Terça-feira às 01:27 no Hotel San Lake, Worstate (Canadá).
Eu nunca acreditei em anjos, e jamais imaginaria que eles usassem preto, porém, esses olhos que admiraram o mar, contém toda a história que explicaria o meu fascínio. Os membros trêmulos e as aventureiras borboletas que sobrevoam meu estômago, deixando-me inerte perante o seu mirar. Exposto ao íntimo contato, mas seus polegares mantém a mera proteção revestida pelo tecido escuro.
O enumerado contato visual que temos, provavelmente já ultrapassou os últimos contáveis algarismos, rompendo a maior quantidade de tempo que passamos juntos em qualquer outro evento.
Meu coração desligou a barreira do tempo, mantendo-se em constante erupção embora meus membros se mantivesse numa linha tênue, desligando-se das emoções que o fizessem criar vida. Não tenho mais os controles das minhas ações.
No ápice anterior, pude ouvir sua voz ressoar no cômodo, desfragmentando as abstratas ameaças do Prescott. Mesmo que ele não tenha insistido na minha permanência durante sua soluta presença, não neguei os perdidos do coração. Ainda não compreendo, também não sei descrever o invisível caminho que se escreve entre nós dois ou casuais encontros que porventura tenham salvado a minha vida.
Todo o seu corpo é tão complexo para descrever em palavras, porém, as folhas seriam minha voz, e o lápis o principal órgão principal, responsável pela transmissão da comunicação humana.
Outra vez não tenho a oportunidade de copiar as suas linhas que formam os músculos superiores ou as tatuagens que estão visíveis em seu pescoço. As mais complexas encontram-se em pleno esconderijo.
O tecido que não permite o vislumbre humano. Ele parece tão perto e distante ao mesmo tempo. Imagináveis momentos, mas a única coisa que vem em minha mente, é ele. Seus olhos que parecem brilhar e sem um sinal que indique o inédito fenômeno.
Atendi seus conselhos, permaneço deitado na cama. Com o sinal positivo, ele direciona seus passos ao pequeno móvel que está ao lado da cama. Não consigo parar de observar cada movimento seu, como um cinemático filme que eu provavelmente iria rever inúmeras vezes, e sempre pelo mesmo motivo.
Na superfície, segurou um recipiente. Moveu o pequeno banco e insere na minha lateral esquerda e pousa o recipiente sobre o mísero móvel. Retornou para o criado-mudo, bisbilhotou as gavetas, até que cessou seus velozes movimentos ao encontrar um frasco com algum líquido contido, aparentemente um anti-inflamatório, também alguns algodões que ainda estão na embalagem.
Retornou sua visão para mim. Eu sinto seu inerte olhar que teve um único objetivo, minha flácida e indefesa figura. Assisto toda a sua alta estatura e densa massa muscular, além das linhas definidas em ambas as partes do corpo. São como uma escultura viva, uma obra acabada e que conquistaria vários espectadores e admiradores pelos arredores da sua presença.
Ele guiou-se até meu corpo estarrecido sobre a cama. Retirou o recipiente sobre a superfície do banco e assentou, deixando-o sobre suas longas e delineadas pernas, também os outros materiais que ele transportou.
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Até Que O Dia Termine - Romance Gay
RomansaA vida pode ser boa ou magicamente trágica, apenas precisamos saber quem seremos até que o dia termine. Após a crise da AIDS ter causado inúmeras mortes e diante da falta de informações sobre um tratamento eficaz, o amor se tornou a cura mais acessí...