Adormecida

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Diego despertou e ficou um tempo olhando para a mulher adormecida em seus braços. Ela tinha dormido de costas para ele, mas, em algum momento da noite, se virou, entrelaçando pernas e braços nele.

Tocou de leve a face adormecida, gravando em suas retinas e em seus dedos os traços bonitos e delicados.

Era a primeira vez que passavam toda a noite juntos.

Durante todo o relacionamento, com a desculpa da faculdade e tantas outras que Penélope dava, não passavam de encontros furtivos durante algumas tardes. Foi à vontade de acordar ao lado dela que o fez pedir que morassem juntos.

Deslizou o polegar pelo polpudo lábio inferior, engolindo em seco o desejo de prova-lo, suga-lo, ultrapassa-lo com a fome que o dominava sempre que estava perto de Penélope.

Afastou a mão, se soltou dos braços dela e sentou na cama. Esfregou o cabelo e o rosto com aflição, querendo removê-la de sua pele, odiando-se por continuar cativo por ela. Inspirou fundo para acalmar o coração disparado e a imensa tentação de abraça-la, toca-la, fazê-la sua e esquecer os motivos para desprezá-la.

Tinha que resolver isso, dominar seus instintos e lidar friamente com o relacionamento deles. A teria novamente em seus braços, a tocaria e faria sua, mas em seus termos, sem se envolver, sem ser afetado como foi no passado.

Levantou e seguiu para o banheiro do quarto, necessitando de um banho frio para aclarar a mente.

Ao retornar ao quarto, só com a toalha envolvendo o quadril, Penélope continuava dormindo. Não conseguiu segurar um leve sorriso ao reparar que ela substituído o corpo dele pelo travesseiro que ele utilizou.

Pegou o celular de sobre a mesinha de cabeceira, verificou o horário e desligou o alarme, que tocaria dali sete minutos.

Vestiu-se e, sem fazer barulho, saiu do quarto.

Na sala de jantar encontrou as amigas de Penélope tomando o café da manhã.

Ana abatida, os cabelos presos em um coque desalinhado, a expressão cansada de quem não passou uma boa noite de sono. Jéssica, ao contrário, disposta, o cabelo ainda molhado do banho recente. Era óbvio que não tinha bebido tanto quanto as amigas.

As cumprimentou e ocupou o seu lugar.

Enquanto comia, ouvia atentamente a conversa delas sem se intrometer e nem demonstrar que prestava atenção.

— Estou destruída e preciso de um bom banho antes de ir para a fábrica. Nem conseguir me esbaldar na banheira antes do alarme me acordar como as trombetas do inferno na minha cabeça. — ela comentou, ignorando estar em frente a um dos patrões. Ou não achava necessário manter discrição, uma vez que era amiga da chefe. — Já disse que é uma péssima ideia comemorar qualquer coisa em dia de semana?

Jessica riu.

— Diversas vezes.

— Pois é. Repito: é péssimo — ela resmungou enchendo a xícara com mais café. — E aposto que a Penélope me espera com uma pilha de trabalho. Sinceramente, essa menina deve ter uma resistência de rinoceronte, porque ela bebeu tanto quanto eu, mas acordou cedinho e partiu pra labuta.

Jéssica olhou de rabo de olho para Diego, decidindo não comentar que Penélope bebeu muito mais que a amiga.

Nesse instante, Roberto apareceu com o enfermeiro Bruno empurrando sua cadeira e um saltitante Samuel do lado.

O menino sentou e lançou um olhar confuso para a extensão da mesa.

— Cadê a Pen?

— Passei no quarto dela e ela já tinha saído para o trabalho — Ana respondeu ao garoto.

Roberto lançou um olhar indagador para Carla, que, não tendo visto Penélope sair de casa – e saberia se o tivesse feito –, preferiu não desmentir a visitante e continuou a instruir os empregados a servirem o dono da casa.

— Ela esqueceu de me levar para escola — queixou-se Samuel amuado. — Sempre vamos juntos.

— Ela me pediu para levá-lo — Diego indicou com um leve sorriso.

Já estranhando Penélope não ter levado o irmão para a escola, ato sagrado para a Teixeira, Jéssica não acreditou que a amiga pediu isso para Diego. Havia algo errado. Logo presumiu que Penélope estava em um estado mais deplorável que Ana, e, para evitar constrangimento frente à criança, saiu sem falar com o irmão. Embora, nem nesse cenário hipotético – e principalmente nele -, Penélope pediria qualquer coisa a Diego.

Como se atraído por sua desconfiança, Diego a encarou, fazendo-a ficar tensa.

— Aproveito e levo você para a cafeteria — ele disse para ela, logo se voltando para Ana. — E seguimos juntos para a fábrica.

Jéssica agradeceu educadamente, ainda desconfortável por suspeitar que ele escondesse algo sobre Penélope. Era loucura. A amiga devia ter o encontrado de manhã e feito o tal pedido para o caçula, e Roberto, não descobrirem o excesso da noite anterior. Estranho, sim, mas não impossível.

Ao contrário de Ana, Penélope odiaria ser alvo de olhares condenatórios, como os que Roberto lançava para a loira desde que notou a aparência dela, de quem tinha se esbaldado na bebida a noite inteira.

Alheia as suspeitas de Jéssica, em parte culpa da dor que atravessava seu crânio como uma faca, Ana soltou um resmungo de satisfação pela oferta de Diego. Sua única preocupação era tomar maia um comprimido para diminuir a enxaqueca pós-álcool, de forma que pudesse aguentar o dia sem querer desfalecer em um canto qualquer, ou arrancar sua cabeça.

Definitivamente, comemorações com bebidas alcoólicas em dia de semana eram ruins demais para o equilíbrio do estômago e cabeça de uma pessoa, mesmo da mais festeira igual a ela.

~*~

Depois de deixar Jéssica na cafeteria, Diego seguiu para a escola de Samuel, para deixar o garoto e tomar o rumo da fábrica com Ana.

— Até mais, papai! — Samuel se despediu antes de correr em direção aos portões da escola.

O tratamento o incomodava, mas se limitou a sorrir, acenar e responder um alegre: "Até mais, Samuel".

Dirigindo em silêncio, com Ana ao seu lado de olhos fechados e resmungando a cada solavanco na estrada até a fábrica, lembrou-se de Penélope, das palavras desconexas dela no corredor.

Tinha de descobrir o que ela e Roberto escondiam. Não sabia como conseguiria a informação, mas sabia a quem pedir ajuda.

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