Capítulo trinta - Fuga

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Em algum lugar na Itália

Outubro, quarta-feira (27), 2021 — 4 P.M 

Mali Manoban

Arrumo a minha cama com um certo desespero. Hoje será o meu último dia nesse inferno.

Faz mais de um mês que estamos aqui e a MM não conseguiu nos achar, deve ser um lugar muito afastado, assim como as minhas suspeitas nos primeiros dias. Por mais que eu tenha certeza que todos estão fazendo o possível para nos achar, não dá mais para continuar nesse lugar horrível.

Esse bordel é o pior lugar que alguma mulher deve estar. Todos pensam que o seu corpo é apenas um objeto que pode ser tocado quando quiser, como se você não tivesse direito de falar alguma coisa, isso é horrível.

Desde que cheguei aqui com as mulheres da MM, fomos consideradas “vips” pelos soldados de merda daqui, mas em nenhum momento o meu “comprador” apareceu para mim. Só pode ser um desgraçado que gosta de fazer brincadeirinhas. Nunca o vi ou ouvi a voz dele, então, com esse fato, fui obrigada a trabalhar no salão como garçonete.

Trabalhar com o “público” daqui é um verdadeiro filme de terror. Sou obrigada a escutar coisas sexistas e ser assediada a cada minuto. Sem contar nessas roupas que são tão curtas que parece que estou usando apenas roupa íntima.

Apesar de todo o assédio, estou em uma situação “melhor” que as outras mulheres da minha famiglia e também das outras que foram forçadas a trabalharem aqui — muitas delas pensaram que teriam uma oportunidade de emprego na Itália e infelizmente caíram no meio do tráfico de mulheres, ficando longe da família, amigos, conhecidos, de tudo e de todos. Infelizmente, elas foram obrigadas a fazerem os atos sexuais para não serem mortas. O nosso plano de fingir estar doente ou com um mal estar não durou muito tempo, o que me deixa com mais ódio de Park e Mancini.

No primeiro dia, ouvi uma conversa deles, mas não foi uma conversa muito esclarecedora, apenas deu para concluir que Park é o dono do bordel e que Mancini é cliente e amigo dele. Temos um certo valor para eles, o que me deixa aflita em relação a MM. Tenho medo do que pode estar acontecendo por lá. Sinto tanta falta deles, até mesmo do ronco do meu marido e do temperamento forte da minha filha, daria tudo para os abraçar de novo.

E foi com essa saudade e sede de tirar todas nós daqui, que me deu forças para continuar  a analisar todos os pontos desde lugar e assim montar um plano bem feito para sairmos daqui vivas. Todas nós se ajudamos como podemos, aliás, não dava para conversar sem abrir suspeitas desses desgraçados, então aprendemos a conversar por gestos e ações. É bem mais discreto.

O plano seria o seguinte: Depois do “expediente”, por volta das 4 horas da manhã, á uma troca de turno entre os soldados, que dura no máximo 15 minutos. É o momento perfeito para desligarmos o disjuntor de energia e sairmos pelos fundos, que tem como caminho uma floresta vazia.

Seria considerado um plano simples se não tivéssemos mais de 40 mulheres para tirar daqui em 15 minutos. Sem a energia, as câmeras de segurança não irão funcionar, assim podemos ganhar tempo o suficiente para correr até a floresta. É um plano arriscado, super perigoso, mas queremos fazê-lo. Qualquer esperança de sair desse inferno já vale.

Passamos mais de um mês analisando cada canto desse bordel, os soldados, as câmeras, a vista lá de fora... Aguentamos coisas de mais, agora chegou a hora de agir!

— Mali? — minha colega de quarto, Lilian, a mascarada que fiz contato visual quando o soldado baixinho me arrastava até o quarto, diz saindo do pequeno banheiro do quarto.

— Boa tarde, Lilian. — aceno com a cabeça para a citada que retribui prontamente. — Você parece ter dormido bem.

— Só pareço mesmo. — suspira, colocando a roupa suja em um lugar no quarto. — Depois de dançar, tive que dar conta do cliente vip, ele acabou comigo. — levanta a sua blusa um pouco, me mostrando um roxo em sua barriga e eu arregalo os olhos.

Almost Perfect Crime | • Chaelisa (G!P) Onde histórias criam vida. Descubra agora