28.

11.5K 709 252
                                    

"Que porra eu acabei de testemunhar?"

Eu me virei para encarar Mariana, cuja expressão estava congelada entre diversão e espanto.

Ela estava olhando entre o carro de Ret e eu, o zumbido familiar de seu motor ecoando pela estrada enquanto ele acelerava.

"Eu..." O ato repentino de Ret me deixou sem palavras. Olhei para onde seu carro estava estacionado um momento antes, balançando a cabeça. "Eu não faço idéia."

Com outro olhar ao redor da rua deserta da manhã, percebi que, na ausência de Ret, outro Sedan preto provavelmente pararia momentaneamente para tomar seu lugar, considerando que eu não tive nem um segundo de paz nesta situação adorável que eu estava atualmente.

"Jesus, Luisa" Mariana correu para acompanhar o meu ritmo em direção do estúdio, estendendo a mão para puxar o meu moletom pra baixo. "Ele fez isso?"

Olhei por cima do ombro para ela e senti o calor subir em minhas bochechas. Enfiando a mão na bolsa, retirei as chaves do estúdio e as enfiei na porta da frente.

"Eu tô chocada" Ela zombou, apoiando o braço acima da cabeça na parede para olhar para mim. A própria ação dela fez eu me fez sentir pequena e tive vontade de recuar, de repente envergonhada por alguém que não seja ele esteja vendo isso.

"Você... tá bem?" Ela murmurou baixinho.

Mais uma vez, sua energia mudou para aquela proteção cautelosa e apreensiva que ela tinha antes de Ret quase me atacar na frente dela.

Como um predador avaliando sua competição, fazendo o que fosse necessário para proteger o elo mais fraco.

Exceto que eu não sou o elo mais fraco.

Eu sou forte sozinha e não precisava dessa proteção - nunca precisei, não é agora que tudo isso vai mudar.

"A Carol te falou algo sobre como a Taylor está?" Eu perguntei, empurrando a porta da frente aberta. O sino acima de nossas cabeças tocou e eu deixei cair minha bolsa na recepção ao nosso lado.

"Ela está com saudades!" Mariana sorriu, deixando a porta se fechar atrás dela. Ela deu alguns passos à frente, olhando lentamente ao redor do estúdio. "Eu fui junto com a Carol, nós demos um banho nela pra você."

"É sério?" Eu ri, circulando ao redor da mesa para ligar o monitor. A tela zumbiu para a vida.

Era uma piada corrente entre nosso grupo de amigas que a Taylor era como minha filha.

Que ela precisa do mesmo tipo de manutenção que uma criança, considerando que sua pele era difícil para ela cuidar sozinha e precisava ser lavada à mão uma vez por semana para limpá-la dos óleos que ela havia acumulado.

A primeira vez que contei que havia adotado a Taylor, todas ficaram enojadas.

Ainda mais quando comecei a ter que deixar nossos planos mais cedo para ir para casa dar um banho nela.

Lentamente, todas começaram a aceitar a ideia e, eventualmente, as noites de banho se tornaram quase uma pequena rotina para todas nós - com todas as garotas se reunindo no meu apartamento semanalmente para dar a Taylor o banho mais trabalhoso do mundo.

"Está muito frio na sua casa, você sabia disso?" Mariana levantou uma sobrancelha. "Além disso, quando que você colocou aquelas fechaduras extras? Seu apartamento tá parecendo um banker!"

Meu coração errou uma batida com suas palavras e instintivamente estendi a mão para colocar minha mão sobre minha bolsa, esperando ter comigo todos os meus documentos - da Rosa - e ter evitado um grande problema com elas vendo isso.

TAÇAS PRO AR | FILIPE RETOnde histórias criam vida. Descubra agora