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Eu tinha acabado a faculdade de Engenharia automotiva quando a Toro Rosso —— na época —— abriu um processo seletivo para ser trainee na scuderia, me candidatei escondida da minha mãe e passei

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Eu tinha acabado a faculdade de Engenharia automotiva quando a Toro Rosso —— na época —— abriu um processo seletivo para ser trainee na scuderia, me candidatei escondida da minha mãe e passei. Na verdade, qualquer coisa relacionada a velocidade era estritamente proibida lá em casa desde a morte do meu pai, que acabou falecendo depois de um acidente automobilístico na Fórmula 1.

A família da minha mãe em peso é de empresários ou de artista. Brasileira nascida em Santa Catarina, minha mãe viveu o sonho de muitas modelos por aí: conhecer um piloto de Fórmula 1 pelos paddocks da vida. Os dois obviamente se apaixonaram, ela ficou grávida de mim e acabou se mudando para o Reino Unido, onde meu pai nasceu e cresceu.

Mesmo nascendo no Reino Unido, a scuderia que acreditou em seu potencial foi a Ferrari, ele amava tanto a scuderia italiana que colocou o nome dela em mim e morreu pilotando uma.

Minha mãe custou a entender que na verdade eu era uma cópia exata do meu pai: olhos claros, lábios carnudos e uma enorme paixão por carros e velocidade, então não teve outra opção além de me apoiar quando decidi cursar Engenharia automotiva. Pelo menos eu não iria pilotar —— palavras dela.

Balancei a cabeça quando parei em frente ao edifício da Red Bull.

O dia estava nublado em Milton Keynes, a chuva fina caia desde que acordei e ajeitei o casaco no corpo observando o cropped vermelho-sangue por baixo.

Onde eu estava com a cabeça quando coloquei uma blusa vermelho-sangue pra vir numa reunião com o chefe da Red Bull?

Já não basta ter o nome do inimigo como meu nome composto, ainda visto as cores tradicionais deles? Meu Deus, vou ser enxotada desse lugar.

O ambiente é luxuoso.

Tem réplicas de carros de corrida em todo o térreo, eles são enumerados por anos e por nomes de quem os pilotou. Além disso os atendentes são simpáticos e me entregam um cartão de entrada para a sala da diretoria, na cobertura.

Ainda nem consigo acreditar. Parece que ontem eu estava conversando com os colegas de faculdade sobre o sonho de trabalhar numa grande equipe de Fórmula 1 enquanto a maioria sonhava em montar peças automotiva em pequenas empresas. Não que não fosse bom também, mas sempre gostei de sonhar alto.

Isso estava mesmo acontecendo. E não era porque meu pai era conhecido na Fórmula 1, era porque eu merecia. Quase chorei de emoção quando passei o cartão no leitor e a porta se abriu me mostrando Christian Horner, o diretor executivo da RBR.

—Cecília! — Ele disse assim que me viu, levantando-se de sua cadeira — Deviam ter me avisado que você estava subindo — Continuou, dando passos largos em minha direção — É um prazer finalmente conhecê-la.

—O prazer é meu, senhor Horner — Lhe mostrei um sorriso, trocando um aperto de mão com o mesmo. Ele era da minha altura, mas eu sabia bem a fama que tinha de ser durão.

𝐁𝐀𝐃 𝐈𝐍𝐓𝐄𝐍𝐓𝐈𝐎𝐍𝐒 • 𝐌𝐀𝐗 𝐕𝐄𝐑𝐒𝐓𝐀𝐏𝐏𝐄𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora