Horas e horas, talvez até dias, se passam e continuo do mesmo jeito. Estou deitada no chão, largada como um bicho, abandonada a minha própria sorte com a única coisa que ainda me agarra em vida que é a esperança de ter meus filhos em meus braços. Até agora não os vi e penso se um dia os verei de novo.
Como as coisas podem ter mudado seu rumo tão bruscamente?
Minha ingenuidade passou dos limites. Vittor só queria me proteger de mim mesma, e era o certo a se fazer, todavia, como sempre aconteceu, interpretei errado os sinais que me foram passado. Achei que ficar presa um dia inteiro em casa foi o limite que ele chegaria. Errei e sei que estou pagando por isso.
" Tenho lembranças, agora bem mais vagas, dos dias que passamos em minha casa. De chegar no cineminha dos meus filhos e encontrar minha princesa deitada sobre o seu rei para assistir seus repetidos vídeos de princesas encantadas da Disney, como se ele fosse um colchão macio. Ao lado dele Heitor esparramado sobre o braço do pai, assim como Dylan, todos muito bem acomodados e sorridentes.
Vittor sempre teve paciência com nossos filhos. Seu cuidado desmedido para com eles era inquestionável. Isso porque em muitas vezes o ouvi dizer que não havia nascido para ser pai. Ao pensar nisso, me recordo do nascimento dos nossos bebês e de seus olhos apaixonados ao pegar Heitor em seus braços e lhe cortar o cordão umbilical. Mesma coisa aconteceu com Vittoria que arrancou de meu marido lágrimas desenfreadas.
Naquele momento, naquele exato momento, ele prometeu aos filhos que lhes daria a própria vida se fosse necessário. Vida essa que eu tirei covardemente por não o ouvir. Por meu apavoramento e falta de confiança no único que fez mais do que qualquer outra pessoa poderia fazer. Eu sinto amargamente por tudo que lhe fiz, meu amor!"
- Passou a falar sozinha agora, cubana? - A voz do meu carrasco ecoa no ambiente, mas não faço questão de olhá-lo. Por suas palavras percebo que mais uma vez estava pensando alto. Falando em voz alta com o intuito de ser ouvida, mas por quem? - Seu marido não vai ouvir o que tem a dizer por que você lhe tirou a vida. - Não lhe respondo, apenas deixo minhas lágrimas voltarem a escorrer pelo meu rosto. - Fale alguma coisa, sua puta! - Sinto uma dor horrível em minhas costas pelo chute que acabo de receber.
- Me mata logo, miserável! -Digo irritada.
- Desistiu dos seus filhos? - Indaga em um tom de deboche. - Todo esse esforço que foi feito, matou seu próprio marido por eles e agora quer desistir deles? - Fala e fecho meus olhos absorvendo suas palavras. - Isso é no mínimo broxante.
- Foda-se! Eu não ligo para a sua opinião. E sei bem que você não me trará eles, também não me quer para nada já que disse que estou estragada. Com isso, eu não sei se tenho alguma serventia para você aqui. Mate-me e me deixe ir para o inferno em paz!
- Acha que vai para o inferno? - Ele estala a língua algumas vezes. - Eu acho que não, cubana. Acredito que terá um assento especial no céu das ruas de ouro, bem ao lado de vários anjinhos por ter feito o que qualquer mafioso adoraria fazer, mas jamais conseguiu. Exceto seu amante William que chegou bem próximo disso, mas também falhou miseravelmente. - Sorri em escárnio. - Você matou um dos homens mais fodas que já existiu. Também um dos mais difíceis de se aproximar, mas você fez! Merece uma salva de palmas! - Bate a mão uma na outra debochando da minha situação.
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SALVA-ME vol III (Concluído)
RomanceA última parte da história de Emilly e Vittorio mostrará se realmente o amor pode superar tudo. Os protagonistas, que já passaram por diversas e perigosas situações, terão de enfrentar o maior inimigo que poderiam ter: A rotina no casamento. Será q...