Proposta

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— Que tipo de proposta? — Penélope questionou desconfiada.

Diego descruzou os braços e se andou até ela. Instintivamente, a jovem recuou. O gesto fez um arrogante sorriso moldar-se na face do Freitas. Gostava de ainda afetar Penélope. Ficava claro que ela não era imune a ele.

— Minha proposta é casarmos e, depois da morte de Roberto, nos separamos e te passo a guarda de Samuel.

Tomou essa decisão friamente após ler o testamento do pai, determinado em não deixa-la ficar com o que lhe pertencia. A leitura do documento tornou-se sua única vantagem. Duvidava que Roberto mostrasse todas as suas exigências a sua "adorada assistente".

— Se, segundo você, Roberto não cumprirá a palavra dada, qual garantia tenho que você cumprirá?

— Não quero criar o menino — explicou contendo a vontade de chamar o garoto de bastardo. Tinha de controlar-se e não irrita-la. Necessitava manipular a situação de forma que Penélope aceitasse seu plano.

Desviando o olhar, Penélope mordeu o lábio, a mente pesando os prós e contras de aceitar.

Observando cada mínima reação de Penélope, Diego baixou o olhar para os lábios cheios e sensuais, bem no ponto em que os dentes mordiam. A lembrança do gosto, da maciez, daquela boca tentadora, o deixou furioso por sentir-se atraído, por querer se entregar sem reservas a paixão que ela lhe despertava. Desde a primeira vez que seus caminhos se cruzaram, sentia-se chocado com aquela poderosa ameaça ao seu autocontrole. Não passava uma só vez em que a via que não desejasse entregar-se aquela forte atração, cobri-la com seu corpo e possui-la até implorar por mais.

Apertou os punhos, esforçando-se em controlar o desejo feroz.

— Não é melhor convencermos o Roberto a me dar a guarda?

— Já disse, ele deseja que Samuel obtenha o sobrenome da minha família através da nossa união. Nada o fará mudar de ideia. Tentei e só obtive silêncio.

— Conversarei com ele, mostrarei o absurdo dessa ideia.

— Meu pai não te ouvirá. Ele conta com esse casamento para desfazer as desavenças do passado.

Penélope riu com descrença.

— É loucura! Qualquer um percebe que nos odiamos.

— Odiamos mesmo? — os olhos castanhos repousaram sobre os lábios dela, movendo-se devagar pelo corpo feminino, apreciando cada curva e deixando-a ruborizada no processo. — Sejamos honestos. Eu a excito e você a mim.

— Não diga bobagens — enfureceu-se, embora um calor subisse por suas bochechas, entre outros lugares, e ela sentisse um forte desejo vibrar em cada célula do seu corpo sob o efeito do olhar dele.

Diego voltou a se aproximar. Penélope voltou a recuar até suas costas baterem na porta, não deixando nenhuma escapatória.

Diego plantou as mãos de cada lado da cintura feminina, seu corpo perigosamente próximo, a respiração quente e suave acariciando os lábios dela.

Bobagens? — ele indagou num tom rouco. — Assuma que me deseja, Pen.

O brilho intenso dos olhos castanhos provocou um leve tremor pelo corpo feminino, as pernas amoleceram e cairia se Diego não a segurasse pela cintura com um braço, puxando-a para si. Sentindo a boca seca e o ritmo do coração acelerar em resposta à proximidade dele, Penélope arfou, as mãos acomodando-se nos ombros largos.

Com o polegar ele traçou o contorno dos lábios que tanto desejava, mergulhando-o no interior quente, sentindo a ponta da língua que desejava experimentar de novo. Inclinou-se e, colocando fim as suas fantasias para substituí-las com realidade, beijou-a, explorando devagar e provocantemente.

Moveu as mãos até nuca dela, puxando-lhe os cabelos sutilmente, aprofundando sensualmente o beijo.

