Museu

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Como tudo relacionado ao seu relacionamento com os Teixeira, Diego deixou a escolha do local de sua "despedida de solteiro" nas mãos de terceiros. Nesse caso, nas de Enrique.

E não se arrependeu. O lugar escolhido era maravilhoso para uma criança hiperativa e curiosa como Samuel.

Enrique comprou ingressos para o ¹Museu da Imaginação, um lugar que agradou Samuel antes mesmo de descerem do carro. Em parte pelo Mendez lotar o menino de folhetos, descrições e animadas idealizações do que fariam. Sentiu-se como o único adulto do trio.

As instalações imersivas para crianças e adultos curtirem juntos no local, chamados de Estações Lúdicas, abrilhantaram os olhos de Samuel. O menino divertia-se as gargalhadas com o "tio" Enrique e as outras crianças no lugar. Mas empolgado que Samuel, só o próprio Mendez ao participar de todas as atividades junto do menino.

Diego participou de algumas, porém não tinha todo o entusiasmo e energia dos outros dois, passava mais tempo observando e interagindo quando lembravam que ele existia.

Esse "esquecimento" dos outros dois lhe deu a chance de analisar o documento do menino. Verificou a data de nascimento e o nome dos pais. Só constava o de Paloma.

A falta da filiação paterna mostrava a extensão da hipocrisia de Roberto. Ele, o estandarte da família, o homem que o obrigava a casar para dar o sobrenome a Samuel, que dizia e demonstrava abertamente amar o menino, negou a criança a presença física e o sobrenome de um pai no registro.

Respirou fundo e, por um momento, observou o garoto, acompanhado por Enrique, montando uma parede com tijolos de espuma.

Voltou os olhos para o RG.

Conhecendo seu pai, era óbvio que o menino tinha aquele documento, e muitos mais que crianças comuns, da mesma idade, jamais veriam, incluindo um declarando-o dono de um bom pedaço da fábrica de porcelana Freitas & Mendez.

Caso não tivesse, pediria a certidão de nascimento ou qualquer documentação que respondesse à dúvida criada por Enrique. Mas, sem designação paterna e constando Paloma como mãe, não havia nada ali diferente do que lhe contaram.

O fato era que, mesmo tendo pedido para Henrique esquecer o assunto sobre sua suposta paternidade, ele mesmo se viu incapaz de obedecer à ordem.

As informações passadas pelo amigo rondavam seus pensamentos noite e dia, sublinhando as provas dadas, agigantando-as, sufocando a impossibilidade.

Chegou ao absurdo de colocar uma foto sua de infância ao lado da de Samuel. Era notável o quanto era semelhança ao menino quando tinha a mesma idade.

Um dos motivos que o impedia de fazer o teste de DNA é que teria de pedir autorização ao seu pai, tutor de Samuel, para fazê-lo. Duvidava que, se as suspeitas de Enrique estivessem certas, Roberto o ajudaria.

Outro motivo, que o impediria de fazer mesmo quando a tutela fosse sua, era o medo.

Depois de anos insultando, amaldiçoando e odiando o garoto, descobrir que se tratava de seu filho acabaria com ele. Enquanto estivesse no campo das possibilidades, podia negar e ignorar.

E se fosse verdade, significava que Roberto, seu pai, e Penélope, a garota que amou e disse que o amava, tinham se unido para impedi-lo de ter uma relação de carinho com o próprio filho por egoísmo, por algum sentido torto de moralidade.

Como poderia perdoá-los? Como poderia se perdoar?

Coçou a barba, buscando os sinais de que Enrique estava errado. A maior era a falta de sentido. Por qual motivo Penélope mentiria sobre isso? Por raiva de rejeitá-la em um momento de estresse e raiva? Ele a pediu em casamento sem filho nenhum, a gravidez o faria esquecer o drama familiar, perdoa-la pelas mentiras e se unir a ela na criação do filho deles.

Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora