Capítulo 8

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– O que você quis dizer com isso? – questionei tentando não deixar a indignação transparecer na minha voz.

– Não se faz de sonso! – Changbin respondeu finalmente me olhando, o olhar afiado – Você sabe que ele deixa você fazer o que quiser e ainda bate palmas.

– Isso não é verdade!

– Ah não? – ele ergueu a sobrancelha – Quer saber? Foda-se! Vai embora logo!

– Eu não sei porque você me odeia tanto! – disse sem pensar – Eu nunca fiz nada contra você, pelo contrário, eu ainda tento fazer você gostar de mim, pra sermos amigos e você fica com essa cara de quem comeu e não gostou.

– Ah, me desculpa! É que é bem difícil pra mim fazer amizade com quem eu não confio.

– Você não confia em mim? Por que você não confia em mim? Eu não fiz nada pra você... Ah, não me diga que é por causa de Chan!

– Sim! – sua expressão fez parecer como se isso devesse ser óbvio.

– O quão infantil você tem que ser pra ter ciúmes de amigo?

– Que? Eu não tenho ciúmes de Chan?

– Por que seria então? Por que não confiaria em mim por causa dele? – minha voz começava a falhar, pois eu começava a me sentir nervoso com a discussão.

– Porque você simplesmente fez a melhor pessoa que eu conheço sofrer! – ele respondeu elevando o tom de sua voz.

Fiquei paralisado sem saber como reagir àquilo. Como eu poderia responder? Eu sei do que ele está falando, mas acho que parte de mim não quer aceitar o que ele disse. Eu fiz Chan sofrer? Foi pra tanto? O que exatamente fez Changbin falar com tanta convicção sobre um assunto do qual eu nem imaginava que ele tinha noção?

– Você foi embora e fez ele se sentir péssimo. Você abandonou ele e cortou relações com ele depois de anos de amizade. Ele sofria muito por conta disso, carregando uma culpa que eu tenho certeza que não era dele. – ele explicou como se já soubesse da minha confusão interna – Como alguém que você considera tão próximo simplesmente vai embora assim?

– Eu tive meus motivos! – disse com a voz tremida tentando segurar o choro preso em minha garganta.

– Independente de quais sejam os motivos eu tenho certeza que não são bons os suficientes pra ter feito isso com o cara mais legal que eu já conheci na minha vida!

– COMO VOCÊ PODE SABER? HEIN? É TÃO FÁCIL PRA VOCÊ JULGAR ISSO NÃO É? VOCÊ NÃO FAZ IDEIA DE QUEM EU SOU E NEM DEU CHANCES DE DESCOBRIR ISSO E AINDA QUER JULGAR SE MEUS MOTIVOS ERAM BONS O SUFICIENTE OU NÃO? – gritei o surpreendendo.

– Pode ser! Pode até ser que eu esteja sendo um otário fazendo isso. Mas não me culpe por tomar as dores de uma das pessoas mais importantes pra mim!

– Claro, você pode julgar a vontade aqui, mas eu devo me abster disso. Você não sabe como Chan é importante pra mim também e como foi dolorido pra mim ir embora.

– Eu duvido que seja. Afinal, você foi...

– COMO EU DISSE... – gritei o interrompendo enquanto já sentia lágrimas caírem pelas minhas bochechas – Eu tive meus motivos. Eu me senti horrível por ter sumido, mas eu estava no pior momento da minha vida. Talvez não tenha sido a melhor decisão ter fugido daqui, mas eu tinha 14 anos e na época foi o melhor que eu poderia pensar em fazer.

Changbin ficou me olhando em silêncio como se esperasse por uma continuação, quase como se esperasse que eu finalmente contasse para ele os meus motivos. Mas eu não faria isso de jeito algum. Se não fui capaz de contar para Chan que é a quem eu realmente deveria algum tipo de explicação, coisa que ele nunca me pediu, não será para Changbin que justificarei algo.

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