Filipe Ret, o tatuador e intolerável dono de um estúdio de tatuagem, conhece Luisa, uma menina teimosa e um tanto alheia, que simplesmente não entende a lógica por trás de suas atitudes desagradáveis, mas está determinada a descobrir.
Luisa percebe...
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P.O.V FILIPE RET.
Durante toda a viagem, senti como se estivesse alternando entre estar consciente e desmaiar. Não tinha como isso estar acontecendo. De jeito nenhum isso era real.
Um armazém inteiro foi explodido. Logo depois que eu levei Luisa pra lá - Lu. Minha Lu. A correlação era estranha, mas ela não teria feito isso, certo? Ela não teria agido pelas minhas costas pra expor a única coisa que eu disse a ela para manter em segredo.
"Não," eu disse em voz alta e fechei meus olhos brevemente, apertando meu aperto no volante. "Não." Eu balancei minha cabeça. Não tinha como. Ela não faria isso. Ela não é assim. Ela não é como todos que passaram na porra da minha vida e me usaram pra conseguir o que queriam e me deixaram para morrer.
...Certo?
Estava difícil raciocinar enquanto eu dirigia. Eu estava sendo muito rápido em presumir as coisas? Não é possível que ela falaria sobre isso com alguém. Ela não faria isso. Não intencionalmente. Ela é literalmente a pessoa que eu confio minha vida. A pessoa que eu mais a-"
Meu painel se iluminou com uma chamada recebida. Parecia que eu estava dirigindo por uma eternidade nesse momento. Eu nem tinha idéia mais de onde eu estava, só peguei uma reta e segui. Eu só precisava de um tempo pra me acalmar, decidir o que eu ia fazer.
Levei alguns segundos de respiração profunda antes de clicar em conectar na chamada de Orochi. Depois de tudo que tinha acontecido, eu não tinha certeza se queria ouvir mais más notícias.
Poderíamos lidar com a perda de produtos do armazém, eu só esperava que pelo menos alguns tivessem saído vivos de lá.
"Oi," eu disse antes que ele pudesse falar. "Daqui a pouco eu chego aí, eu só-"
"Ret," a voz de Orochi soou diferente de antes. "Ret, cadê você porra?"
"Estou a uns trinta minutos do armazém, eu já vou-"
"Não, eu preciso que você encoste!" Ele disse rapidamente. Sua voz soou estranha. Um pouco grossa - apressada, desesperada. "Você precisa encostar o carro, agora!"
"O que?" Eu franzi minhas sobrancelhas. "Por quê? Eu-"
"Filipe, você tem que encostar a porra do seu carro agora, caralho!" Orochi não esperou pela minha resposta antes de continuar: "Se você vai obedecer alguém pelo menos uma vez na vida, essa é a hora. Encosta a porra do seu carro, desligue e respire, ok?"
"Ok," eu murmurei e liguei o sinal de mudança de direção. A estrada em que eu estava estava deserta. O cascalho rangeu sob meus pneus quando parei no acostamento. "Pronto. Encostei."
"Desliga o carro."
Com um suspiro irritado, fiz o que ele disse. "Está desligado."
"Respira fundo, ok? Antes que eu diga qualquer coisa, só respira fundo-"
