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"Quanto tempo vai demorar para bater?"
Ret olhou para mim quando ele estendeu a mão para abrir o porta-luvas. Eu afastei minhas pernas um pouco, deixando meus olhos vagarem para suas mãos, que vasculharam uma variedade pacotes e dinheiro para retirar uma pequena bolsa de veludo.
"O calmante?" Ele perguntou fechando o porta-luvas novamente, seus dedos roçando meus joelhos enquanto ele os puxava para trás. Seus dedos habilmente desataram a bolsa, puxando dela uma máscara preta que parecia grande o suficiente para cobrir seus olhos.
"Sim" Eu murmurei, fazendo o meu melhor para manter minha mente ocupada.
"Cerca de meia hora." Disse ele, virando-se para olhar para mim. Seus olhos nublaram um pouco quando encontraram os meus. "Você ainda vai ficar nervosa, Luisa. É só para te acalmar."
Eu balancei a cabeça lentamente. "Você vai tomar também?"
Ret me olhou de cima a baixo como se estivesse pensando o que ele ia dizer, antes de responder secamente. "Não".
Ele abriu a porta, fazendo meu coração pular direto na garganta quando ele saiu do carro. Tentando me lembrar de respirar, fechei os olhos brevemente, antes de abrir minha própria porta e sair atrás dele. Ele estava encostado no capô do carro, me observando.
"Máscara." Foi tudo o que ele disse quando fechei a porta, seus braços cruzados sobre o peito.
A dele já estava no rosto. Preta também, parando logo acima de suas bochechas e estreito o suficiente para que seus olhos se destacassem, deixando em destaque aquele olhar tão expressivo que me faz pensar um milhão de coisas.
Era simples. Simples em comparação com as outras que eu notei que outras pessoas usavam, mas estranhamente combinava com ele.
"Certo" Eu engoli seco, pegando minha bolsa para tirar a coisa cara que eu comprei ontem.
Eu optei por uma que fosse amarrada na parte de trás da minha cabeça em vez de uma que tinha um cabo, então eu não teria que segurar ela no meu rosto a noite toda.
Mesmo que, agora, enquanto eu desajeitadamente coloquei minha bolsa na parte de trás do carro e tentei descobrir como prendê-la corretamente na minha cabeça sem estragar meu cabelo, eu meio que me arrependi.
"Meu Deus Luisa..." Ret reclamou. Ele desencostou do carro e caminhou até mim, puxando a máscara entre meus dedos. Suas mãos estavam quentes e firmes, bem diferente do quão frias e trêmulas as minhas estavam atualmente.
"Vira!" Ele ordenou calmamente.
Eu obedeci, girando nos calcanhares, a respiração presa na garganta quando me foi dada uma visão completa da casa. Uma mansão expansiva em estilo colonial estava à nossa frente, pilares cinzas sustentando a varanda dos fundos que se estendia por pelo menos algumas centenas de metros, iluminada pelas luzes opacas e amarelas que ficavam em cima das inúmeras janelas e pareciam estar me encarando... piscando como os olhos de uma cobra que ia me atacar.
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TAÇAS PRO AR | FILIPE RET
Fiksi PenggemarFilipe Ret, o tatuador e intolerável dono de um estúdio de tatuagem, conhece Luisa, uma menina teimosa e um tanto alheia, que simplesmente não entende a lógica por trás de suas atitudes desagradáveis, mas está determinada a descobrir. Luisa percebe...