Dor de cabeça

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Assim que chegou à fábrica, Diego encaminhou-se para a sala de Enrique e relatou os comentários feitos por Penélope, buscando uma ajuda para descobrir qual segredo ela e Roberto tinham. Obviamente, da mesma forma que fez na mesa de café da manhã, ocultou que levou Penélope para seu quarto e passaram a noite na mesma cama.

— Pode dizer que sou louco, mas ainda acho que o garoto é seu filho — Enrique disse sem nem mesmo pensar em outra opção. — Só isso explica a insistência do Roberto para que casem.

Diego sacudiu a cabeça, junto com um sonoro e longo não.

— Impossível.

— Nenhum contraceptivo é cem por cento eficiente — Enrique salientou.

Diego odiava expor sua vida sexual, e ainda mais mostrar que cogitou a possibilidade, mas tinha de remover aquela suposição do caminho, de forma a encontrarem uma resposta no mínimo próxima de acerto.

— O que tive com Penélope foi no máximo por um mês. Ela apareceu na mansão com o garoto cerca de seis meses depois de nos separarmos, e Samuel já tinha uns dois meses.

Enrique ficou em silêncio por um instante, a mão coçando o queixo, fazendo suas próprias contas.

— Pode ser prematuro — murmurou pensativo.

— Inferno! Pode pensar em algo que não envolva minha suposta paternidade? — Diego pediu irritado.

Ser pai de Samuel era inaceitável. Significaria que foi injusto com Penélope, renegou o filho, o insultou e, pior, até desejou que não tivesse nascido.

Envolvendo ou não o tal segredo, tinha de haver outra explicação para o estranho desejo de Roberto.

~*~

Penélope acordou sentindo-se maravilhosamente bem. Havia uma dorzinha incomoda atrás de seus olhos, mesmo assim sentia o corpo leve, sinal que dormiu profundamente após dias de insônia e de revirar na cama.

Quase sucumbiu a vontade de permanecer dormindo, porém, os deveres diários a obrigava a levantar.

Espreguiçou-se, alongando os músculos das pernas e braços, os olhos abrindo-se pouco a pouco, adaptando-se a penumbra do quarto, captando superficialmente detalhes que não pertenciam ao seu quarto.

Confusa observou atentamente ao redor. Foi quando a dorzinha de cabeça tornou-se o menor dos seus problemas. Não reconhecia absolutamente nada a sua volta.

Com o coração e a respiração acelerada, afundou-se na cama, perguntando-se o que tinha feito na noite anterior. Nenhuma resposta. Depois de sentar com as amigas, para conversar e beber, se abria um enorme e escuro vácuo.

Tensa, afastou os lençóis, sentou e olhou para si mesma. Estava com as mesmas roupas, inclusive continuava usando suas sapatilhas.

Examinou detalhadamente o quarto, o horror subindo por sua espinha ao dar-se conta de em qual quarto passou a noite.

— Merda! Merda! Merda! — exclamou aflita, levantando, puxando os lençóis, ajeitando a cama o melhor que suas mãos trêmulas permitiam, apagando os sinais que esteve ali.

Desesperada, puxava na memória como acabou justo no quarto de Diego, na cama dele. Mas nada preenchia a lacuna.

Parou o que fazia e olhou apavorada ao redor, como se ele fosse se materializa a sua frente, queixando-se de sua presença. Porém, não havia sinal dele. Olhou para a porta fechada do banheiro. E se ele estivesse ali?

Abandonou a cama do jeito que estava e encaminhou-se para a porta.

Hesitou ao colocar a mão na maçaneta. E se alguém a visse saindo dali? O que pensariam e diriam? Como uma fagulha em um fio de pólvora, estaria na boca dos empregados e da cidade em minutos.

Desejos ~ O filho secreto do CEO ~ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora