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Acordar em um lugar diferente é sempre desorientador.

Acordar em um jato, pode ser mais desorientador ainda.

Acordar no jato ao lado de alguém familiar, mas em uma posição que nenhum de vocês estava acostumado, era a coisa mais doida possível.

Foi assim que acordei.

Um pouco fora de si, sem ter certeza de quando adormeci, com a cabeça no ombro de Ret.

Minha primeira reação foi me afastar e agir como se nem tivesse acontecido - torcer para que talvez ele nem tivesse notado.

Isso foi claro até que eu percebi que estava presa sob sua cabeça, que caiu para descansar em cima da minha.

A respiração de Ret estava regular, calma. De vez em quando seu corpo ficava tenso e suas inspirações rítmicas gaguejavam por uma batida com uma respiração extra agitada, apenas para relaxar um momento depois quando seu dedo mindinho se fechava mais apertado em torno do meu.

Nenhum de nossos dedos parecia ter desgrudado durante todo o voo.

Eu estava... estranhamente feliz, sabendo que ele estava descansando. Que ele estava realmente dormindo.

Eu sabia que a viagem duraria 1h e 5 minutos, e levando em consideração do fato de que eu nem me lembro do jatinho subindo, eu devo ter adormecido no processo de decolagem, que demorou um pouco.

Eu não tinha ideia de que horas eram ou quanto tempo estávamos voando, podia fazer só vinte minutos ou uma hora, mas enquanto eu silenciosamente me concentrei no suave subir e descer de seu peito emparelhado com o calor de sua cabeça contra a minha, aconteceu de ser a última coisa em minha mente.

Decidi deixar meus olhos se fecharem, imaginando que eu poderia descansar um pouco mais, até porque eu não ia me mexer e fazer ele acabar acordando.

Mas, meus planos tenham sido rapidamente frustrados quando momentos depois, a porta na divisória que separava Ret e eu dos passageiros no resto da cabine se abriu para revelar uma Marcela de aparência alegre em nossa direção.

O barulho deve ter acordado Ret porque ele se ergueu, inalando um longo suspiro pelo nariz.

Ele passou a palma da mão sobre os olhos, olhando para a área ao redor dele enquanto sua mão livre disparou instintivamente para a cintura de sua calça, pairando sobre a arma que eu sabia que estava escondida lá, antes de cair de volta para descansar em sua coxa quando ele percebeu quem tinha entrado.

"Está escuro aqui" Marcela comentou com as sobrancelhas franzidas antes que qualquer um de nós pudesse falar, sentando-se à nossa frente.

Ela estendeu a mão para abrir as cortinas, mas eu peguei seu pulso com um rápido aceno de cabeça.

TAÇAS PRO AR | FILIPE RETOnde histórias criam vida. Descubra agora