Nada como férias para fazer uma pessoa se sentir um pouco livre da rotina, que mesmo não sendo das mais estressantes, ainda assim as vezes parece uma prisão particular. O Sol havia se posto há pouco tempo, então o céu ainda tinha uma coloração arroxeada com alguns traços de laranja escuro nele. Uma brisa gostosa tocava meu rosto e trazia o cheiro bom do verão que ainda estava no ar. Já era possível ouvir alguns bares tocando música, pessoas rindo e conversando alto na rua em que eu passava com Chan a caminho do cinema que ficava no fim da rua.
O cinema para o qual caminhávamos era um bem antigo da cidade, mas que havia sido restaurado há pouco tempo, não modificando o conceito dos anos 60 no qual ele foi erguido. Nunca havia ido até aquele cinema justamente por ele ser tão antigo, mas Chan disse ter um amigo que anda trabalhando ali e que ele conseguia colocar pessoas para dentro sem que ninguém visse, ou seja, filme de graça! Por conta disso, nós conseguimos ótimos lugares para assistir o filme dos Vingadores que havia acabado de sair.
Andávamos em silêncio por um momento, pois Chan estava com seus fones de ouvido ouvindo algum projeto que ele devia estar produzindo e queria continuar analisando para mais tarde finalizá-lo. Chan trabalha 24/7, nunca descansa, mas chega a ser inspirador já que esses projetos em particular eram pessoais, ou seja, ele amava demais aquilo para largar mesmo quando não fosse para a faculdade. Ou seria um caso de obsessão?
– Você não vai largar isso mesmo? Nem parece que tá com saudades de mim. – fiz um biquinho caçoando da cara dele.
– Oh meu Deus, ele tá carente! – ele brincou de volta e agarrou minha cabeça a puxando para si enquanto fazia barulhos que provavelmente apenas seriam entendidos por vidas não inteligentes.
– Me solta, seu amor dói! – disse rindo.
– Você anda reclamando demais para o raiozinho de sol que você costumava ser. – ele constatou finalmente guardando seus fones de ouvido.
– Eu acabei de voltar, me dá um desconto!
– Vou dar...assim que entrarmos no cinema e o filme começar, aí eu vou até me esquecer de que você existe.
– Se eu quiser sair pra ir ao banheiro, eu vou fazer questão de passar na sua frente a 0,00001 quilômetros por hora.
– Vai levar um tapão no rabo se tu fizer isso!
– Você bateria mesmo no patrimônio cultural australiano que é o meu bumbum? – questionei fazendo meu amigo gargalhar.
– Você passou três anos lá e já denomina seu bumbum como australiano?
– Você tem inveja, porque esse seu rabo seco não é internacional! – Chan gargalhou novamente e logo indicou com as mãos que havíamos chegado ao cinema.
Chegando no local, notamos como ele estava realmente lotado. A fila na bilheteria era gigante, assim como a fila da pipoca e a fila da sala. Eu ía entrar pela porta da frente, mas Chan me puxou pelo casaco para que fossemos para o beco do lado do cinema, enquanto digitava algo em seu celular. Esperamos por alguns segundos até que uma porta se abriu e por ela passou um menino um pouco mais baixo que eu, de cabelos pretos e com uniforme vermelhinho.
– Melhor amigo! – Chan comemorou e correu para abraçar o garoto.
– Agora eu sou seu melhor amigo, né? – o menino riu enquanto abraçava o MEU melhor amigo de volta.
– Eu estou sendo traído, é isso mesmo? – disse me aproximando com a melhor expressão dramática que fui capaz de fazer.
– Opa... – Chan disse fingindo surpresa antes de entrar saltitando e rindo pra dentro do cinema.
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Músicas de Amor na Loja da Rua de Baixo | Changlix
FanfictionChangbin e Felix, dois jovens na faculdade, se conhecem melhor quando começam a trabalhar juntos na loja de discos de seu melhor amigo. Eles têm todos os motivos para não se darem bem, mas as músicas de amor que tocam na loja, fazem com que eles olh...