**
Ret me acordou algumas manhãs depois com palavras que eu pensei que nunca ouviria ele dizer.
"Você quer ver se suas amigas estão livres pra almoçar com a gente hoje?"
Eu mal abri meus olhos, mas já estava convencida de que ainda estava sonhando.
"Hm?" Piscando algumas vezes para o homem com quem eu estava atualmente deitada na cama, eu fiz um esforço para reunir meus pensamentos. "Você quer ir almoçar hoje? Com as minhas amigas?"
Ret encolheu um único ombro, já que seus braços estavam em volta de mim, seus dedos passando suavemente para cima e para baixo nas minhas costas. Eu me aconcheguei mais perto dele, tentando esconder meu sorriso quando ele se inclinou para beijar minha testa. E então a ponta do meu nariz. Tudo isso foi seguido rapidamente por um beijo profundo na minha boca, um gesto que ele deixou demorar mais do que o necessário.
"Não sei," ele murmurou contra meus lábios. "Faz um tempo que você não vê elas." Um leve momento de hesitação. "E... você não sai de casa já faz uns dias."
Era verdade. A última vez que saímos, ou melhor, eu saí ao lado dele, foi na semana passada, quando fomos jantar. Um passeio que logo se transformou em uma viagem de duas horas onde acabamos estacionados em algum mirante no meio de uma floresta, tendo adormecido com nossos assentos totalmente inclinados para trás, olhando as estrelas pelo teto solar de Ret - conversando assuntos completamente aleatórios e muitos pedidos meus para que ele parasse de platinar o cabelo e voltasse a usar ele natural, um que no caso, eu nunca vi.
"Você realmente quer conhecer minhas amigas?" Eu perguntei, passando meus dedos sobre seu couro cabeludo. "Ou você só não quer que eu vá sozinha?"
Eu poderia dizer que Ret estava preocupado comigo. Não que eu não quisesse sair, só que causar qualquer estresse desnecessário para ele era a última coisa na minha lista de prioridades. Ele deixou escapar alguns dias após o ataque no estúdio que, junto com a segurança normal que tinha que me seguir, em qualquer lugar que eu fosse no futuro próximo - ele também estaria.
Nenhuma parte de mim queria lutar com ele sobre isso, especialmente considerando o quão nervoso ele estava por eu ter sido alvo depois que ele me deixou sozinha. Eu sabia que ele estava se culpando, algo que partia meu coração em dois sempre que eu pensava sobre isso, mas eu não tinha as palavras certas para consolá-lo sobre isso.
Como você diz ao seu namorado assassino, dono de um cartel de drogas, que não foi culpa dele que você quase foi morta em seu estúdio de arte? Tudo o que eu queria dizer parecia errado.
É um território novo para mim. Para nós dois. E enquanto ele passava seus dias correndo, entrando e saindo de casa, tentando resolver uma infinidade de coisas que eu só entendia um pouco, a última coisa que eu ia fazer era estressar ele ainda mais dizendo que queria sair e fazer alguma coisa, sabendo que ele teria que embaralhar todos os seus planos para me acompanhar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
TAÇAS PRO AR | FILIPE RET
FanfictionFilipe Ret, o tatuador e intolerável dono de um estúdio de tatuagem, conhece Luisa, uma menina teimosa e um tanto alheia, que simplesmente não entende a lógica por trás de suas atitudes desagradáveis, mas está determinada a descobrir. Luisa percebe...