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Eu tinha esquecido de colocar o alarme.

O pensamento me atingiu de repente, me tirando do meu sono, os olhos se abrindo para um quarto escuro, iluminado apenas pelos raios fracos do sol nascente que passavam pela fresta da cortina.

Uma sensação de pânico tomou conta de mim, uma vontade imediata de pular da cama para ter certeza de que eu não tinha dormido demais e esquecido de abrir o estúdio.

Exceto pelo fato de que eu estava presa.

Presa entre um par de braços tatuados.

O peito de Ret estava pressionado contra minhas costas, nós dois deitados de lado, nossas pernas entrelaçadas. O único som audível era sua respiração suave atrás de mim. Seu rosto estava enterrado bem na curva onde meu ombro encontrava meu pescoço, perto o suficiente para que eu pudesse sentir cada respiração que ele dava.

Olhei para baixo, e suas mãos estavam fechadas por cima das minhas, segurando firmemente no meu peito, onde eu não seria capaz de tocar nele mesmo se eu tentasse.

A coisa toda era... íntima. E eu não tinha certeza se eu me odiava mais por de alguma forma dormir tão profundamente ao lado dele que eu nem tinha acordado o suficiente para perceber que acabamos nessa posição ou porque eu não odiava estar assim com ele.

A parte que eu sabia que odiava com certeza era o fato de que eu estava extremamente relaxada, de alguma forma tendo esquecido o que quer que tivesse me acordado em tal estado e só consegui pensar em quanto tempo poderíamos ficar assim - juntos e confortáveis - antes que o mundo voltasse a girar em seu eixo e as coisas voltassem a ser como eram normalmente.

Como se em resposta a esse pensamento, Ret começou a se mexer atrás de mim. Sua respiração engatou, prendendo o suficiente em sua garganta para que houvesse uma breve rajada de ar frio contra meu pescoço que arrepiou minha pele antes que eu pudesse sentir seu corpo tenso atrás de mim.

Então entrei em pânico novamente.

Lembrando como ele acordou quando estávamos no Rio, o jeito que ele acordou apavorado e como toda aquela situação foi - algo que eu ainda não tinha tido tempo de pensar sobre, e que eu também nunca iria perguntar pra ele.

Mesmo minha curiosidade me matando.

Esperei que acontecesse de novo. A ansiedade, a histeria - tudo como foi da última vez.

Só que agora, segundos se passaram e nada aconteceu.

Eu sabia que ele estava acordado porque ele se mexeu, afastando o rosto um pouco do meu pescoço, sua respiração menos profunda e mais uniforme do que se ele ainda estivesse dormindo.

Mais alguns segundos e ainda... nada.

Bem quando eu estava prestes a fazer um som, deixar ele saber que eu estava acordada, a mão de Ret de repente deslocou de onde estava descansando sobre a minha.

Não tive tempo de me preparar e nem sabia como reagir quando ele a puxou para o meu ombro.

A ponta de seu polegar correu suavemente pelo comprimento do meu braço, tão suave que eu não seria capaz de sentir se estivesse dormindo, algo que eu tinha certeza que ele estava achando.

Então, abandonando meu plano original de fingir que eu estava acordando, em vez disso, fingi fazer exatamente o que ele achava que eu ainda estava fazendo.

Fingi que eu estava dormindo.

E eu juro que foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz - e olha que minha vida tem sido muito difícil ultimamente.

TAÇAS PRO AR | FILIPE RETOnde histórias criam vida. Descubra agora