Enfim escapando do bizarro jantar, seguindo para preparar Samuel para dormir, Penélope e Diego trocavam olhares furtivos, tensos pelo que encontraram no retorno a mansão.
Entre os dois, Samuel estava exausto. Seu dia havia sido repleto de aventuras: brincadeiras na praia de manhã, a emoção de passar longas horas na estrada na volta para casa e, para coroar tudo, o jantar com sua avó Marcela e aquele homem que ele não gostava nem um pouco: Lucas.
Estava ansioso para chegar ao quarto e finalmente relaxar. Segurando a mão de Diego e Penélope, subiu as escadas da mansão, os passos lentos e pesados devido ao cansaço. A cada degrau que subia recordava a conversa que teve com seu avô antes do jantar.
Vovô Roberto pediu que tivesse calma com a vovó Marcela, explicando se tratar de uma pessoa séria e de poucas palavras. Mandou que fizesse o mesmo a respeito de Lucas, para não deixar Diego e Penélope irritados.
Analisando os adultos, reparou que ambos tinham abandonado os sorrisos calorosos daquela manhã. Reparando que Penélope estava triste, estreitou seus dedos na mão dela, a culpa se alastrando por seu coração.
Ao chegarem ao corredor que levava aos quartos, Samuel sentiu um alívio profundo. Seu avô também contou que seu quarto não estava mais no mesmo lugar, mas Samuel não se importou com a troca. Ao contrário, ficou radiante de felicidade em ser transferido para perto de seu avô e de seus pais.
— Aqui está o seu novo quarto, amigão. Espero que goste — disse Diego ao parar em frente ao novo quarto do garoto, fazendo um esforço para sorrir e animar o menino com mais aquela mudança.
Abriu a porta do quarto, revelando para os olhos curiosos de Samuel o ambiente que durante anos não tinha permissão para entrar. Era maior que o seu anterior, as três paredes eram pintadas de branco e a do fundo, em que sua pequena cama estava, tinha um tom de azul profundo.
— É o quarto mais legal que eu já vi! — exclamou Samuel com um largo sorriso, seus olhos brilhando de animação.
Todas as suas coisas estavam ali, dos móveis, aos seus brinquedos favoritos, pôsteres de seus heróis favoritos espalhados e a escrivaninha com os desenhos que deixou antes de viajar para a praia.
Penélope se aproximou da cama, ajeitando as cobertas para receber o menino.
— Você vai dormir bem aqui, Sami. E estarei no quarto ao lado — o tranquilizou acariciando seu rosto.
Samuel assentiu, parecendo confiante por saber que seus pais estariam por perto. Ele se aproximou de Diego, abraçando-o com força.
— Boa noite, papai!
Diego abaixou-se, bagunçando o cabelo do menino com ternura.
— Boa noite, amigão! Durma bem!
Depois de um abraço apertado, Samuel se dirigiu a Penélope, que o pegou nos braços e o beijou na testa.
— Boa noite, meu amor. Sonhe com os anjos — desejou colocando-o na cama e o cobrindo.
Samuel se aninhou em seu cobertor favorito, com o coração cheio de amor por sua família. A felicidade apagou-se por um momento, presa em algo que não sabia se podia ou não.
— Penny...
— O que foi, Sami?
— Você não se importa se eu te chamar de mamãe? — questionou inseguro, com medo de ter a incomodado ao chamá-la assim quando Lucas tentou tocá-la.
— Claro que não, meu amor — assegurou deslizando carinhosamente os dedos pelos fios castanhos dele. — Já disse que pode me chamar como achar melhor.
Samuel sorriu e se jogou nos braços de Penélope.
— Então vou te chamar de mamãe — anunciou rindo em meio às palavras.
Quis tanto uma mãe e um pai, sonhou tanto e pediu tanto ao seu avô. Vovô Roberto tinha dito que lhe daria os pais que ele tanto desejava e cumpriu a palavra, comemorou abraçando Penélope com força.
Com olhos umedecidos e um formigamento na garganta, Penélope o estreitou em seus braços. Por tanto tempo pensou que jamais ouviria a palavra mamãe endereçada a ela que custava crer em seus ouvidos.
— Boa noite, meu filho — ouviu Penélope dizer beijando a testa do menino.
— Boa noite, mamãe! — respondeu Samuel, apertando-a ainda mais.
Diego permanecia de pé junto à porta do quarto, observando a cena diante de seus olhos foi tomado por um sentimento de angústia, de desolação. Se as suspeitas que cresciam em seu coração fossem verdadeiras, tanto ele quanto Penélope e Samuel foram prejudicados pelo egoísmo de Roberto.
A sua frente tinha o vislumbre da vida que construiriam juntos, da família que formariam. Mas também do que tinham perdido por anos de brigas e desenganos. Compreendeu naquele momento que teve sorte em seu pai obrigá-lo a aceitar Penélope como esposa e Samuel como filho.
Contente e vencido pelo cansaço, Samuel se aconchegou no meio de seus cobertores, sentindo-se seguro, protegido e amado.
— Boa noite, mamãe Penny! Boa noite, papai Diego — repetiu gostando do som e significado das palavras, ansioso em mostrar para todos os seus coleguinhas que também tinha pais.
Fechou os olhos, sentindo-se embalar pela voz de seus pais. Eles o amavam e nada mais importava naquele momento.
Sentada na cama, sorrindo ao ver Samuel fechar os olhos, cedendo ao sono, Penélope ajeitou com cuidado o cobertor em volta dele, deixando um beijo suave em sua bochecha antes de se erguer.
Ela então se virou na direção de Diego e o encontrou parado junto à porta. Seus olhos se encontraram, e não foi preciso palavras para expressar o que sentiam.
Penélope se aproximou de Diego, e ele a envolveu em um abraço caloroso. Era um abraço que transcendia as palavras, que dizia mais do que qualquer discurso. Era o abraço de duas almas que tinham perdido muito e buscavam uma reparação, uma forma de superar os erros do passado.
E ali, naquele quarto repleto de lembranças de outra vida, agora ocupado por uma inocente criança que conectava passado e presente, sob o tênue brilho da luz do abajur, Diego decidiu que iria atrás da verdade, dos segredos que agiam como uma barreira entre ele e Penélope.
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Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ Degustação
Romansa+18 ~ No mundo de Penélope e Diego, a verdade é tão complexa quanto os sentimentos que nutrem um pelo outro. Tudo começa em uma noite de diversão onde suas vidas se entrelaçam. Penélope, com uma identidade falsa, e Diego, um homem apaixonado, estão...