Terça-feira às 12:37 na Residência Hale, Worstate (Canadá).
Seus olhos se apagaram perante minha flácida figura. O mirar se fixou no seu corpo ao desmoronar no pavimento frio e pisoteado anteriormente pelo amontoado de pessoas. Notei seus lumes cessarem, o rosto pálido e inerte no corredor. Antes de qualquer intervenção humana, meu corpo sucumbiu à perda. A híbrida emoção que se alternou entre a culpa e a possibilidade de salvar a sua vida.
Alex faz parte da minha família agora. Quem seria eu com a possibilidade da sua vida desaparecer. A perda fatídica dos meus pais, tal conflito com a ventura anterior de minhas ações. Ele estava tão perto, atravessei o fantasiado imaginário, até que meu corpo reagisse com uma enérgica ação, movimentando meus membros inferiores. À morte circunda novamente a minha vida, através de outros olhos, corpo e mente.
Inerte no lugar em que as partículas que geram o relógio humano, pararam, parece tão digno. Na minha cabeça se passaram dias numa montanha sombria e solitária, mas algo me puxou para esta realidade. Alex acordou em meus braços. Sua pele ainda gélida, mas o intenso azul dos seus olhos permaneceram. O tecido pálido que é considerado o maior órgão do corpo humano.
Fitando sua figura e notando tal fragilidade. O período emocional que ronda seus dias, dissimulando uma normalidade. A verídica atuação que ele desempenha diariamente, não engana as almas perdidas. O favorável clima não desperta nenhuma admiração. O meu mundo é escuro. As folhas que caem adjacente ao outono, não vislumbram a paisagem que reflete através do meu aparelho visual, ainda sem cor ou vida. Porém, quando seus olhos acenderam mais uma vez, outra porta também foi aberta.
Espero que ao final do corredor, possamos sair dessa juntos, por enquanto, me contento em saber que seu coração continua vivo e que não fui testemunha de uma casual perda. Convivo prematuramente com este sentimento, mas não foi hoje que iríamos debruçar sobre os lençóis. Não perderemos nenhum Cox agora ou futuramente.
A lista rasurada por Carly foi concluída. Anteriormente no caixa ao realizar o pagamento das compras. Me senti preso a ele, capturando a ligeira ausência da cor dos seus olhos.
A mulher responsável por verificar os produtos, notou tal emocional conturbado, mas não houve intromissão. Um intervalo no repouso do tempo, me permitiu respirar novamente. Poderia descrever a cor dos seus cabelos, a maravilhada tonalidade branca da sua pele, e o visual doce que emana do seu traje e gestos dóceis. Ao finalizar o trajeto curto para casa, pareceu infinto. Meus pensamentos se dirigiram até Alex. Como eu poderia esquecer aquela cena? A convivência com à morte provavelmente me tornou uma criança.
Não poderia codificar as ações que trariam uma futura benesse. Não queria que a vida de ninguém sumisse perante meus olhos. O passado ainda se entrelaça com o meu melancólico presente.
Simplesmente tentando seguir a vida em uma nova cidade, casa e possível amiga. Ela me alertou desde o primeiro dia, quando meus pés tocaram no salão e tentou se conectar com as pessoas. Elas me inspecionaram com uma vigente curiosidade. Quem será o garoto novato, que espreita as paredes dessa instituição ao curto prazo anual.
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Até Que O Dia Termine - Romance Gay
RomanceA vida pode ser boa ou magicamente trágica, apenas precisamos saber quem seremos até que o dia termine. Após a crise da AIDS ter causado inúmeras mortes e diante da falta de informações sobre um tratamento eficaz, o amor se tornou a cura mais acessí...