Segunda-feira às 18:07 na Residência Hale, Worstate (Canadá).
Quando encontro-me com seus olhos, parecem tão fáceis de serem ilustrados. Cada contorno, linhas que formam o seu plácido rosto. Aqueles lábios para decifrar a tonalidade. Meus lápis não seriam o suficiente, contrapõe a qualquer arte humana.
Meus pés continuam no chão, algo que me segure entre as quatro linhas que sustentam o universo. Será ele a minha gravidade, oxigênio e a injeção diária de ânimo. Ele é alguém que não conheço, porém sei que preciso.
Meu coração haveria dito adeus. Aqueles fios loiros. A esperança de desvendar o que motiva os olhos que me salvaram, me atinge sem um único toque.
Não sei o que o universo está preparando para nós, porventura esses encontros ocasionados sejam apenas um presságio. As imagens que mostraram o seu rosto novamente quando simplesmente as folhas ocultavam o céu.
Eu vi os meus pais, eles estava ali em minha frente. Meu coração estremeceu, esmagado pela culpa e a súbita esperança de ser feliz outra vez, até que o universo o trouxe para mim, de modo tão fantasioso. Os maiores escritores literários questionariam tal benesse.
Ele estava ali, eu simplesmente não senti nada, entretido com os afazeres da floricultura. Não o vi chegar. Meu coração quase burla todo o sistema respiratório que é uma peça essencial para o funcionamento diário.
Mesmo com a hilária cena que machucou o seu nariz. Ele estava tão lindo anteriormente. Todo o tecido que oculta seu físico, não pode esconder o maravilhado mundo que traz consigo. Vivenciamos o mesmo sentimento, mas não sabemos como se mover entre as emoções. Qual o próximo ato ou o inusitado encontro?
É possível que haja espaço para um nobre sentimento. O quão posso entregar-me por inteiro, para alguém quando a última vez me perdi nas dolorosas fábulas ditas por Adam. Ali não existia mais um coração, o vazio se ocupou, mas preenchido pela dor.
Quantas vezes seriam necessárias para que sua voz não se oponha em minha aparição. Mesmos tão adjacentes, sinto uma barreira que nos divide. Ele não foi embora ao nascer do crepúsculo, estava ciente de que não o veria mais, até que será ele o perseguinte.
Meu imaginário declinou ao se auxiliar com o cotidiano. Ao nascer da alvorada o meu despertar reiniciou todas as ações e no instante me questionei quando nos veríamos novamente. Não temos contato, também não sei onde ele mora e ao menos o seu nome que reside oficialmente na certidão.
Até que Nate Prescott surgiu repentinamente, não houve desistência. Não sei quando ele irá me perseguir novamente ou qual conturbado pensamento ronda toda a sua exposta conjectura, mas existe uma aflição. Mesmo sem respostas para tal desvencilhar, não serei o motivo para a interminável dor que rege o seu mundo.
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Até Que O Dia Termine - Romance Gay
RomanceA vida pode ser boa ou magicamente trágica, apenas precisamos saber quem seremos até que o dia termine. Após a crise da AIDS ter causado inúmeras mortes e diante da falta de informações sobre um tratamento eficaz, o amor se tornou a cura mais acessí...