Filipe Ret, o tatuador e intolerável dono de um estúdio de tatuagem, conhece Luisa, uma menina teimosa e um tanto alheia, que simplesmente não entende a lógica por trás de suas atitudes desagradáveis, mas está determinada a descobrir.
Luisa percebe...
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"Ei..." a voz falou suavemente atrás de mim, uma mão aparecendo gentilmente no meu ombro. "Luisa. Você tá bem?"
Eu me endireitei, me virando para encarar Orochi, e deixei minhas mãos descansarem em minhas coxas. Esfregando minhas pernas várias vezes, levei alguns segundos para recompor meu cérebro disperso antes que eu pudesse dizer: "Oi, desculpa. Estou bem."
Orochi deu a volta em direção à frente do sofá, onde eu estava sentada só Deus sabe quanto tempo neste momento, e sentou-se do meu lado. As almofadas afundaram sob seu peso e seu joelho roçou no meu enquanto ele me encarava completamente.
Tinha sido um pouco confuso desde que terminei com Ret no chuveiro. Depois de conseguir lavar suavemente ele e seu cabelo, eu consegui levar ele para a cama - onde ele tinha ido praticamente se arrastando, murmurando algo sobre como eu estava toda molhada e que ele queria pegar uma roupa dele pra eu vestir. Mesmo depois de vestir uma de suas camisetas e uma calça de moletom, ele parecia relutante em ir para a cama, ele estava falando arrastado e mal tinha forças para fazer o mínimo como abrir os olhos enquanto me pedia pra deitar com ele, mas eu tive que voltar para conversar com a Marcela aqui embaixo.
Deixar ele lá sozinho foi uma das coisas mais difíceis que tive que fazer, mas agora não conseguia encontrar forças em mim para voltar a subir as escadas.
"O Ret tá dormindo..." Orochi respondeu aos meus pensamentos não ditos. Meu queixo se ergueu para ficar alinhado com o dele, nossos olhos se encontrando. "Eu acabei de checar. Ele provavelmente vai dormir muito... ele vai ficar um pouco fora de sí por alguns dias. Já faz muito tempo desde o último deslize dele, então vai ficar tudo bem quando toda aquela merda sair do corpo dele."
Apenas conseguiu outro aceno solene. "Ok."
"Você não tem obrigação de ficar aqui, você pode ir pra sua casa descansar, eu já lidei com uma recaída dele e-"
"Eu não vou embora."
Orochi ficou em silêncio por um momento antes de suspirar baixinho, acenando com a cabeça. Ele olhou para o meu joelho, que não parou de pular desde que ele se sentou.
"Ele vai ficar bem."
Novamente, eu não disse nada. Mas eu podia sentir as lágrimas se formando no canto dos meus olhos. Minha voz traidora falhou quando consegui dizer, "Tá bom."
"Luisa..." Orochi falou meu nome suavemente, abaixando a cabeça para me ver. "Ei. Olha pra mim."
"Desculpa..." Eu disse rapidamente, balançando minha cabeça, grata que ninguém mais estava ao nosso redor agora. "Me desculpa, eu só-"
"Não se desculpe. Ele vai ficar bem." Orochi estendeu a mão, dando um aperto suave no meu joelho. Ele forçou um sorriso; um que eu poderia dizer era difícil de sair dele também. "Sério. Eu sei que isso é assustador, mas o corpo dele tá muito mais forte pra isso agora, não tão dependente do que ele tomou igual era antigamente. Em algumas semanas ele já vai ter se recuperado-"
