Suellen
Dia de folga meu, do Paraíba, Faísca, VH e Marreta. É muito difícil disso acontecer, mas quando acontece sempre tem que ser algo memorável.
A gente decidiu fechar a rua de madrugada, uma ideia que surgiu durante o "plantão" e que a gente foi acertando enquanto o dia não amanhecia.
Nós cinco vamos fazer uma festinha pras crianças, nada especial, é só pra amenizar um pouco do nó que a gente tem no peito por estar nessa vida.
Perante a tantas atitudes ruins, as vezes as boas têm que se sobressair.
Fomos na casa de um cara que põe brinquedos lá na praça, Paraíba pôs o malote na mão dele e ele foi logo montar as coisas pras crianças.
Eu dei os fardos de guaraná e a carne, quem foi comprar pra mim foram as meninas, Jéssica e Fabrícia.
Minha avó começou a fazer os panelões de arroz, farofa, molho a campanha. Pensei que ela fosse xingar por ter que fazer comida pra um batalhão antes das dez da manhã, mas a velha ficou quietinha, é por uma boa causa também né !?
Antes do meio dia tava tudo pronto, conseguimos até cesta básica pra entregar pro pessoal. Quando Deus quer tudo colabora pra ficar ainda melhor!
Eu tô em paz, não tanto quanto deveria, mas um pouquinho melhor diante de tudo o que me aconteceu nesses últimos tempos.
VH nem se fala né !? Tá brincando mais do que as próprias crianças, nunca vi tão alegre e desarmado.
Paraíba - VH tá amarradão né !? Tá igual criança pô.
Suellen - É um jeito de suavizar toda a merda que ele teve de aturar tão cedo.
Marreta - Tu sabe né !? _ assenti _ Então tu é especial, tem um espaço grandão no coração do cara!
Suellen - Não sei nem se eu mereço cara, papo reto!
Faísca - Tudo tem um motivo Su, para de questionar papai do céu e vai dar guaraná pros menô, tô assando a carne aqui.
Fiz o que o Faísca me pediu. Eu, Fábricia e Jéssica montamos os pratinhos com comida, mandamos o pessoal fazer fila e entregamos tudo.
Suellen - VH ? É pras crianças cara, tu já tá velho! _ repreendi ele.
VH - Tem que curtir junto pô, vem ? _ apontou pra piscina e eu neguei _ Eu vou te buscar!
Suellen - Então vem negão, tenta a sorte! _ debochei e virei de costas.
Nem vi quando ele me abraçou por trás, só senti a água da piscina de plástico me molhando e as crianças rindo a minha volta.
Suellen - QUE ÓDIO! _ gritei e ele gargalhou junto das crianças.
Acabei cedendo e brincando também, essa loucura durou até de noite. Jéssica arranjou umas marmitex de isopor e foi nela que a gente distribuiu a comida que sobrou.
Vim pra casa da minha avó carregando os panelões de comida com o Lewander, deixamos tudo lá e fomos pro cantinho, passo mais tempo aqui do que no meu barraco.
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25/04/2022
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Dama Periférica
Short StorySer uma dama é muito mais do que a elegância, roupas caras e bons modos. É sobre humanidade, resistência e sobrevivência!