Segunda-feira feira às 18:07 na Residência Hale, Worstate (Canadá).
A alvorada surgiu mais uma vez. Os raios solares tocam o tecido da minha pele, fazendo-me sentir vivo novamente. Mesmo não assumindo, existe um planejamento para mim: unir os pedaços deixados para trás, me conectar com o ambiente, as pessoas e o clima.
As imagens que borbulham em minha mente, se dissipam como uma nuvem de fumaça. Não consigo conhecê-las e nem compreender o motivo da sua existência, mas está me consumindo secretamente entre as horas. A vigente perspectiva me preenche de dúvidas. Me sinto fora do mundo, tendo que me adaptar a todo momento. Este bairro que nem conheço as faces dessas pessoas. Casas tão próximas umas das outras, como se pudessem sentir minhas lástimas e invadir casualmente meu íntimo.
Perante as horas iniciais do novo dia, desfrutei do criado-mudo e seu espaço. Inseri a cadeira numa favorável posição embora pouco vivenciada por mim. A vista panorâmica, é uma plausível tentativa de reaver meu hobbie favorito. Criar algo tão realista numa folha em branco, é como nadar a favor da maré, simplesmente com uma canoa feita de um degradável material, assemelha ser tão fácil e o certo a se fazer.
Nada que destrave as linhas invisíveis do caderno. Apenas conseguia ver uma densa nuvem escura, e que eu poderia tocá-las com minhas mãos, possuindo as visíveis cicatrizes daquele acidente. As marcas do tempo não levam consigo, permanecendo até o último suspiro e o prender do respirar. Na tentativa de afrouxar mais uma vez as amarras do tempo, minhas mãos estremeceram, como se eu pudesse perder o controle a qualquer momento. Não tinha o comando e porventura será eu a marionete mais controlável no presente.
No instante de fúria, joguei o lápis no chão. Corri em direção à cama e me espremi entre o travesseiro e corriqueiramente já estava lacrimejando. O assombro de mais uma vez o mesmo temor percorrendo meu corpo. O medo de não conseguir continuar é real, atroz e age celeremente com o rugir das horas, porventura não tenho mais tempo para o dissabor do calvário. Os dias correm e as cicatrizes continuam a todo sempre.
O dia percorreu vagarosamente. Ao menos consegui realizar à refeição da tarde na cozinha, acompanhado dos belíssimos aromas dos seus manjás. Suas habilidades com a culinária poderia ser comparada a minha em relação as ilustrações.
O ponteiro do relógio apenas se aproximava do meu primeiro dia no novo colégio. É o final do último semestre. O baile de formatura se aproxima e todos os rituais categoricamente propocionados a nós. Sempre tive as melhores notas de artes, também pratiquei aulas particulares, e esse pensamento intervém novamente aos meus pais.
Particularmente não se agradavam de minha arte, que era direcionada e dita por eles. "Isso é coisa de mulher, Mason". Era um sinal, e recusei-me a acreditar em tal falta de empatia que emanava deles. Não queria enxergar que em algum momento teria que enfrentar a desaprovação do mundo e das pessoas que aparentemente me amavam. Será eu o merecedor de tamanha barbárie humana.
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Até Que O Dia Termine - Romance Gay
RomanceA vida pode ser boa ou magicamente trágica, apenas precisamos saber quem seremos até que o dia termine. Após a crise da AIDS ter causado inúmeras mortes e diante da falta de informações sobre um tratamento eficaz, o amor se tornou a cura mais acessí...