Eu não podia estar mais contente mesmo que junto com toda essa felicidade tenha uma onda gigantesca de ansiedade me possuindo mais forte que as músicas do Calipso fazem com a Joelma. Não é novidade alguma para as pessoas eu estar feliz, afinal de contas, todos me veem como um poço de felicidade, mas nada se compara a sensação de voltar para casa. Me mudei para a Austrália e fiz um intercâmbio que basicamente durou o meu ensino médio todo. Agora, finalmente estava de volta para meu país e para minha família.
Meu pai me esperava no estacionamento do aeroporto e não pude deixar de correr até ele quando o vi. Obviamente nos vimos nesse meio tempo do intercâmbio, mas a saudade nunca deixou de estar lá. No caminho para casa ele me contava sobre tudo que minha mãe e irmãs prepararam para minha volta, mas que eu devia fazer cara de surpresa para tudo como se nunca houvesse recebido o spoiler dele antes. Entrar em casa, sentir aquele cheiro delicioso do aromatizador que minha mãe utilizava depois de fazer uma boa faxina misturado com o cheiro do jantar que ela havia preparado fez com que eu me sentisse mais em casa do que nunca. Era a mesma casa afinal de contas, pouca coisa havia mudado por ali, mas a nostalgia e a saudade pareciam deixar tudo mais forte do que jamais foi.
Deixei minhas malas em frente a escada e todos corremos para a mesa para comer e conversar sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. A relação na minha casa sempre foi bastante amigável, do tipo que conseguimos nos comunicar como um grupo de amigos mesmo se tratando de pais e filhos. Depois do jantar, fomos para a sala de estar e tomamos um chá quente juntos enquanto ainda conversávamos sobre todas as novidades, mas dessa vez da vida alheia, já que das nossas não havia mais assunto. Dado 22 horas, meu corpo começou a amolecer e minha boca soltou um bocejo longo e manhoso.
– Meu neném! – minha mãe disse me olhando com ternura – Deve estar muito cansado, não?
– Tô sim, mamãe! Mas estou tão feliz de estar de volta que quase me esqueci do cansaço. – sorri para ela que sorriu de volta.
– Vá descansar, filho! Agora que está de volta, teremos muito tempo para ficarmos juntos novamente! – meu pai deu um tapinha em meus ombros e eu assenti logo me despedindo de todos.
Subi com as malas para meu quarto e as larguei no canto já que seria incapaz de desfazê-las agora. Entrei no banheiro, tomei um banho quente, mas bem rápido, coloquei meus pijamas e me larguei na cama macia de casal com fronhas limpinhas e cheirosas que minha mãe devia ter colocado para mim. Era bom estar de volta!
No meio da noite senti um pouco de calor e resolvi me levantar para abrir a janela que ficava ao lado da minha cama, assim dando de cara com a casa dos vizinhos. A janela a minha frente estava sem iluminação indicando que ele provavelmente não estava ali. Chan nunca dormia cedo, se não há ao menos uma leve iluminação vinda de uma televisão ou computador, deve ser porque ele realmente não está ali. A casa dos Bang sempre foi como uma segunda casa para mim, e Chan sempre foi o irmão que nunca tive. Era três anos mais velho que eu, mas sempre me tratou como igual. Íamos a mesma escola, ao mesmo treino de futebol, ao mesmo fliperama. Éramos inseparáveis, mas ao mesmo tempo que eu não queria sair de perto dele, foi por conta dele que eu decidi ir embora.
No final do meu Ensino Fundamental, enquanto Chan estava no segundo ano do ensino médio, vivendo sua vida sendo o garoto popular da turma, com várias garotas ao seu redor, eu não fui capaz de aceitar que estava apaixonado pelo meu melhor amigo. Achei que fosse melhor me afastar e ir para bem longe, pois descobrir que sou pansexual além de estar apaixonado pelo meu vizinho e amigo de infância foi desesperador. Além de me sentir errado e totalmente deslocado, eu ainda estava apaixonado por quem nunca corresponderia aos meus sentimentos e isso doía demais. Ele sempre me tratou muito bem e com muito carinho, mas saber que nunca passaria daquele amor fraternal que ele havia criado por mim, era um castigo à um pecado que eu estava cometendo.
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Músicas de Amor na Loja da Rua de Baixo | Changlix
FanfictionChangbin e Felix, dois jovens na faculdade, se conhecem melhor quando começam a trabalhar juntos na loja de discos de seu melhor amigo. Eles têm todos os motivos para não se darem bem, mas as músicas de amor que tocam na loja, fazem com que eles olh...