Diego queria continuar a doce sedução, até tê-la entregue, mas, pelo bem de seus planos, se obrigou a separar suas bocas. No entanto, não resistiu a continuar próximo, abraçando-a e sentindo o cheiro de flores que se desprendia da pele dela.

Aguardou pacientemente os olhos se abrirem, segurando a respiração ao vislumbrar as íris de ouro realçadas pelas longas pestanas escuras.

Sentindo as mãos femininas acariciando sua nuca e seu interior fervilhar de desejo, esforçou-se para resistir ao impulso de tomar novamente a boca inchada e úmida pelo beijo trocado.

— Não tem nada a dizer? — indagou com tom macio. Não resistiu a inclinar-se e abocanhar o polpudo lábio inferior devagar, deslizando a língua por ele, os olhos fixos nos dela. — Nos desejamos, Pen, e posso demonstrá-lo agora mesmo se quiser — provocou.

Envergonhada por ele expor sua fraqueza, Penélope recuou o mínimo que conseguiu. Soltando-o, deslizou os seus braços para baixo e espalmou as mãos na porta. Inspirou fundo e, confiante de ter recuperado a sanidade, o encarou.

— Samuel é muito mais importante para mim do que a excitação que você despertar em meu corpo — comunicou.

— É mais um motivo para casarmos — ele insistiu. — Raciocine, Pen! Meu pai não mudará de ideia e eu serei um péssimo pai substituto para o garoto. Case comigo e juro que lhe dou a guarda.

— Concordo com seu plano — decidiu, concluindo que o desprezo de Diego por ela e Samuel era a garantia de que ele cumpriria a palavra. Essa constatação a dilacerada, mas era o necessário para Penélope aceitar a proposta. No entanto, havia algo a incomodando em relação ao acordo. — Temos de impor limites. Envolver sexo na equação é uma péssima ideia — anunciou, mas para si mesma que para Diego.

O pedido fez Diego sorrir e deslizar a mão pelo pescoço dela, movendo-a devagar para a garganta, sentindo na ponta dos dedos a pulsação acelerada.

— Éramos bons quando nos amávamos, imagine agora — murmurou.

Perturbada com a intimidade do comentário, da proximidade, do toque e do cheiro dele cercando-a, Penélope abaixou-se e passou por debaixo dos braços fortes. Liberta do poder hipnotizante exercido por Diego, afastou-se e, de costas para ele, levou uma mão trêmula aos lábios inchados, ainda sem acreditar que tinha permitido os avanços dele, de novo.

— Sem sexo — insistiu voltando-se para encará-lo com determinação. — Nosso casamento será unicamente no papel.

— Te desejo, Pen! Não tenho a menor dificuldade em assumi-lo e você também não deveria. Podemos aproveitar essa atração em vez de lutar contra ela — indicou, ao que Penélope assinalou que não com a cabeça.

Não queria um casamento arranjado, mas era forçada a aceita. Um marido arranjado disposto a oferecer momentos íntimos podia ser tentador, mas não para uma mulher sensata e com alguma fagulha de orgulho. Cometeu tolices demais oito anos atrás – ainda pagava por elas –, não acrescentaria novas a lista.

— Prefiro um casamento platônico.

Diego coçou a barba rala, seus olhos fixando-se em um ponto atrás de Penélope por um instante, então voltando para ela com seriedade.

— Aceito seus termos contanto que aceite que, diferente do meu pai, levo a sério os votos. E você?

Compreendendo de imediato a intenção de Diego com a pergunta, Penélope se obrigou a responder com dignidade.

— Também.

Sexo nunca foi uma grande necessidade em sua vida. Tinha até sido um problema em seu namoro com Lucas. Agora, embora seu corpo queimasse a menor proximidade de Diego como ocorria no passado, recordou com amargor, estava decidida a resistir até o fim daquele enlace.

Diego sorriu de canto. Amava um desafio.

Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora