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Eu não poderia dizer exatamente o que aconteceu depois que saímos do hotel.

Nem sei dizer quem me arrastou para fora, me empurrou para dentro de uma das vans pretas e deslizou para o assento ao lado do meu gritando para os motoristas um endereço que não consegui entender.

Eu também não seria capaz de dizer como acabei sentada espremida entre Djonga e Orochi em uma cabine em um bar muito barulhento e lotado com uma bebida na mão. Podem ser os nervos ou a adrenalina, que transformaram tudo em um borrão.

A única coisa que soou alto e claro pra mim, a coisa que eu me peguei pensando quando saí do hotel cambaleando, enquanto me sentava mexendo na bainha do meu vestido na parte de trás da van, era que o Ret não estava aqui.

E eu não tinha ideia de onde ele estava. Ele desapareceu logo depois daquele acordo.

Tudo o que consegui foram alguns segundos de contato visual confuso antes de ele fugir, me ignorando completamente quando tentei ir atrás dele e perguntar o que estava acontecendo, se eu tinha feito algo errado.

Eram as perguntas que eu ficava me perguntando nas horas seguintes, onde eu repassava na minha cabeça tudo que tinha acontecido, tentando identificar exatamente onde eu tinha feito até que chegou um momento que meu cérebro deu um nó.

O que eu me lembrava era da minha capacidade de manter uma conversa sem sentido, que de alguma forma eu tinha sido capaz de me manter engajada o suficiente com todos ao meu redor para conversar sobre o que tinha acontecido, a loucura que foi aquilo.

Eu não tinha ido lá esperando quebrar o nariz e o braço de um homem, mas aconteceu.

Eu me senti tonta, quase eufórica, de uma forma que nunca tinha experimentado antes. O mundo ao meu redor, pelo menos por algumas breves horas, parecia surreal.

Mas agora que a adrenalina tinha passado e a bolha perfeita e excitada que eu me permiti flutuar nas últimas horas tinha estourado, tudo parecia muito real.

A gravidade da situação, o que eu fiz, o que Roberto tentou fazer, tudo me atingiu como um golpe físico. Um que, quando finalmente me vi sendo arrastada de volta à realidade chutando e gritando, fiquei feliz por estar sentada. E que alguém colocou um copo de uísque em minhas mãos.

"Onde nós estamos?" As palavras soaram estranhas saindo da minha boca. Nem parecia minha própria voz. Por alguns segundos, eu não tinha certeza se eu tinha apenas pensado nelas ou realmente falado em voz alta até que uma mão se fechou firmemente em volta do meu ombro.

"Nós estamos comemorando!" Djonga disse passando o braço em volta do meu ombro, parecendo alegre. Marcela colocou a mão ao redor do antebraço dele, arrastando-o para fora da cabine, antes de se colocar no lugar dele.

Ela colocou seu próprio copo na mesa, arrastando um dedo pela condensação, seus olhos nunca deixando os meus. Silenciosamente, ela esclareceu: "Estamos em um bar. Um pouco fora da cidade."

TAÇAS PRO AR | FILIPE RETOnde histórias criam vida. Descubra agora