Prólogo (Parte I) - Decisão Errada

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Do-Yun

Correr.

Era tudo o que eu podia fazer nas últimas duas horas para sobreviver.

Eu sabia que roubar as drogas do armazenamento principal da MM seria uma tarefa difícil, mas entrei e sai fácil demais, deveria ter notado que era uma armadilha.

Depois que coloquei as drogas na minha mochila, fugi pelo campo de treinamento, que sempre é vazio nessa hora da noite. Segui em frente até o portão dos fundos que leva a uma mata, próximo ao meu ponto de fuga.

Tudo estava conforme ao meu incrível e maravilhoso plano, só não esperava ser surpreendido com o alarme de segurança noturno. Corri o mais rápido que pude para me esconder na mata, mas era tarde demais, estavam atrás de mim.

Meu pai é um dos mais antigos soldados do quartel A, então cresci nesse inferno.

Quando me tornei adolescente fui convocado para participar dos treinos semanais. Claro que fiz o possível para me destacar dos outros, queria deixar o meu pai orgulhoso por ter um filho tão bom quanto ele.

Ganhei campeonatos, fui o melhor nos treinamentos, jogos de caça, provas de resistência e em missões em campo que podia ter nesse lugar.

Tenho força, agilidade, inteligência, gostosura, enfim sou um candidato perfeito para finalmente ser um membro da MM. Mas aquele desgraçado do Cooper disse que não estava preparado, que mesmo que eu fosse o melhor recruta do seu quartel, ainda faltava o espírito de equipe em mim.

Ele teve a ousadia de dizer que eu sempre me colocava em primeiro lugar e esquecia dos outros, que um dia essa minha arrogância iria me matar. E eu estou errado em pensar apenas em mim? É óbvio que não!

Quem esse cara pensa que é? Espírito de equipe é o caralho! Trabalhar em equipe só atrapalha. Precisa proteger os outros, conversar sobre os planos, a missão demora mais para ser concluída... Isso não é pra mim. O melhor é trabalhar sozinho. Rápido, fácil e melhor para a única pessoa que importa: a mim mesmo.

Foi neste instante que decidi sair desse lugar, mas antes eu iria fazer algo para não sentirem a falta da minha honrosa presença. Então pensei em roubar as drogas mais caras do armazenamento principal e fugir antes do alarme noturno ser tocado.

Precisava ter dinheiro para viver. Se tornar um traficante não era a minha opção, mas era a única que eu tinha, sem contar que essas drogas são especiais e valem uma boa grana no mercado negro.

Mas, como vocês sabem, o plano deu errado e estou sendo perseguido pela MM.

Não aguento mais correr, minhas pernas doem e minha boca está seca, mas não posso desistir.

— Ele está ali, atirem antes que ele se distancie!

Merda.

— Agora!

Escutei um barulho alto e dores terríveis na região lombar e nas minhas pernas. Filhos da puta.

Caí no chão sem forças para continuar, não sinto nada além das dores. Posso escutar os batimentos frenéticos do meu coração e da minha respiração desesperada.

Escutei passos se aproximando do meu corpo fraco no chão.

— Eu te disse que a sua arrogância iria te matar, pirralho. — Cooper disse agachado com um sorrisinho de lado.

— Vai se... foder... Cooper.

— Parece que quem vai se foder aqui é você, não é mesmo? — diz pegando uma arma, passando ela pelo meu rosto.

— Cooper, pare. Você sabe as regras e não vai querer descumpri-las, a não ser que queira estar no lugar dele. — Jennie Kim diz com o seu tom sério e ameaçador.

— Você vai pagar por ter me feito de idiota, Do-Yun. Pode ter certeza disso. — ele sussurra para que apenas eu ouça. — Sim, chefe.

Essa fala me deu um arrepio imenso, eu estou com medo de morrer.

— Soldado Lee, o que tem na bolsa do rapaz?

— Senhora, tem uma boa quantidade das drogas especiais que íamos mandar para clientes importantes no exterior nesse final de semana e — ele faz uma pausa.

— E o que, Lee? Não temos a noite toda.

— Em cada pacote dessas drogas obtém 100 mil dólares em cheques. Ele não só estava roubando as drogas, mas também extorquindo dinheiro dos clientes. Isso causaria uma guerra com o conselho. — ele diz assustado, consigo ouvir o pânico da sua voz.

— Jennie, isso é muito grave. Acabaria com o império da MM em segundos! O que vamos fazer?

— Vocês sabem o que fazer: levem-no para a sala de interrogatório. A própria Don vai dar um fim nele.

— Mas ela só cuida de casos especiais.

— Esse é um caso especial, Capitão Cooper.

— Não devemos perturbar a don com esse caso. A senhora pode acabar com ele ou até mês-

Jennie levanta a sua mão para que Cooper pare de falar. Ela está irritada, parece que eu não vou me foder sozinho.

Pelo menos, antes de morrer, vou ver Cooper se dar mal. Até que isso vai ser divertido.

— Eu sou a sub chefe da MM e sei o que é melhor e o que não é melhor para fazer nesse momento. Sou a sua superior então você não deve questionar as minhas ordens, apenas executá-las! A próxima vez que questionar ou até mesmo reclamar das minhas ordens, eu corto a sua língua. Entendeu ou eu preciso desenhar, Cooper?

— Entendi, Chefe. Me perdoe. — Cooper se curva e engole seco pelo o tom ríspido e direto de Jennie.

Eu até riria se meu corpo não doesse tanto. A cara de espanto de Cooper é impagável. Quem diria que o Capitão durão é apenas um gatinho com medo?

— Ótimo. Levem-no daqui, antes que ele morra por conta do frio.

— Soldados, me ajudem a levá-lo. — Cooper disse em um tom alto para que todos o escutasse.

Escuto passos vindo em minha direção, provavelmente deve ser umas três pessoas no total.

— Você não passa de hoje, querido. Nesta noite você vai conhecer o próprio demônio na terra antes de partir. Que Deus o ajude. —  uma soldada de elite, disse com um tom de pena.

Logo em seguida sinto mãos no meu corpo me carregando de mal jeito.

Estão me carregando para a minha morte, para o inferno.

Penso nos meus pais quando souberem o que fiz, na dor e decepção que irei causar.

Onde eu estava com a cabeça? Agi feito um garotinho mimado.

Talvez eu mereça morrer assim.

A morte será a consequência dessa minha decisão.

Uma decisão que pensava estar certa, mas era...

Uma decisão errada.

Almost Perfect Crime | • Chaelisa (G!P) Onde histórias criam vida. Descubra agora