Trégua?

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Deixando a água quente escorrer por seu corpo, retirando o sabão e despertando-a para o novo dia, Penélope lembrava-se horrorizada do ocorrido na noite anterior. O cansaço dos últimos dias era o culpado, tinha de ser! Seria mais cuidadosa em relação a Diego, determinou, mordiscando o interior do lábio inferior com nervosismo.

Desligou o chuveiro e estendeu a mão para fora do box, pegando a toalha para envolver seu corpo e retornar ao quarto. Sua mente, assim como durante toda a noite e aquele começo de manhã, fixa em formas de evitar Diego, seus beijos e propostas de casamento.

Naquele dia seria fácil, com todos os preparativos para a festa de aniversário de Roberto ocorrer sem contratempos, não teria tempo e nem oportunidade para sequer pensar na obsessão do patriarca Freitas e da decisão arbitraria do filho dele.

Vestindo com simplicidade para auxiliar a equipe contratada, colocou calça jeans, camiseta vermelha e chinelo, prendendo o cabelo na nuca. Abriu a porta para sair quando sua visão, e passagem, foram bloqueadas por uma cesta de flores.

— O que é isso? — perguntou para Ana, que entrou seguida por Jéssica, e pousou a cesta na mesinha de seu quarto. A presença das amigas era esperada de manhã, pois, desejando ajudar no comércio da cidade, contratou os estabelecimentos da cidade, entre eles a confeiteira da família de Jéssica. Mas não em seu quarto, menos ainda com rosas vermelhas. — As flores devem ficar no salão, e pedi brancas — informou, olhando contrariada para o ramalhete de rosas vermelhas. Foi categórica em determinar o uso de flores brancas, em especial orquídeas - as preferidas de Roberto -, para a decoração da festa. — Mande troca-las imediatamente.

— Como sua assistente, tive a missão de acompanhar o transporte das flores — disse Ana ajeitando as rosas, ignorando a irritação e comando na voz da amiga. — Imagine minha surpresa quando vi um empregado da mansão entrar na floricultura e pedir rosas vermelhas para a senhorita Penélope Teixeira.

— Toda decoração é em prata e branco, por qual motivo eu pediria rosas vermelhas? — exasperou-se Penélope, fitando Jéssica em busca de apoio.

A jovem estranhamente corou.

— Diego que comprou essas rosas, especialmente para a noiva — Ana finalizou entregando um pequeno cartão para Penélope. — Quando ficaram noivos? E por qual motivo escondeu das suas melhores amigas que estão juntos de novo?

Surpresa, Penélope não acreditou que Diego teve a ousadia, e insensatez, de lhe comprar flores e divulgar um noivado inexistente para toda cidade, mas o cartão era a prova que ele teve.

"Para encher seu dia com beleza e perfume. Do seu noivo, Diego".

— Estúpido arrogante! — murmurou amassando o cartão.

Pensou em fazer o mesmo com as flores, mas, assim que ergueu o pesado cesto de flores, mudou de ideia e o recolocou na mesinha. Não podia destruir as coitadas por puro ódio do remetente.

Não compreendia o que ele pretendia, nem o que Roberto ofereceu para convencê-lo, mas não cairia nos truques de nenhum dos homens Freitas.

— Vamos, conte como acabou noiva do Diego — pediu Jéssica, a empolgação sendo maior que a surpresa. Desde o momento em que Ana entrou com o cesto e falou do noivado, se corroía de curiosidade.

— Não existe noivado. Esse é um desvario de Roberto que somente Diego aceitou.

Então, cansada de guardar só para si os problemas que chegaram junto de Diego, Penélope contou as amigas sobre o desejo de Roberto e sua relação cada vez mais complicada com o filho dele.

— Ele te beijou porque ainda sente algo por você — Ana disse causando um riso descrente na amiga.

— Sente: ódio.

Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora