A vida pode ser boa ou magicamente trágica, apenas precisamos saber quem seremos até que o dia termine.
Após a crise da AIDS ter causado inúmeras mortes e diante da falta de informações sobre um tratamento eficaz, o amor se tornou a cura mais acessí...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Terça-feira às 21:59 no Colégio BlakeWood, Worstate (Canadá).
Cada um de nós contém algo para ser consertado, deixamos pelo caminho as partes de nossas emoções e quando notamos já não sentimos mais nada. A dor estará lá, escondida no seu interior, e no momento mais improvável, será dominado por ela até que fique de bruços.
Repeti esses pensamentos enquanto Alex me fez ir até meu interior, inspecionar minhas fissuras e revirar minhas feridas mais uma vez. A recordação de uma data meramente trágica. Amanhã fará uma semana do acidente. À morte fatídica dos meus pais, resultante do meu expor mais íntimo, do simples desejo pela vida. Será o filme mais assistido por mim, sendo o único sobrevivente. A cena incessantemente repetida, sem pausas no tempo, ou a milimétrica oportunidade para respirar, é algo que está dentro de mim. A tenebrosidade da minha corriqueira vida manchada por sangue.
Me mantive em alerta durante todo o período diurno. Alex permaneceu recluso em seu quarto, não fiz mais perguntas ou indagações, brevemente dirá o que lhe aflinge. Vejo em seu mirar o quanto acredita em mim. Meu medo vai além do nosso laço familiar, retomar a dor do luto se tornou algo evitável até o predominar do respiro.
Carly não supôs nada fora do comum, por quanto tempo isso persiste. O que aconteceu nessa família que o machuca tanto. Minha tia não superará qualquer arco que atinja o seu filho. Ela deposita todo o seu amor naqueles pares de olhos azuis. Seu amado filho permite que ela veja apenas a vagante cor azul dos seus olhos e faz viajar pelos belos horizontes e campos suaves. A neblina do seu olhar pode ser vislumbrada apenas com a figura exposta a quilômetros de distância do trajeto original.
Eu sondei ela por algumas tentativas, mas seu riso natural e leve o suficiente para andar sobre as águas não pensou em nenhuma pista. Nós dois estamos passando pela dor da perda. Não me lembro exatamente o tempo que seu marido deixou de residir entre as paredes, ou espontaneamente não mais acaricia seus cabelos que, contém os aromas das rosas cultivadas cuidadosamente em sua floricultura. Suas preferidas são: girassóis e as estrelicias.
Meus pensamentos cessaram quando os gritos raivosos da platéia aumentaram, retornei para meu atual momento. Cassie está ao meu lado e eufórica pelos três pontos que o time adversário conseguiu fazer.
Estamos na última aula, a menos atrativa para mim. É meio entediante ver todos esses garotos correndo para ambos os lados, enquanto sua incessante respiração fica célere e seu corpo começa a transpirar. Nunca fui bom em esportes. Adam haveria surgido, não que eu tivesse me tornado bom após sua aparição, mas era interessante vê-lo jogar pelas laterais, tão perspicaz e ótima mira, provavelmente será a resposta para o nosso empecilho.
Mais uma cesta foi marcada, agitando os urros da multidão. A quadra de esportes está literalmente lotada. Hoje é o meu segundo dia de aula e ainda encontro-me perdido entre esses olhares interrogativos. Cassie parece alegre ao meu lado. Seu traje está mais despojado, e o mesmo cachecol vermelho. Ela tocou no tecido, como se tivesse uma intensa recordação ou um presente de alguém especial.
