Preocupada com o estado trêmulo e aturdido da ex-sogra, com serenidade e certa insistência, Tereza convenceu Marcela a entrar na casa em vez de segui-la para dentro do carro.
— Sente-se, Marcela! — Tereza pediu suavemente ao chegarem na pequena sala, levando-a até o sofá. — Te farei um chá docinho e calmante.
— Não! Temos que partir agora e evitar que Diego case com a filhote de meretriz — Marcela bradou de imediato.
Com cuidado, Tereza segurou-lhe uma mão, enquanto mantinha a outra no ombro da mulher, tão fraca e abatida que aparentava bem mais que seus cinquenta e nove anos. O sofrimento sugará a vitalidade e a vaidade dela. Anos antes Marcela orgulhava-se de seus cabelos sempre alinhados e pintados de castanho-escuro, de seu corpo forte e mente veloz. Agora estava extremamente magra, os cabelos grisalhos curtos e despenteados, o olhar aflito e a pele sulcada e frágil.
— A senhora não parece bem. Sente-se um pouco, depois saímos — prometeu, embora tivesse a esperança de fazê-la desistir de seu plano original.
— Como posso estar bem? — Marcela questionou sentando-se por sentir as pernas bambas. — Desde que Diego retornou a essa maldita cidade só tenho preocupação. Como ele pode me trair de forma tão vil e cruel? —lamentava com voz embargada.
Com o corpo esgotado, a mulher deixou-se afundar no sofá, os olhos fechando-se por alguns instantes. Tempo suficiente para Tereza ir a cozinha, pegar uma jarra de água e um copo, que encheu e entregou a ex-sogra.
Marcela pegou a bebida e a sorveu em um único gole.
— Tem que me ajudar a impedir essa insanidade — pediu apertando o copo com ambas as mãos.
— Se não nos convidaram é porque não nos querem lá — argumentou, desejando que fosse o suficiente para Marcela desistir.
— É uma artimanha do Roberto. Ele não cansa de me ferir e entregar os meus bens para a filha da amante, incluindo o filho que me restou.
— Marcela, não creio que deva intervir — Teresa advertiu. — Diego tem idade suficiente para tomar suas próprias decisões e aceitar as consequências.
Marcela negou, balançando mãos e cabeça com veemência.
— Algo me diz que tem o dedo do Roberto nessa decisão do Diego. Ele jamais se uniria aquela mulher por vontade própria.
— É mais um motivo para não ir — Tereza insistiu. — Se o senhor Roberto planeja algo com esse casamento, ir lá acabará mal para você e não adiantará de nada.
— Aquele demônio continua a destruir nossa família de todas as formas possíveis — Marcela soltou com raiva. — Como um dia pude me apaixonar e formar família com um ser egoísta e de coração frio? — murmurou perturbada, deixando as lágrimas verterem por seus olhos. — Roberto fez algo com Diego, tenho certeza. Meu filho jamais perdoaria aquela cobra por matar o meu amado Luiz.
Tereza se compadeceu pela ex-sogra, compreendendo e sentindo a fundo sua dor. Luiz foi um homem forte, bonito e carinhoso, capaz de iluminar um ambiente com sua presença. Mesmo após anos da morte dele, nunca o esqueceu, sustentando a viuvez sem esforço e carregando no peito a dor da perda.
— Eu a entendo, Marcela. Mas não posso deixa-la dirigir nesse estado — indicou apertando as mãos frias e trêmulas dela entre as duas. — Acabará acontecendo outra tragédia.
— A tragédia acontecerá se Diego se casar com a serpente que se apossou da minha casa — bradou levantando-se. — Não deixarei isso acontecer.
Teresa a imitou, procurando impedi-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ Degustação
Romance+18 ~ No mundo de Penélope e Diego, a verdade é tão complexa quanto os sentimentos que nutrem um pelo outro. Tudo começa em uma noite de diversão onde suas vidas se entrelaçam. Penélope, com uma identidade falsa, e Diego, um homem apaixonado, estão...