🎭Capítulo•25🥀

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Sempre me perguntei o porquê dos adultos serem tão chatos, sempre sérios, calculistas e frios. Parecia ser tão mórbido ser um adulto, eles não emanavam luz ou qualquer resquício de alegria, pelo menos os adultos que eu conhecera nunca mostravam tais emoções. 

Meu irmão não é um adulto, ele está quase lá, mas ainda é jovem, mesmo assim, sinto que a luz dele está se apagando, ele a acende somente quando eu estou por perto, mas eu escuto ele chorar baixinho de noite e clamar por alguém que ajude. Um dia achei que ele era louco por falar sozinho, mas ele disse que não falava para o vento e sim com um tal de Deus, não entendi de primeira, mas quando ele me explicou vi que se tratava de um Super Herói ou pelo menos foi o que eu absorvi de tudo aquilo. 

Ele tinha poderes, óbvio, qualquer herói tem. Ele curava as pessoas, mas também podia levá-las embora, mais tarde meu irmão me disse que ele levou o meu papai, desde então parei de gostar dele. Não entendia, meu pai não era nenhum vilão, por que esse Deus o pegou?

Não sei e nem quero saber, só espero que ele não leve mais ninguém que eu amo ou eu mesmo terei que falar com ele, seja lá como se faz isso. Embora ouvisse meu irmão chorar todas as noites, ele sempre sorria perto de mim e brincava comigo, mas quando nossa mãe ficou doente e indisposta, tive que trabalhar, meu irmão não queria isso, mas não tinha mais jeito. 

-Deixe-me ver suas mãos. -Ele diz sentado no colchão fino e rasgado que chamávamos de cama. 

-Está tudo bem, foi só um arranhadinho. -Digo me encolhendo.

-Jungkook, me mostra logo.- Ele fala tentando pegar minhas mãos, mas eu não deixo. -Hm... Eu tenho dinheiro para comprar uma latinha de refrigerante, se quiser, é seu. Mas vai ter que me mostrar suas mãos. -Ele diz e escuto som de moedas. 

Me sento no colchão e o encaro animado, mas ele franze o cenho. 

-Te bateram de novo?- Meu irmão segura meu rosto. 

-Relaxa, eu revidei desta vez, arranquei um dente do outro moleque. 

-É? E da outra vez que ele quebrou seu braço?- Meu irmão lembra, irritado. 

-Os pais deles são ricos... Ninguém nunca vai fazer nada. Eles ainda me chamam de rato, de bastardo e coisas assim, mas tá tudo bem. - Falo com a voz trêmula.

-Sinto muito, não posso te mudar de escola, é a única que nos aceitou. -Ele diz colando nossas testas. -Mas você sabe que não é nada disso, não sabe?

Sorrio.

-Uhum... Papai sempre disse que sou um homenzinho lindo e corajoso, então acho que sou isso.- Falo animado. 

-Exatamente. Agora as mãos. -Ele pede e eu suspiro, as mostrando. 

Estavam todas cortadas, arranhadas, sujas e roxas. Meu irmão suspira, triste e com raiva.

-Te fizeram carregar aquelas pedras e amarrar as cordas. - Ele pergunta. 

Assenti. 

-Já disse que era para eles pegarem leve!- Meu irmão fala se levantando, irritado. 

-Fui eu que pedi. 

-O quê?- Ele me encara confuso. 

-É o serviço que eles pagam melhor. Posso aguentar.

-Jungkook você não precisa passar por isso, eu estou trabalhando também, eu... -Ele se agacha em minha frente. 

-Só o seu emprego não nos sustenta, você sabe disso, anda mais com os remédios da mamãe. -Digo. -Lembra que ainda temos contas para acertar. -Falo me levantando. 

The Love KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora