Faltando menos de duas horas para encerrar seu horário de trabalho, Penélope, poupando-se do constrangimento de fugir das perguntas inconvenientes sobre seu atraso, não foi para a fábrica. Elas estariam aguardando no dia seguinte, multiplicadas pela primeira falta em anos, mas Penélope estaria preparada e sem vontade de cometer um crime, tipo estrangular o filho do CEO.
Não bastasse o fim do namoro com Lucas e o anúncio do casamento acelerado com Diego, ele tinha feito com que ela faltasse. Deu uma montanha de munição para os fofoqueiros.
O mataria! Com requinte de crueldade. Já visualizava suas mãos em volta do pescoço dele, acabando com aquele sorrisinho abusado.
Deixando de lado seus instintos assassinos, com foco única e exclusivamente ao noivo, foi para a escola da cidade buscar Samuel.
Pelo menos isso Diego não tiraria dela.
E só em lembrar que Diego mentiu de manhã, ao levar Samuel para a escola dizendo ser uma ordem dela, bufou de raiva.
Não bastasse não ter a acordado, ainda mentiu para uma criança. Não gostava de Diego saindo sozinho com Samuel, embora não temesse que ele fizesse algo contra o garoto, não enquanto o pai estivesse vivo.
Parada de frente para o portão, remoendo o relacionamento conturbado enquanto aguardava a liberação das crianças, levou um susto ao ter a cintura enlaçada.
Virou-se pronta para socar o abusado. E, mesmo após identificar a pessoa, atingiu com força a clavícula dele.
— Quanta agressividade, Pen! — Diego reclamou com uma leve risada. — E que mão pesada à senhorita tem — zombou massageando o local atingido.
— Você tem sorte de estamos num lugar público e não posso fazer metade do que quero — ela revidou cruzando os braços.
O sorriso de canto e o olhar aguçado cheio de malícia, a fez perceber a péssima escolha de palavras, e qual o rumo que os pensamentos dele seguiam antes dele abrir a boca.
— Ah, amorzinho, assim que estivermos em casa, serei todo seu para fazer o que você quiser — ele inclinou-se para dizer baixinho. — Mas podemos adiantar no carro ou num lugar por perto, se estiver muito ansiosa.
Sentindo a face em chamas pela inusitada proposta, Penélope se forçou a não transparecer e nem cair no charme dele.
— O que planejo é te esganar.
— E o que motiva a inclinação assassina da minha amada noiva? — ele provocou, enrolando uma mecha do cabelo dela no dedo.
Ela afastou a mão dele com um safanão.
— Ainda pergunta? Por sua culpa faltei no trabalho. E você disse a todos que permiti que levasse, sozinho, Samuel a escola.
Agradeceu aos céus, e os constantes olhares atravessados das moradoras da cidade, por manter-se distante dos demais responsáveis buscando suas crianças. Dessa forma ninguém os ouvia, embora, pelo canto do olho, pudesse ver algumas pessoas observando.
Diego colocou as mãos nos bolsos, os escuros olhos castanhos fixos nela e um sorriso ladino no rosto bonito.
— Não impedi que fosse trabalhar. Só a deixei se recuperando da bebedeira — ele revidou. — Sobre mentir. Achei melhor que contar que estava na minha cama.
Penélope engoliu em seco, concordando com ele.
— Tinha de ter me acordado — queixou-se mesmo assim, não querendo abrir mão da razão. — E como fui parar no seu quarto? — A pergunta saiu antes que se policiasse. Se o tivesse feito não sentiria a humilhação atingi-la como água fervente.
— Encontrei você deitada no corredor, gargalhando e completamente bêbada. A levei para o meu quarto antes que mais alguém visse.
— Porque não me levou para o meu quarto? — estranhou.
— O meu estava mais perto — respondeu dando de ombros. — E se visse o estado da Ana na mesa do café, e no dia todo, agradeceria de joelhos o favor que te fiz — ele disse e Penélope captou um tom malicioso no final.
— Não me fez favor nenhum — retrucou feroz, refeita da vergonha
— Você preferia sustentar a cara de bêbada na frente do meu pai e do seu irmão?
Penélope abriu a boca para revidar, até ergueu o indicador para impor sua vontade, mas calou-se, admitindo - internamente - que só não acordou com uma ressaca poderosa por ter dormido até tarde.
— Mesmo assim tinha que ter me acordado — murmurou desviando o olhar. Jamais confessaria que a atitude dele foi à correta.
— OK, querida! — Diego encaixou os indicadores nos puxadores do jeans dela, a atraiu para perto e inclinou-se para sussurrar: — No futuro, a acordarei cedinho com vários beijos.
Penélope sentiu o corpo arrepiar-se com a suavidade das palavras e do calor da respiração dele contra sua pele.
— Sem gracinhas... por favor... — suplicou baixinho, inspirando fundo quando ele deslizou a ponta do nariz por seu pescoço.
— Não é gracinha, meu amor, é uma promessa — ele informou, acrescentando com voz aveludada: — Da próxima vez que entrar no meu quarto, faremos mais que dormir.
A confiança exacerbada de Diego em seu poder de sedução, removeu o encanto que a deixava cativa.
Afastou Diego com ambas as mãos, deu as costas para ele e orou aos céus que ele parasse de perturba-la.
Suas preces foram atendidas na forma do sinal de saída da escola. Em instantes várias crianças corriam portão afora.
Abriu os braços para recepcionar o irmão, estreitando-o junto a si, sentindo seu cheiro e dando um beijo estralado em sua bochecha.
— Tive medo que também me deixaria só com o papai na volta — ele disse amuado.
Penélope poderia interpretar como um aviso que Diego fez algo contra a criança, mas em seguida Samuel se moveu para abraçar o Freitas com a mesma empolgação que o fazia ao abraça-la.
Diego limitou-se a dar leves tapinhas nas costas do menino.
— Tive uns problemas para resolver — justificou sem entrar em detalhes.
E nem precisava, Samuel já estava focado em narrar suas peripécias do dia para Diego, segurando firme a mão do Freitas, que guiava o menino em direção ao seu automóvel.
Seguindo-os, Penélope os observava com o cenho franzido e os dentes apertados no lábio inferior. O apego e a confiança de Samuel para com Diego seria nociva no futuro, quando o Freitas tirasse o disfarce de cordeirinho e mostrasse as garras. Tinha de tomar uma providência para amenizar os danos.
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Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ Degustação
Roman d'amour+18 ~ No mundo de Penélope e Diego, a verdade é tão complexa quanto os sentimentos que nutrem um pelo outro. Tudo começa em uma noite de diversão onde suas vidas se entrelaçam. Penélope, com uma identidade falsa, e Diego, um homem apaixonado, estão...