🎭Capítulo•29🥀

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A vida nem sempre é justa, na verdade a injustiça está mais presente do que imaginamos. A vida é traiçoeira, egoísta, amarga e má... Sádica, gostando de nos ver sendo destruídos dia após dia. Ela não ajuda ninguém e são poucos os abençoados que podem descrever sua vida como "aceitável", porque perfeita não existe nenhuma, o que existe é o poder e o dinheiro, isso faz a vida ser suportável. 

Porém, eu nunca fui um deles e aparentemente eu nunca serei, para a vida eu sou só mais um, descartável ser humano que ela tortura a fim de eu me ajoelhar e implorar para que ela me entregue a morte, que é uma verdade mais dolorosa ainda, porém não ilude ninguém. Ela é odiada, temida, mas é verdadeira, ela sabe que não é uma algo amável e diferente da vida, não veste um manto romantizado. 

A pior parte é quando se é adolescente, porque um probleminha vira algo grotesco, algo amedrontador, quando na verdade nem era tudo isso. Meu irmão não é assim, pelo menos nunca demonstrou para mim, ele voltou na noite seguinte, estava fraco, foi espancado segundo ele para "aprender o lugar dele". 

Perguntei o porquê de deixarem fazer isso com ele, Hyeon disse que eles ameaçaram me bater e, na cabeça dele, como irmão mais velho e minha única família, ele não deixaria isso acontecer. Meu irmão é um babaca, eu conseguiria aguentar um soquinhos, já aguentei antes, já aguentei até o menino da escola arranhando meu braço com um estilete. Ninguém fez nada, nem precisou, no dia seguinte eu joguei um tijolo, que achei perto de casa, na barriga dele. 

Hyeon ficou furioso, mas eu sabia que se desse outro tijolo ele também arremessaria, enfim, tive que cuidar dele como eu pude até que o mesmo se recuperasse por completo, ou quase, já fazia dois anos que estávamos ali, naquele lugar imundo e desprezível, cheio de almas vagantes e corpos vazios. 

Dois anos que éramos estudados, passávamos por cirurgia, testes físicos e psicológicos, o que eu considerava pura tortura, mas estávamos destinados a isso. Podia ver um áurea do meu irmão ficar cada vez mais negra e sombria, envolvido em um abraçado carinhoso de tristeza e cansaço, mas ele não falava para mim, sempre sorria e tentava fazer daquele quarto um refúgio, o nosso refúgio, ele dizia que ali ninguém nos machucaria. 

Tudo isso ficava mais suportável com Hoseok e Nayeon, eles estavam ali desde sempre e eram praticamente irmãos, eles sabiam relevar as coisas e me animar, principalmente o garoto. Hoseok era mais alto que eu e sempre estava com um sorriso no rosto, mesmo quando Nayeon teve que refazer seus pontos porque eles abriram após uma cirurgia, pelo o que entendi como ele era da área de saúde, estavam tentando deixar ele resistente a tudo, o que parecia que o deixava cada vez pior. 

Já Nayeon as vezes voltava gritando e chorando, mas no dia seguinte ela sorria para nós e dizia que estava bem. Ela nunca contou o que acontecia com ela na área psicológica, ela falava que poupava os nossos problemas e que não queria arranjar mais pra gente. 

Pura besteira, visto que somos melhores amigos agora, mas tudo bem. 

Eu havia acabado de passar por mais uma cirurgia que, pelo o que eu ouvi antes de cair no sono da anestesia, era para que eu crescesse com o corpo já desenvolvido, porém isso estava acabando comigo. Tudo doía demais, eu estava chorando e eles haviam levado meu irmão assim que cheguei, ou seja, ele demoraria para voltar, provavelmente na manhã seguinte ou tarde da noite. 

-Tá doendo, doendo muito. -Falo chorando, me retorcendo na cama. 

-Calma, calma, vai ficar tudo bem. -Nayeon diz sentada ao meu lado e acariciando meus cabelos. 

Começo a soluçar e resmungar. 

-Eu quero o meu pai. -Falo segurando a mão de Hoseok, eles se entreolham. 

The Love KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora