24.

10.3K 687 116
                                    

"Fala sério..." Eu provoquei, massageando os vergões vermelhos no topo das minhas bochechas deixados pelos óculos. "Admita. Você se divertiu."

Ret revirou os olhos, enrolando o macacão que acabou de tirar em suas mãos e pegando sua arma do banco.

"Eu não vou admitir nada" Disse ele, colocando a arma de volta no cós de suas calças.

"Você se divertiu." Afirmei, mais para mim do que para ele, jogando meu próprio macacão no banco

Ret os pegou, esmagando junto com os seus.

Seus olhos estavam em mim enquanto eu me inclinei para refazer meu coque antes de ajustar minha gola alta e arrumar minha bolsa por cima do ombro.

"O que eu faço com isso?" Ele perguntou, segurando os macacões em suas mãos.

"Vamos levar lá pra frente" Eu respondi, pegando os dois conjuntos de nossos óculos e começando a descer o corredor em direção à frente do prédio.

"Aí estão vocês!" Isa nos cumprimentou quando entramos na sala da frente. Ela colocou a caneta e os poucos pedaços de papel que ela estava olhando sobre a mesa, antes de girar em sua cadeira em nossa direção. "Foi bom?"

"Muito!" Eu respondi por nós dois, colocando os óculos de proteção e apoiando minhas mãos na borda da mesa. "Eu acho que o chato aqui se divertiu, quer ele admita ou não."

Como se fosse uma deixa, Ret pigarreou desajeitadamente antes de dar um passo à frente e colocar o macacão na mesa ao meu lado.

Seu peito roçou meu ombro e eu senti seu corpo vibrar enquanto ele conseguia dizer em voz baixa. "Obrigado".

"Obrigada você!" Isa sorriu, os olhos dançando entre nós dois brevemente. Ela bateu um dedo na mesa, recostando-se um pouco na cadeira.

"Quanto nós temos que pagar?" A voz de Ret falou atrás de mim.

Virei para ele um pouco surpresa por ele ter agradecido à Isa antes e agora estar fazendo uma pergunta - igual uma pessoa normal.

Ret encontrou meus olhos com um pequeno encolher de ombros.

"Naah, não se preocupe com isso." Eu me virei para ver Isa acenando com o braço na frente dela. Ela se levantou de seu assento e deu um passo em nossa direção, colocando sua mão sobre a minha para dar um pequeno aperto. "Nunca cobro da Luli - ela é de casa! "

"Obrigada princesa!" Virei minha palma para cima, entrelaçando meus dedos nos dela e dando um aperto de volta. "Vou vir mais para te visitar, eu prometo."

"Eu vou cobrar!" Ela riu, me soltando e apontando o queixo para Ret. "Talvez eu devesse pedir pra ele para trazer você sob a mira de uma arma." Com um pequeno abraço de um braço só, ela acrescentou "Vejo você."

"Prometo!" Eu disse novamente, dando um pequeno sorriso antes de fazer meu caminho em direção à porta.

Ret não disse mais nada, mas ele me seguiu enquanto eu saía e se materializava ao meu lado quando estávamos de volta ao estacionamento.

"Ela não se importa que eu tenha uma arma." Ele afirmou.

Eu tinha a sensação de que deveria ser mais uma pergunta, mas saiu soando como um comentário.

Olhei para ele.

"Não mesmo." Dei de ombros, vasculhando minha bolsa para encontrar minhas chaves. "Ela lida com muitas pessoas diferentes aqui. A maioria deles veio de uma educação difícil ou tem antecedentes criminais. Contanto que você seja educado e direcione sua raiva de uma maneira segura, como ela quer que as pessoas façam aqui, ela não vai julgar ou fazer suposições. Ela entende que a vida é uma merda e que é difícil para as pessoas que são constantemente vistas como vilãs."

TAÇAS PRO AR | FILIPE RETOnde histórias criam vida. Descubra agora