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—Cecília, a gente tá pelado nessa foto —Ele soltou uma risada, jogando a cabeça pra trás — Pelado

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—Cecília, a gente tá pelado nessa foto —Ele soltou uma risada, jogando a cabeça pra trás — Pelado.

—Me dá isso aqui — Tentei pegar a foto da mão dele, mas ele a ergueu para que eu não alcançasse — Olha, tem várias outras... — Mostrei pra ele, sentindo meu rosto esquentar.

—Eu já vi as outras, mas essa daqui? Essa daqui tá demais — Gargalhou, levantando a cabeça pra olhar a foto lá em cima, com medo de que eu desse o bote.

Ele tinha que ficar com medo mesmo, porque eu ia dar o bote.

—Não não — Ele disse quanto eu tentei pegar mais uma vez.

—Me da isso, Max. Max! — Fiz beiço, olhando pra ele, que continuava rindo. Os olhos chega estavam lacrimejando do tanto que o idiota ria.

—Pelados, Cecília. Pe-la-dos — Tirou onda, balançando a cabeça — Do jeito que viemos ao mundo.

Peladinhos da Silva. Como costumam dizer no Brasil.

Eu era uma criança fofa, era gordinha e tinha sobrinhas nos braços e nas pernas. A foto era fofa, mas parecia que era um horror com ele gargalhando desse jeito. Revirei os olhos.

—Você não vai tomar banho? — Tentei mudar o rumo da conversa.

—Aham, quer ir comigo? Você já viu tudo mesmo — Deu um peteleco na foto, ainda rachando o bico de rir.

—Olha só, se for do tamanho que tá na foto até hoje eu vou ficar decepcionada — Falei, tentando relaxar.

—HAHAHA — Ele se jogou na cama, rolando de rir — Vem aqui tirar a prova, Ceci. Eu deixo — Continuou rindo, fazendo menção de abrir o zíper da calça.

—Misericórdia. Anda — Puxei ele pelo braço e sai empurrando ele até o banheiro — Vai tomar banho, tá muito cheio das gracinhas.

—Ah qual é? Você tem que admitir que a gente peladinho é fofo, vai — Ele continuou rindo, enquanto eu empurrava ele banheiro a dentro — Aí aí, vai devagar. Eu tô todo quebrado — Se remexeu, tentando se livrar dos meus empurrões — Parou. Vou tomar banho, tá bom? Você venceu. Por enquanto — Fez uma careta pro meu lado e entrou de vez no banheiro.

Eu ia esconder aquela foto pra sempre, peguei ela de cima da cama, guardei dentro da caixa junto com as outras e me equilibrei na cadeira giratória da escrivaninha pra poder colocar ela nos confins mais obscuros do quartinho da bagunça.

Depois comecei a me preocupar com comida. Meu estômago estava roncando, mas minha mãe era a pessoa mais saudável do mundo e eu queria comer alguma coisa com cheddar. Muito cheddar. Levando em consideração que o Max sempre roubava meus lanches e se lambuzava, pedi o mesmo que eu. Quando voltei pro quarto, ele estava com a cabeça numa brechinha da porta do banheiro.

—Ué, que foi? — Perguntei.

—Você saiu me arrastando pro banheiro e esqueceu que eu precisava trocar de roupa — Ele falou, emburrado. Eu soltei uma risadinha.

𝐁𝐀𝐃 𝐈𝐍𝐓𝐄𝐍𝐓𝐈𝐎𝐍𝐒 • 𝐌𝐀𝐗 𝐕𝐄𝐑𝐒𝐓𝐀𝐏𝐏𝐄𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora