniante, superava qualquer tortura que eu já tenha passado. Mas me lembrava a sensação que tive anos atrás, quando o episódio aconteceu no quarto dele, quando com apenas quatorze anos eu tive uma mão sobre minha boca e assistia minha própria morte.

Ele sabia que tinha ganhado, ele sabia que me tinha nas mãos, eu era apenas uma marionete em seu show de tortura. Não importa o quanto eu fuja ele sempre irá me achar, esse monstro sempre vai estar comigo, porque eu sou uma sombra, sou uma maldição...

Toda vez que me sinto parte de algo e estou feliz, tudo acaba. Em um piscar de olhos essa sombra me consome e tudo escorre por meus dedos, toda a felicidade, toda evolução, toda a liberdade, tudo se vai... E eu volto a ser a patética garotinha, frágil e idiota.

Acho que eu sempre fui ela, não há como fugir disso. Eu apenas finjo ser forte e lutadora, mas a verdade é que eu sou medrosa e fraca. Isso é o que eu sou, eu sempre volto a ser isso.

Sempre tento mostrar o melhor lado da vida, mas e o pior?

Não somos felizes o tempo todo e são raros os momentos de euforia e risadas, para onde vai toda a frustração e tristeza? Aqui está...

Eu não consegui mais sair do quarto; eu parei de comer, nada mais descia por minha garganta; não conseguia encarar ninguém, estava repleta de vergonha por ter sido exposta daquela maneira, todos virão, não foi um machucado que consegui esconder, desta vez eu não sei se conseguiria me recuperar.

Porque a vida é isso, é demorar para se recompor, é também desistir, é sofrer, é chorar, é gritar.

A dor é algo que precisa ser sentido, mas também dominado. Mas como dominar o que te mata?

Apenas não me tranquei no quarto porque depois do que aconteceu com Taehyung, Jin não quis deixar a chave comigo, mas eles não insistiam e me deixavam sozinha. Exceto Jungkook que frequentemente me visitava, mas não chegava perto, eu não deixava.

Eu não o encarava e não o deixava me tocar. Não conseguia. Qualquer toque me lembrava o do meu assassino, minhas memórias ficavam voltando frequentemente, martelando em minha cabeça. Eu tinha pesadelos frequentes e crises intensas, Hoseok deixava remédios ao lado da cama e quando não suportava mais eu os tomava, ajudava um pouco, mas quando tinha paralisias do sono não havia o que fazer.

Conseguia ver Joshua em cima de mim perfeitamente e tinha crises de choro por horas, Jungkook entrava no quarto assustado e preocupado e quando tentava se aproximar eu gritava e o empurrava, me encolhendo e com medo.

Essa se tornou minha rotina, chorar, gritar, chorar e chorar. Não conseguia me olhar no espelho, olhar meu corpo ou tocá-lo.

Jeon destruiu meu celular naquela noite, então assumiu uma desculpa para minha tia e Mingyu veio me procurar, ele viu as fotos. Mas ninguém, nem mesmo eu, o deixei entrar no quarto.

-Min-Jee... -Taehyung estava em pé ao lado de Jungkook dentro do quarto.

Apenas uma situação catastrófica poderia deixá-los juntos, lado a lado agora, eu realmente estava deplorável... Morta.

The Love KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora