Armadilha

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Estressado com a petulância de Penélope, Diego retornou para casa a fim de planejar os próximos passos. O conselho se reunia semestralmente, em breve reivindicaria a presidência, enquanto isso visitaria a fábrica todo dia e avaliaria de perto o trabalho de Penélope, cada mínimo movimento.

Ultrapassando os portões da mansão, dirigindo para a garagem lateral, diminuiu a velocidade ao reparar em um furgão branco estacionado no pátio. Parou seu sedan prata em sua vaga, desceu e marchou para a porta que conectava a garagem a residência. Chegando ao salão principal, viu quatro homens descerem a escada carregando equipamentos de filmagem. Um deles, que carregava uma pesada filmadora, o encarou por um longo tempo com uma expressão estranha no rosto.

— O que significa tudo isso? — perguntou para Carla, que acompanhava a equipe em direção à saída.

— Coisas do seu pai — ela respondeu desinteressada. Em anos servindo os Freitas aprendeu a manter silêncio. Fofocar não lhe garantiria uma aposentadoria tranquila.

Diego encaminhou-se para o quarto de seu pai, entrando nele ao mesmo tempo, em que um homem de terno pre.to fechava uma pasta com as inscrições do cartório da cidade, a colocava debaixo do braço e se despedia de Roberto. Bruno e o advogado de seu pai também estavam no quarto, o segundo o olhou da mesma forma esquisita do homem com a filmadora, antes de baixar o olhar e se retirar sem lhe dizer uma só palavra.

— O que o seu advogado queria? — perguntou após o alvo da pergunta se retirar.

— Terminei de preparar o meu testamento — ele informou, enquanto Bruno ajeitava os cobertores em volta de seu corpo. — Pegue a cópia e leia. — Indicou o documento ao lado de sua cama. — Você vai gostar.

Duvidando, Diego fez o que o pai pediu e a cada frase lida sua irritação aumentava.

— Isso é loucura!

— É a minha vontade. — Observou o filho apertar o documento ao ponto de amassar as extremidades. — O tabelião está com uma via para reconhecer firma, e meu advogado a guardará até o dia da minha morte. Também fiz um vídeo para que assistam após um ano da minha partida — informou indiferente a raiva que despertava no filho. — Se eu fosse você, convenceria Penélope a aceitar o casamento.

— Se quer tanto trazer ela e o bastardo para a família, por qual motivo não se casa com ela e assume o garoto? — perguntou, embora imaginar Penélope casada com seu pai trouxesse um gosto amargo a sua garganta.

— Tenho idade para ser pai da menina. — Seu comentário enfureceu ainda mais o filho, que recordou a traição do pai com a mãe de Penélope. — Em breve terá suas respostas. Agora, somente deve se preocupar com o seu casamento.

Diego jogou o documento na cama de seu pai.

— Não existe a menor chance desse casamento ocorrer — trovejou indignado. — Contestarei na justiça...

— Perderá seu tempo e dinheiro — Roberto interrompeu. — Estou no meu direito. São os meus bens. — Pegou o testamento e o estendeu para o filho. — Esses são os meus desejos. Ou faz o que peço ou aguenta as consequências.

Ressentido que o pai escancarava sua preferência pelo bastardo que arruinara a família, Diego saiu, percorrendo o corredor em direção ao próprio quarto. Bateu a porta, as exigências de Roberto rodando em sua cabeça. Não enxergava uma saída para a armadilha montada pelo pai.

~*~

Regressando com Samuel, Penélope observou o menino disparar para as escadas, seguindo-o com passos lentos quando Carla, afobada, a alcançou nos primeiros degraus.

— A senhorita tem visita.

— Eu?! — estranhou.

Raramente recebia visitas. O contato com as amigas se restringia a telefonemas, o encontro antes do trabalho e algumas noites que combinavam de sair. Mesmo Ana pouco aparecia na mansão e quando o fazia ligava antes.

Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora