The Love Killer

🎭Capítulo•46🥀

⚠️ATENÇÃO⚠️

🎭Este capítulo contém cenas que podem causar gatilhos🎭

🥀Se você for sensível a este tipo de conteúdo, recomendo que não leia ou pule caso se sinta desconfortável🥀

🎭Não quero que passem mal com a leitura🎭

🥀Caso contrário, leia por sua conta e risco🥀

💜Boa leitura💜

Dizem que o bicho papão é uma lenda, o monstro no armário ou embaixo da cama, que ele não existe, uma pequena mentira para assustar crianças. Que ele habita no escuro, que pega as crianças e não as devolve.

Mentiras.

Ele não pega criancinhas, ele rouba seus sonhos e o seu brilho. Ele gosta quando te faz chorar, ele quer te ver gritar, amaria ver o seu pescoço quebrar entre seus dedos, sentiria extasiado ao ver seu sangue escorrer, ele necessita acabar com tudo de bom que há em ti. Ele não se esconde embaixo da cama ou no armário, ele não gosta do escuro, pelo contrário, ele está ao seu lado, a todo momento. Ele ama a luz, quer que todos o vejam, quer que todos o contemplem, o venerem, querem que vejam o sorriso que roubou de outras pessoas inocentes.

Ele existe. Eu sei disso, porque a vida inteira ele andou ao meu lado.

A única verdade no meio disso tudo, é que ele não possui forma. Realmente, ele muda conforme as estações, conforme crescemos, ele se adapta para nos assombrar um pouco mais, mas ele nunca, jamais, irá embora.

Primeiro começou com o meu pai, seu sorriso sádico, seu grito alto amedrontador, seus passos pesados que todas as vezes que ecoavam pela casa eu me encolhia, sentindo que o próximo passo seria com sua bota em minha garganta. Eu tinha medo de morrer, pobre garotinha indefesa... Não posso levar toda a culpa, ninguém me ensinou que o que eu deveria temer era a vida, porque infelizmente quem sobreviveu fui eu.

Vi o monstro do armário esfaquear minha mãe repetidas vezes, vi seu sorriso em meio ao sangue e não pude nem sequer gritar ou chorar, tinha que ficar encolhida, mas fui descoberta e corri para viver. Idiota! Eu deveria ter ficado, eu deveria ter morrido, eu deveria...

Depois ele se transformou, mas não sumiu da minha vida. Ele se transformou, estava presente nas crianças que faziam bullying comigo, presente nos gritos de raiva da minha tia, na rejeição do meu primo, naquele cartão idiota de quinze anos, naquele bom moço que se revelou e provou que a mão que acariciava também poderia machucar...

Ele nunca vai embora, é a parte obscura das pessoas, todos o temos guardado, é a nossa sombra. Nós inventamos, com medo de encarar a verdade, que esse monstro se esconde no escuro, mentira... Ele está ao nosso lado, na nossa família, amigos, sala de aula, dentro de nós mesmos, ele sempre esteve aqui...

-Me espera aqui, ok? -Foi o que minha tia disse ao me colocar sentada no banco e entrar na sala do julgamento.

Mingyu estava ao meu lado, brincando com alguns soldadinhos de plástico, ele era alguns centímetros mais alto do que eu. Minha tia havia me vestido essa manhã, eu estava com um vestido azul claro, um casaco azul escuro e sapatos pretos.

Eu encarava eles, eu nunca havia vestido algo assim, era novo para mim, minha mãe trabalhava como doméstica, então não tínhamos muito. Meu primo parecia acostumado. Acho que qualquer criança ao ganhar isso deveria se sentir feliz e agradecida, mas eu não, eu queria chorar, tirar aquilo e voltar para a simplicidade do abraço quente da minha mãe.