Capítulo 44

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– O que aconteceu? – pergunto impaciente.

– Eu vou ter que viajar! – meu namorado diz com uma feição conformada, mas chateado.

– Viajar? Como assim? Quando? – pergunto passando para o lado de trás do balcão e indo até ele que está sentado em um banco.

– Esse fim de semana. – ele responde segurando em minha mão – São meus pais!

– Mas seus pais não são ruins? Desculpa se isso é ofensivo, são seus pais! – digo.

– Não é ofensivo, é um fato! Eles são péssimos! – ele confirma.

– Mas... Mas do nada? Você tem mesmo que ir? – pergunto preocupado me aproximando dele.

– Sim, eu tenho! – ele responde baixando sua cabeça – Tentei me esquivar já, mas vou ter que ir!

– Você já é maior de idade, eles não podem te obrigar! – digo incisivo – Não vai, amor! Não vai! – peço levantando seu rosto com minhas mãos para que ele me olhasse – Eles são ruins pra você. Eu não quero que você vá!

– Eu sei, meu anjo! Eu também não quero ir, mas eu meio que preciso!

– Como assim precisa? – pergunto inconformado – Tenho certeza que tem uma maneira de você não ir! Eu posso te ajudar, a gente pode arranjar uma solução!

– Não, Felix! Olha, eu só... Se eu for, as coisas vão ser mais fáceis. Às vezes eu preciso ceder um pouco pras coisas não piorarem.

– Mas você não devia ser obrigado a ir! Eu não entendo! Por que você precisa...

– Felix! – Changbin me interrompe se levantando da cadeira onde estava sentado – Eu sei o que eu estou fazendo!

– Mas...

– Se eu estou fazendo é porque eu preciso fazer! – ele diz incisivo – Vai ser só um fim de semana e pronto!

– Por que você não me deixa ajudar? – questiono chateado – A gente podia pensar numa saída juntos. – faço ele suspirar com minhas palavras.

– Não tem muito o que se fazer, tá bom? Acredita em mim! – ele diz mais uma vez.

– Por que você não me conta sobre eles? Eu só sei que eles não são bons pais pra você e não te apoiam, mas até isso que eu sei eu não ouvi de você. Por que você não me diz nada?

– Porque eu não gosto de falar deles! E, sinceramente, a última coisa que eu quero pensar quando eu tô com você é neles.

– Mas eu sou seu namorado! – digo emburrado – A gente devia compartilhar as coisas. As boas e as ruins!

– Felix, por favor, chega desse assunto! – ele pede impaciente como se falasse com uma criança.

Fico magoado com a atitude dele e largo os salgados em cima do balcão para ir pros fundos. Lá coloco meu avental novamente e ouço a porta se abrir atrás de mim.

– Ei! – Changbin chama.

– Tenho que voltar a trabalhar! – digo voltando para a loja sem ao menos olhar para ele.

Passo pelo balcão e torço para clientes aparecerem para que ele não tentasse falar comigo agora. E, agraciado pelo divino, um casal de clientes entra na loja. Me dirijo até eles que parecem interessados em conhecer melhor o local, enquanto eu me sinto muito interessado em ocupar meu tempo com eles.

Eu entendo como o assunto é desconfortável pra ele, mas acho desnecessário ele esconder tanto. Ele não pode sequer desabafar sobre isso ou me explicar porque ele os odeia tanto? Tudo por que eles não apoiam o sonho dele de trabalhar com música? Muitos pais não apoiam o sonho dos filhos, o que é bem chato, mas muitos ainda são pais bons. Mas Changbin evita o assunto como se os pais dele cometessem crimes contra a humanidade. Ao mesmo tempo que ele me deixa curioso, ele me deixa bravo, pois muitas vezes soa como um suspense desnecessário.

Músicas de Amor na Loja da Rua de Baixo  | ChanglixOnde histórias criam vida. Descubra agora