Quinta-feira às 23:47 em New Island Beach, Worstate (Canadá).
Mesmo que a lua tenha se opondo ao sol, e trazendo consigo toda a densa escuridão, pude observá-lo: A coordenação do seu rosto, curvas verticais, extremidades que formam toda a esbelta escultura exposta. Seu rosto está em minha mente, e porventura nas rasuradas folhas que almejam uma extrata inspiração.
Não poderia pausar por nenhum momento. Caído sobre a faixa de areia, e as novas escoriações que nasceram com a incessante perseguição. Nada se opôs a ele. Não posso descrever a comoção ou por qual motivo me sentiria seguro com um estranho. Nenhuma linha que transponha o tempo, é capaz de referenciar tal infame.
Nem a aproximação de Nate Prescottñ me faz recuar perante o meu olhar. Mesmo com o ápice noturno, seus fios loiros se mostram visíveis, além de algumas ilustrações em seu corpo. Poderia apreciar durante horas, mas não consigo mencionar o motivo de tal admiração.
Uma dormência predomina em algumas partes do meu físico. Notei meu braço com alguns traços de sangue, ocasionado anteriormente pela queda. Uma ardência também é sentida. Me ergui lentamente a ficar de bruços. Alterando minha visão para trás, apenas poucos metros me separam desses seres desprezíveis. Tentando repor todo o ar consumido, as palpitações ainda mutilam meu pensamento. Em condições desiguais, aquele rosto de alguém plenamente estranho e sozinho, numa praia com um breve relance a ilha, me traz um equilíbrio emocional e adverso. Os urros coléricos se divergem, ocasionando uma espécie de frenesi em meu vínculo estrutural.
Não teria muito tempo para decidir, tentar fugir ou confiar minha vida a um estranho. Ele persistiu a me olhar em ambas às direções. Com um traje discreto, algumas tatuagens fogem da proteção do seu tecido escuro, aparentemente macio e confortável.
Tentei inibir qualquer pensamento desnorteado. As vozes dos aparentes caçadores noturnos se aproximam, mas não tão cérele anteriormente. As partículas que moldam o tempo, torce para uma disponibilidade maior de análise. Seu olhar frio, porém, uma dor emocional é escondida por trás de toda admirável corpulência e sua alta estatura. O tempo está se esgotando e meu histórico de confiar em seres humanos não soa ao meu favor, mas Cassie teria mudado o constante vício. Ele poderia simplesmente me ajudar ou se unir aos desbravadores, ociosos por uma tortuosa sova.
Explorando seu olhar, teria encerrado as notórias resoluções. Ainda em reluto, indaguei outra vez, pedindo ajuda. E neste instante, nossos olhares se encontram mais uma vez, como se não houvesse fim, dúvidas ou qualquer arbitrariedade ao enlace emocional.
— Me ajuda? — Supliquei.
Devorando meu emocional, ele estendeu à mão. Mesmo de luvas, pude transpassar além do tecido estrutural, nos ligamos velozmente pelo iminente pedido. Entrelaçamos o primeiro contato através de uma simples proteção preta e pouco cordial.
De pé, Nate já está a menos de cinco passos de nós. O rapaz ao meu lado, não se moveu e nem esboçou nenhuma reação de pavor, como se tivesse o controle de toda a situação. Queria me sentir assim, em posse de alguém em plena discrepância das ações, apenas o medo me consumindo. Adjacentes a nós, param e me olham. Ofegante e transpirando. Nate me olhou e depois analisou o rapaz ao meu lado. Não consigo decifrar suas perversas ambições, e nem os meus periféricos ferimentos me destruíram o suficiente.
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Até Que O Dia Termine - Romance Gay
RomanceA vida pode ser boa ou magicamente trágica, apenas precisamos saber quem seremos até que o dia termine. Após a crise da AIDS ter causado inúmeras mortes e diante da falta de informações sobre um tratamento eficaz, o amor se tornou a cura mais acessí...