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O aperto firme de Ret na minha mão deslizou até o meu pulso, segurando com tanta força enquanto ele me arrastava para fora que eu senti minha mão formigar.
Meus pés tropeçaram um no outro, tentando acompanhar seu ritmo, e eu mal tive um momento para respirar até que estávamos de volta na frente de seu carro.
"Pelo amor de Deus" Ret se virou para olhar para mim, com o rosto horrorizado. "Que porra foi aquela?"
Eu franzi minhas sobrancelhas, esfregando meu pulso pata aliviar a dor. "Oi? Eu que te pergunto que porra foi aquela! Você tá bravo comigo porque?"
"Por que que você tinha que falar com ele?" Ele estava balançando a cabeça violentamente. A palma da mão subiu até o lábio, onde ele enxugou o sangue que ainda escorria de seu nariz. "Eu disse para você falar o mínimo, só quando ele te fizesse alguma pergunta!"
"Mas eu fiz exatamente isso! Você tá maluco? Você tava lá, você viu!" Eu gritei, cruzando os braços sobre o peito. Meus membros ainda tremiam, não tendo se recuperado totalmente do pânico da última hora. Olhei por cima do ombro para a porta do armazém, baixando minha voz um pouco. "Eu tentei parecer o mais confiável e confiante possível"
"Você deu abertura pra ele, ele gostou de você! Você fez ele elogiar a porra da sua atitude, você não precisava ter respondido daquele jeito!" Ret dizia com raiva. Ele se aproximou de mim, deixando apenas alguns centímetros entre nós dois.
"E eu tenho culpa disso? Você mandou eu falar o mínimo, e eu fiz isso!" Minha voz estava falhando agora. Fechei minhas mãos em punhos ao meu lado. "Eu não fiz nada lá que não fosse o que você me disse-"
"Para de se fazer de otária Luisa " Ret retrucou, os olhos escurecendo. "Não fica bem em você"
"Eu não estou me fazendo de otária! Você que está colocando a culpa em mim por uma coisa que eu simplesmente não podia controlar! Se eu ficasse em silêncio eu tenho certeza que seria um milhão de vezes pior, você viu que ele me obrigou a falar quando colocou a merda da arma na minha cara! Você tá maluco, quem tá se fazendo de otário aqui é você!" Eu gritei, com minha voz trêmula falhando algumas vezes enquanto estávamos cara a cara um com o outro. Eu engoli em seco. "Eu já fiz o que você queria, agora me leva pra casa."
"Você só deixou isso cem vezes pior." Ret diz com a voz tão rouca quanto a minha, só que com muito mais raiva e ódio.
Revirei os olhos, inclinando a cabeça para trás e me virando para o carro. Seus dedos se fecharam ao redor do meu queixo em tempo recorde, me puxando de volta para encarar ele. "Olha pra mim quando estiver falando com você."
Minha boca se abriu sob seu aperto, horrorizada. "Tira a mão de mim, agora!" Usando minhas duas mãos, eu o empurrei para trás. Apesar do fato de que ele levou vários golpes esta noite, ele mal tropeçou. "Para de agir igual um idiota! Você acha que vai sempre conseguir o que você quer? A vida não é assim!"
A raiva no olhar de Ret era cegante. "Eu não acho" Ele disse com a voz baixa, dando mais um passo mais perto. "Eu sei. Eu sempre consigo o que eu quero. Você não quer ver o que acontece quando eu não consigo."
Seu braço subiu para o lado, abrindo a porta do lado do passageiro de seu carro. "Entra."
Meu corpo queimava de raiva e orgulho agora. Com os braços ainda cruzados firmemente sobre o peito minha teimosia quase quis relutar sobre entrar no carro, mas foi só com outro olhar por cima do ombro que percebi que ainda estávamos no estacionamento do armazém e esse definitivamente não é um lugar que eu queria ficar.
Eu relutantemente entrei no carro, não olhando pra ele quando ele fechou a porta e caminhou até o lado do motorista. Ret soltou um bufo irritado enquanto ligava o motor. Sua arma e a caixa de cigarros foram imediatamente jogadas no console antes que ele apoiasse a mão na parte de trás do meu assento e começasse a dar ré para fora do estacionamento escuro.
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TAÇAS PRO AR | FILIPE RET
FanficFilipe Ret, o tatuador e intolerável dono de um estúdio de tatuagem, conhece Luisa, uma menina teimosa e um tanto alheia, que simplesmente não entende a lógica por trás de suas atitudes desagradáveis, mas está determinada a descobrir. Luisa percebe...